É amiga, o ano novo tá aí... todo mundo querendo festejar... eu não sei, mas eu nao estou completamente bem saca? Saco. Não queria que isso atrapalhasse. Mas vc ja sentiu esse sentimento de não conseguir sair de um momento ruim consigo, por mais que vc queira? Sentimento de tristeza, de desamor. Vontade de ver algum sentido nas coisas, um sentido que me motive a ficar bem. Me sinto burro, como se nunca conseguisse fazer nada certo, por não saber o que fazer. Minha vida está num eterno clima de recomeço, mas parece que nada realmente começa! E eu me sinto cada vez mais só. Nesse ano novo eu não espero nada além do mais importante que é se desprender dos vícios, se desprender do egoísmo e da estupidez. Talvez, se eu não estivesse tão fechado dentro de mim mesmo, essa busca seria mais facil. Mas pra mim é muito díficil me abrir, sei lá, não entendo muito bem de onde vem esse medo. Preciso parar de querer as coisas e descobrir, com a minha própria inteligência, uma forma de fazer as coisas acontecerem. Mas como é que se faz isso? É díficil, tem que vencer o muito sofrimento envolvido com deixar para trás uma parte de você que óbviamente não se adequa mais, e precisa muito se transformar para melhor. Para ganhar é preciso também saber perder. Para se ganhar amor, felicidade e satisfação, é preciso saber perder a vergonha, o egoísmo, as paixões ilusórias, as preocupações mundanas com coisas que não te levarão para lugar algum, como por exemplo os vícios, os sentimentos extremos (ciume, raiva, ódio, paixão, medo). São essas as coisas que realmente importam pra mim. E isso foi só um desabafo. Mas eu escrevi porque eu gosto de pensar posso confiar para você os pensamentos de dentro de mim. Espero que não se importe. Te vi aquela hr mó rapido e nao deu p conversar. Mas eu só precisava compartilhar isso... AH! o seu presente ficou lindo do meu quarto!! combinou com tudo! bjooooo
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
Cílios ílios lios ios os s
Seria mais justo se eu perguntar de que vale o dia e a noite sem o romance? Enquanto isso eu causo ao meu corpo danos incríveis. Meu suicídio é constante e diário, vem em pequenos pacotes com vinte unidades. Morro. Não porque eu goste, mas isso me aproxima de qualquer coisa mais semelhante à não-vida.
Muitos amores, mas somente uma paixão. E por ela sou capaz de cometer atrocidades, nunca contra ela, sempre contra mim mesmo. Imagine uma canção onde eu possa dizer tudo que sempre quis que soubesses. Gostaria de ouvi-la? Pois bem. Ouça. Veja sua exuberância! Ah! O silêncio é mesmo a música mais completa que existe.
Sombras do universo. Anéis de fogo soprando galáxias. Estômagos de peixe flutuando por cantos ateus desse mar tão profundo, parem todos! Ouçam a minha música! Meu silêncio! Acredite, creio que nunca foi tão doloroso compor algo assim. E nem tente apertar o botão de emergência. Essa música não pode nunca ser finalizada. Ela prossegue como o tempo em nossas mãos. Como o tempo que nos encara todas as manhãs, a olhar pelo espelho.
Meu coração derrama notas suaves de uma beleza madura sobre você, como gemas de seiva bruta. Será que um dia poderás perceber? Elas percorrem teus cabelos negros, descem por tua nuca branca, acariciam o centro de teu peito macio e quente, e ficam dando voltas e voltas em torno de teu umbigo elevado.
Precioso instante do qual me orgulho. Minha música silenciosa alcança os teus dedos do pé e finalmente morre. Morre na terra. Renasce na forma de um fruto doce de qualquer árvore em teu quintal.
Não peço mais nada, além de teu rosto em lágrimas. Se para te convencer que tudo isso é verdade eu tivesse que laçar a lua e trazê-la um pouco mais próximo de tua janela, assim o faria. Mas o quê eu realmente posso fazer? O desamor dói em mim, porque toda minha sinceridade fere a tua carne com tanta força, que quanto mais eu grito aos ventos: “Eis meu coração! Tome-o com suas mãos e aperte-o contra o seu! Você verá que não minto!”, quanto mais eu quero-te viva e sorrindo, mais distante seus órgãos se vão de mim.
Se nada é possível nesse mundo em favor da minha verdade, resta-me o lento suicídio, cheio de romance e de profundas amarguras ao sol da meia-tarde.
Lágrima, fumaça, poesia, silêncio. Estou em casa, mas este não sou eu, talvez. Talvez este seja um eu que não mais quero que exista aqui do lado fora. Do lado de fora, apenas quero não querer. Estou pronto para ver todos os filmes mais tristes e trágicos, sozinho.
Estou pronto para correr numa estrada florida, com aroma de cevada e trigo em cavalgada com a brisa. Estou pronto para morrer atropelado por um meteoro em chamas. Mas este não sou eu.
Muitos amores, mas somente uma paixão. E por ela sou capaz de cometer atrocidades, nunca contra ela, sempre contra mim mesmo. Imagine uma canção onde eu possa dizer tudo que sempre quis que soubesses. Gostaria de ouvi-la? Pois bem. Ouça. Veja sua exuberância! Ah! O silêncio é mesmo a música mais completa que existe.
Sombras do universo. Anéis de fogo soprando galáxias. Estômagos de peixe flutuando por cantos ateus desse mar tão profundo, parem todos! Ouçam a minha música! Meu silêncio! Acredite, creio que nunca foi tão doloroso compor algo assim. E nem tente apertar o botão de emergência. Essa música não pode nunca ser finalizada. Ela prossegue como o tempo em nossas mãos. Como o tempo que nos encara todas as manhãs, a olhar pelo espelho.
Meu coração derrama notas suaves de uma beleza madura sobre você, como gemas de seiva bruta. Será que um dia poderás perceber? Elas percorrem teus cabelos negros, descem por tua nuca branca, acariciam o centro de teu peito macio e quente, e ficam dando voltas e voltas em torno de teu umbigo elevado.
Precioso instante do qual me orgulho. Minha música silenciosa alcança os teus dedos do pé e finalmente morre. Morre na terra. Renasce na forma de um fruto doce de qualquer árvore em teu quintal.
Não peço mais nada, além de teu rosto em lágrimas. Se para te convencer que tudo isso é verdade eu tivesse que laçar a lua e trazê-la um pouco mais próximo de tua janela, assim o faria. Mas o quê eu realmente posso fazer? O desamor dói em mim, porque toda minha sinceridade fere a tua carne com tanta força, que quanto mais eu grito aos ventos: “Eis meu coração! Tome-o com suas mãos e aperte-o contra o seu! Você verá que não minto!”, quanto mais eu quero-te viva e sorrindo, mais distante seus órgãos se vão de mim.
Se nada é possível nesse mundo em favor da minha verdade, resta-me o lento suicídio, cheio de romance e de profundas amarguras ao sol da meia-tarde.
Lágrima, fumaça, poesia, silêncio. Estou em casa, mas este não sou eu, talvez. Talvez este seja um eu que não mais quero que exista aqui do lado fora. Do lado de fora, apenas quero não querer. Estou pronto para ver todos os filmes mais tristes e trágicos, sozinho.
Estou pronto para correr numa estrada florida, com aroma de cevada e trigo em cavalgada com a brisa. Estou pronto para morrer atropelado por um meteoro em chamas. Mas este não sou eu.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Weekend
Uma noite qualquer você acorda no meio do silêncio, enquanto todos os desconhecidos que vivem próximo dormem profundamente, e um aroma de uísque ao som das cordas do violão de Bob Dylan te convidam para uma pesca num enorme lago de imagens recortadas. Ao olhar para as imagens eu tiro minhas conclusões sobre as infinitas situações que posso simular com as montagens livres. Nesse segundo, vem uma voz que sussura, Teu peito largo não pode carregar o peso de outro peito, de uma forma ou de outra, no final das contas, um homem velho vem aí. Deveria isso ser uma preocupação de idade? Teus lençois tem a aparência de um rosto em chamas, e o sol nada na praia de teus ouvidos, debruçados na janela. Deveria eu classificá-la por idade? Que outra idade conquistaria o tempo desta forma? Em que tempo saberemos como funcionam as palavras que proferimos e que são como nuvens que nos ventos balbuciam um som triste? Um coro de anjos mortos que simpatizam com a nossa frágil vigília. Desejaria eu que você decida-se pela culpa de cada um em crer não ter culpa? Eu posso te levar para as terras da percurssão de um coração há muito parado no ritmo da dança. Teus parceiros, por sua vez, receberão o prêmio em ouro. Pois eu posso ajudar a todos eles por um bom punhado de ouro, e por um bom vinho para beber. Você crê que é isso que destroi você? O sentimento cresce silencioso. Talvez o caminho certo esteja na cinemateca holandesa da esquina. Se um dia quiser dar-me teu blues, me será fantasiosa a sensação de não precisar usar sapatos, ou alimentar-me. Tome todo o meu direito, dê-me todo o teu amor. Você é uma vaca, quero todo o teu leite. Não faço parte da tua festa, mas eu vou até o lado de fora e você vem por alguns minutos, o que acha? Por que eu deveria alimentar a lenha da fornalha que deve ser esse lugar aí que você vive? Poderia seu corpo ouvir-me brilhoso. Já percebeu como todas as canções de amor são ridículas? A linha para costurar estes continentes-copos-de-bebida são pintados nesse quadro como beijos, que voltam ao negro e dizem "Eu disse a verdade, porque você não diz?" Blues. Daria uma grande canção. One more weekend.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Guilhotina
Minha poesia encontrou-se com a guilhotina.
A vida é a lâmina.
Preciso resgatar minhas cortinas.
É imprescindível não morrer ainda, ou morrer.
No entando, você é fria.
Fria como a chuva.
Serena como a escuridão
Manchada de ilusão turva.
Estou com a juba amarrada,
Sóbria e loucamente, aos meus pés.
Vou no lombo dessa mula arrasada.
Cabeça de poesia decepada.
Arco de emoções desamparadas.
Meu sapato já é cansado de caminhar.
Vago sozinho por esta jornada,
Desejando sozinho não estar.
A vida é a lâmina.
Preciso resgatar minhas cortinas.
É imprescindível não morrer ainda, ou morrer.
No entando, você é fria.
Fria como a chuva.
Serena como a escuridão
Manchada de ilusão turva.
Estou com a juba amarrada,
Sóbria e loucamente, aos meus pés.
Vou no lombo dessa mula arrasada.
Cabeça de poesia decepada.
Arco de emoções desamparadas.
Meu sapato já é cansado de caminhar.
Vago sozinho por esta jornada,
Desejando sozinho não estar.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Na poeira da brisa
Ó dia! Bem vindo. Mais uma vez aqui estamos para narrar a saga que acontece por todos os lados, desde a hora que o Sol se deita até quanto se levanta, o Sol! Sol! Chamei pela janela uma brisa que despertou todas as fibras dos músculos de minha face, enquanto eu beijava a sua carne de modo estranhamente familiar, porém incomum.
Eu mesmo não sabia que a tua órbita ocular sua poderia ser o ponto final de uma frase por mim proferida, que está apenas no início de fazer algum sentido. O pianista nega a palavra pronunciada nos átrios da incorporação dominante da minha mente solitária dentro da mente de quem lê minhas palavras. Eu mesmo não pude acreditar quando uma desconhecida me disse um dia que reconhecia o Eric Satie que ouvia nos altos falantes de meu assobio simples.
A mão é a minha melhor ferramenta, pois com ela eu posso aprender a me virar no oceano, socorrer uma pessoa de uma situação perigosa, e me deleitar sobre as teclas de um piano de cauda longa, tão longa que não há frequencia de nota que fique de fora. A sinfonia é completa e tão paralela ao vazio de palavras em meu vocabulário, que por isso falo pouco, prefiro ouvir, poderia ouvir por toda a minha vida, mas nunca falar.
A minha cama é uma armadilha. Quero fugir daqueles lençóis que me trouxeram raros aromas de teu corpo flamejante e inverossímil, pois não é que revirei meus joelhos e espanquei a madeira de minha cama, como se estivesse atado por linhas sombrias de aço, e um leme de barco pesqueiro me buscou para um passeio sobre as monções do Nepal e os vulções da Etiópia.
Pobre de mim, virei nuvem também. Eu era o peixe. O barco, mesmo com o coração partido, não poderia mais abrigar minha vida, pois de agora em diante somos inimigos. Lá do alto do universo, eu despedaçei cada centímetro do meu corpo e ofereci de alimento para as senhoras curandeiras que vivem nos rochedos, perto das franjas do mar.
No entando, meu último suspiro serviu para acordá-las e se encaminharem para o lado de fora da caverna. Ao meu sopro final, as roupas floridas no varal sacudiram e finalmente a aventura terminou nos cocos partidos que clamei para saciar a fome e a sede. Já estou de partida, vou de carona na poeira da brisa.
Eu mesmo não sabia que a tua órbita ocular sua poderia ser o ponto final de uma frase por mim proferida, que está apenas no início de fazer algum sentido. O pianista nega a palavra pronunciada nos átrios da incorporação dominante da minha mente solitária dentro da mente de quem lê minhas palavras. Eu mesmo não pude acreditar quando uma desconhecida me disse um dia que reconhecia o Eric Satie que ouvia nos altos falantes de meu assobio simples.
A mão é a minha melhor ferramenta, pois com ela eu posso aprender a me virar no oceano, socorrer uma pessoa de uma situação perigosa, e me deleitar sobre as teclas de um piano de cauda longa, tão longa que não há frequencia de nota que fique de fora. A sinfonia é completa e tão paralela ao vazio de palavras em meu vocabulário, que por isso falo pouco, prefiro ouvir, poderia ouvir por toda a minha vida, mas nunca falar.
A minha cama é uma armadilha. Quero fugir daqueles lençóis que me trouxeram raros aromas de teu corpo flamejante e inverossímil, pois não é que revirei meus joelhos e espanquei a madeira de minha cama, como se estivesse atado por linhas sombrias de aço, e um leme de barco pesqueiro me buscou para um passeio sobre as monções do Nepal e os vulções da Etiópia.
Pobre de mim, virei nuvem também. Eu era o peixe. O barco, mesmo com o coração partido, não poderia mais abrigar minha vida, pois de agora em diante somos inimigos. Lá do alto do universo, eu despedaçei cada centímetro do meu corpo e ofereci de alimento para as senhoras curandeiras que vivem nos rochedos, perto das franjas do mar.
No entando, meu último suspiro serviu para acordá-las e se encaminharem para o lado de fora da caverna. Ao meu sopro final, as roupas floridas no varal sacudiram e finalmente a aventura terminou nos cocos partidos que clamei para saciar a fome e a sede. Já estou de partida, vou de carona na poeira da brisa.
Eutanásia
Pare!
A pausa
Pede!
(ritmo lento)
Decida-se!
Cão
Covarde!
Todos
A postos,
Marujos!
(TODOS A POSTOS!)
a Nau
Perecerá
Ao som
De minhas
Garrafas de
Cianureto!
(Coragem)
Espero que seja,
Minha pobre
Morte,
Eficiente.
(Eutanásia)
Partindo
Vai o
Navio.
Velas aos
Ventos!
Larguei a
Mão do
Tempo.
(Fim)
A pausa
Pede!
(ritmo lento)
Decida-se!
Cão
Covarde!
Todos
A postos,
Marujos!
(TODOS A POSTOS!)
a Nau
Perecerá
Ao som
De minhas
Garrafas de
Cianureto!
(Coragem)
Espero que seja,
Minha pobre
Morte,
Eficiente.
(Eutanásia)
Partindo
Vai o
Navio.
Velas aos
Ventos!
Larguei a
Mão do
Tempo.
(Fim)
meu coração feio
Onde está você que não me vê? A tristeza continua minha parceira. Eu digo coisas sobre o que entendo, mas eu mesmo não as vejo. Mais do que nunca o palhaço percebeu que não possui amor. De fato, não o tenho. Estou sozinho e afastado de tudo. Faz frio. Faz vontade de viver. Parece sempre que não sou o suficiente, para mim? Para você? Algo sempre te afasta de mim. Eu, humildemente, apenas quero ficar perto do quente de teu sangue, só para comprovar que há vida ali. Por mais que eu tente evitar, sofro sem amor. Esta é razão do meu abandono triste nesta noite. Sinto saudade. Ouço música. Anestesio tristemente meu coração feio.
domingo, 13 de dezembro de 2009
Um pouco de Fluxo (In)consciente
... Esta noite eu quis te despertar de um pesadelo horrível. Eu também vivia o pesadelo. Quase pude ver as gotículas de suor escorrerem em seus cabelos. Eu pensei tanto em você que, mesmo a uma distância de infinitos anos-luz, quis acordar você daquele sonho turvo, incerto. Já vou indo, até mais...
... E tem início a orquestra. O clarinete assumiu como o flagelo principal de uma estrofe encantadora, mas a tuba... A TUBA, berrou até o último expectador sentado no alto de uma montanha do polar antártico que parasse de pensar, sentir, sentir os ramos do quadro pintado por todas as mãos que conduzem os violinos incessantes, como escarros, como pedras fluindo no vagar da imensidão cristalina de textura exatamente igual aos tímpanos que perfuram o cérebro do maestro flácido, de gênero semelhante ao acordeon que surpreendeu a todos os compositores clássicos que adormecem hoje no mais agudo espinho da roseira mais fria, tão fria que seus espinhos e dedos começaram a dançar numa frenética espontaneidade de movimentos, distantes e sozinhos em suas respectivas covas, uma na Espanha, outra nas ilhas pacíficas do continente nórdico, outras no vácuo do caminho entre a teia negra e impalpável do espirito de cada músico daquela orquestra vazia e imensamente completa...
...Eis que sim, pois não! Ora, ora ,ora não te preocupes, ninguém canta mais às bordas do albatroz angustiado por sua inteira vida, vida tola de brancura que nem mesmo seus bicos dourados poderão fazer calar, num infinito propagado de cores e sick blues de mortes negras às margens do rio mississipi down to new orleans, onde foram criados mudos, os dedos de hank willians ou as cordas de tripa vocais de robert johnson que escapam numa sombra internada sobre imensos olhares de peixe morto dentro de um caixão podre e mal acabado. Tanto melhor se o sopro de minha mente puder fluir dessa forma para que o céu azul torne-se um pretexto que minh'alma se aposse de fel e carne de lobo, para enxergar melhor o albatroz e o cordeiro do pastor, que se chama meus pés!...
...e mal dissimulado! BEM DISSIMULADO! Um "bend" simulado, nas mãos de um jazz man...
...primeiro, PARA! Eu quero descer. Deste momento em diante, narro o tocar de meus pés na água de fogo para guiar minha canoa de gengibre entre os afluentes mecânicos que surgiam durante todo o meu dia, sobre esta aventura terrivelmente simbólica e imprudentemente absurda! Pois que se faça o vento, bem-te-vi voador que avoa o maior voo que é capaz de experimentar. Pois no caminho a mente decide se perder, e tão de repente, o passarim é esquecido pelos raios de água turva que brotava como anêmonas e traiam as más digestões de todos os sapos cantores e seus compatriotas severinos brócolis, filhos de um homem cabra-da-peste, homem de mar pra lá das veredas desse universo preto, encima das cabeças de quem quiser olhar para ele, junto a foz do riacho mais distante no oceano imenso que é a loucura do gafanhoto pregado nas armas dos olhos da pílula cega e morteira, nas cozinhas do patrão demoli meu coração de alho macerado em oliva fresco...
... Hoje meus sons que dão, que dizem que não dão, doaram junto ao Dom com seu dedão, e darão muito mais amanhã, boa noite!...
...Instantaneidade, estou em jejum! Espere! Lá vem ele, está escorrendo em minha língua, oh, sim! Um pouquinho de leite, meia colher de chá de açúcar! Ah! Que sensação maravilhosa! Parece que engoli uma pedra, não descarto os cristais de terra agregados. Meu corpo, nesta manhã, o trato como lentes de um endoscópio preciso. Queria cortar esses glóbulos de vômito e dor que estão gemendo dentro de mim... seria melhor um murro na vesícula biliar...
... Rápido! Rápido! Preciso sair daqui! É preciso que me levante antes que a hora chegue. Se ele entrar por aquela porta, eu estarei completamente perdido! Não poderei mais, não posso mais... ele é escuro, tão líquido que por meu esôfago escorrem, para minha surpresa, ácidos e cabeças de parafusos transtornados. NÃO POSSO MAIS! TIRE ESSE CAFÉ DAQUI, que loucura que é a inteira fluência daquele pó amargo e encantador, irmão da fumaça, filho da razão e estimulante corporal sem comparações com qualquer espécie de erva que se toma quente...MAS CHEGA! NÃO POSSO VER ELE ENTRAR! Aquele rapaz breve e com sorriso ameno, como se não nutrisse nenhuma mal intenção, todas os dias, nesse mesmo tempo, se aproxima no auge de minha fome, quando nada há em meu estômago além de poucos resíduos e fluidos metafísicos, dos quais o sabor, de fato, não aprecio. Então, se eu tomo, é como se uma flor marrom nascesse no interior de um deserto africano e uma enorme bola de fogo tragasse meu interior pelo avesso. Ó meu deus, lá vem ele, eu posso ouvir os passos de rapaz, eu posso ouvir as xícaras estalando na bandeja, posso sentir o cheiro do leite em pó e a secura do açúcar cristal. E lá dentro, lá no interior daquele bule lindo, com iniciais da nação gravadas como úlceras, o mergulho para o inferno se desloca como marés selvagens que chocam suas ondas vespertinas sobre rochedos. Preciso fugir agora! Estou indo! Lá vem ele! Não!...
... E tem início a orquestra. O clarinete assumiu como o flagelo principal de uma estrofe encantadora, mas a tuba... A TUBA, berrou até o último expectador sentado no alto de uma montanha do polar antártico que parasse de pensar, sentir, sentir os ramos do quadro pintado por todas as mãos que conduzem os violinos incessantes, como escarros, como pedras fluindo no vagar da imensidão cristalina de textura exatamente igual aos tímpanos que perfuram o cérebro do maestro flácido, de gênero semelhante ao acordeon que surpreendeu a todos os compositores clássicos que adormecem hoje no mais agudo espinho da roseira mais fria, tão fria que seus espinhos e dedos começaram a dançar numa frenética espontaneidade de movimentos, distantes e sozinhos em suas respectivas covas, uma na Espanha, outra nas ilhas pacíficas do continente nórdico, outras no vácuo do caminho entre a teia negra e impalpável do espirito de cada músico daquela orquestra vazia e imensamente completa...
...Eis que sim, pois não! Ora, ora ,ora não te preocupes, ninguém canta mais às bordas do albatroz angustiado por sua inteira vida, vida tola de brancura que nem mesmo seus bicos dourados poderão fazer calar, num infinito propagado de cores e sick blues de mortes negras às margens do rio mississipi down to new orleans, onde foram criados mudos, os dedos de hank willians ou as cordas de tripa vocais de robert johnson que escapam numa sombra internada sobre imensos olhares de peixe morto dentro de um caixão podre e mal acabado. Tanto melhor se o sopro de minha mente puder fluir dessa forma para que o céu azul torne-se um pretexto que minh'alma se aposse de fel e carne de lobo, para enxergar melhor o albatroz e o cordeiro do pastor, que se chama meus pés!...
...e mal dissimulado! BEM DISSIMULADO! Um "bend" simulado, nas mãos de um jazz man...
...primeiro, PARA! Eu quero descer. Deste momento em diante, narro o tocar de meus pés na água de fogo para guiar minha canoa de gengibre entre os afluentes mecânicos que surgiam durante todo o meu dia, sobre esta aventura terrivelmente simbólica e imprudentemente absurda! Pois que se faça o vento, bem-te-vi voador que avoa o maior voo que é capaz de experimentar. Pois no caminho a mente decide se perder, e tão de repente, o passarim é esquecido pelos raios de água turva que brotava como anêmonas e traiam as más digestões de todos os sapos cantores e seus compatriotas severinos brócolis, filhos de um homem cabra-da-peste, homem de mar pra lá das veredas desse universo preto, encima das cabeças de quem quiser olhar para ele, junto a foz do riacho mais distante no oceano imenso que é a loucura do gafanhoto pregado nas armas dos olhos da pílula cega e morteira, nas cozinhas do patrão demoli meu coração de alho macerado em oliva fresco...
... Hoje meus sons que dão, que dizem que não dão, doaram junto ao Dom com seu dedão, e darão muito mais amanhã, boa noite!...
...Instantaneidade, estou em jejum! Espere! Lá vem ele, está escorrendo em minha língua, oh, sim! Um pouquinho de leite, meia colher de chá de açúcar! Ah! Que sensação maravilhosa! Parece que engoli uma pedra, não descarto os cristais de terra agregados. Meu corpo, nesta manhã, o trato como lentes de um endoscópio preciso. Queria cortar esses glóbulos de vômito e dor que estão gemendo dentro de mim... seria melhor um murro na vesícula biliar...
... Rápido! Rápido! Preciso sair daqui! É preciso que me levante antes que a hora chegue. Se ele entrar por aquela porta, eu estarei completamente perdido! Não poderei mais, não posso mais... ele é escuro, tão líquido que por meu esôfago escorrem, para minha surpresa, ácidos e cabeças de parafusos transtornados. NÃO POSSO MAIS! TIRE ESSE CAFÉ DAQUI, que loucura que é a inteira fluência daquele pó amargo e encantador, irmão da fumaça, filho da razão e estimulante corporal sem comparações com qualquer espécie de erva que se toma quente...MAS CHEGA! NÃO POSSO VER ELE ENTRAR! Aquele rapaz breve e com sorriso ameno, como se não nutrisse nenhuma mal intenção, todas os dias, nesse mesmo tempo, se aproxima no auge de minha fome, quando nada há em meu estômago além de poucos resíduos e fluidos metafísicos, dos quais o sabor, de fato, não aprecio. Então, se eu tomo, é como se uma flor marrom nascesse no interior de um deserto africano e uma enorme bola de fogo tragasse meu interior pelo avesso. Ó meu deus, lá vem ele, eu posso ouvir os passos de rapaz, eu posso ouvir as xícaras estalando na bandeja, posso sentir o cheiro do leite em pó e a secura do açúcar cristal. E lá dentro, lá no interior daquele bule lindo, com iniciais da nação gravadas como úlceras, o mergulho para o inferno se desloca como marés selvagens que chocam suas ondas vespertinas sobre rochedos. Preciso fugir agora! Estou indo! Lá vem ele! Não!...
... E se inicia a orquestra. O clarinete assumiu como o flagelo principal de uma estrofe encantadora, mas a tuba... A TUBA, berrou até o último expectador sentado no alto de uma montanha do polar antártico que parasse de pensar, sentir, sentir os ramos de quadro pintado por todas as mãos que conduzem os violinos incessantes, como escarros, como pedras fluindo no vagar da imensidão cristalina de textura exatamente igual aos tímpanos perfurando o cérebro do maestro flácido, de gênero semelhante ao acordeon que surpreendeu a todos os compositores clássicos que adormecem hoje no mais agudo espinho da roseira mais fria, tão fria que suas espinhas e dedos começaram a dançar numa frenética espontaneidade de movimentos, distantes e sozinhos em suas respectivas covas, uma na Espanha, outra nas ilhas pacíficas do continente nórdico, outras no vácuo do caminho entre a teia negra e impalpável do espirito de cada músico daquela orquestra vazia e imensamente completa...
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Descreva aquela senhorita:
"Nariz soberbo, belo chapéu.
Perfume de cor marrom
Como a de seus olhos.
Lábios infinitos.
Basta para mim a ver viver.
Tal é a curva de tuas coxas
Que remexo as minhas
Para te saudar como flor,
De cacto, ou de pixe.
Escrevo cartas a mim mesmo
Quando tento assim descrevê-la.
Prefiro vê-la.
Por favor, acenda a vela
E vamos fazer o que é bom.
"Nariz soberbo, belo chapéu.
Perfume de cor marrom
Como a de seus olhos.
Lábios infinitos.
Basta para mim a ver viver.
Tal é a curva de tuas coxas
Que remexo as minhas
Para te saudar como flor,
De cacto, ou de pixe.
Escrevo cartas a mim mesmo
Quando tento assim descrevê-la.
Prefiro vê-la.
Por favor, acenda a vela
E vamos fazer o que é bom.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
As ilusões devem ser perdidas
Estou escalando uma montanha branca e de extrema altitude. O ar já está rarefeito, mas o meu objetivo já está a vista, o cume. Eu sei que posso morrer se ousar alcança-lo de vez, mas eu olho para trás e não vejo apenas neve e nuvens geladas, vejo desolação. Eu vou conseguir, ou morrerei tentando. Isso parece tolo para você? Você não morreria tentando?
Parece que desaprendi a escrever, a pensar, a sentir. O presente parece longe. Tenho que trazê-lo de volta, todos os dias. Mas, ultimamente, apenas o pensar sobre isso não tem sido muito eficaz, creio que é preciso resgatar algo, algo precioso, por meio da ação.
A relação essencial entre dois indivíduos é a sinceridade ao compartilhar o seu interior. Acima de tudo, é necessario gostar de tudo em si próprio, vencendo preconceitos, aceitando o sofrimento. Do contrário, aos olhos do outro, você seria alguém desprovido de autenticidade, seria alguém estéril. O caminho contrário já está provado que não parece ser muito saudável. As ilusões devem ser perdidas.
Parece que desaprendi a escrever, a pensar, a sentir. O presente parece longe. Tenho que trazê-lo de volta, todos os dias. Mas, ultimamente, apenas o pensar sobre isso não tem sido muito eficaz, creio que é preciso resgatar algo, algo precioso, por meio da ação.
A relação essencial entre dois indivíduos é a sinceridade ao compartilhar o seu interior. Acima de tudo, é necessario gostar de tudo em si próprio, vencendo preconceitos, aceitando o sofrimento. Do contrário, aos olhos do outro, você seria alguém desprovido de autenticidade, seria alguém estéril. O caminho contrário já está provado que não parece ser muito saudável. As ilusões devem ser perdidas.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
domingo, 6 de dezembro de 2009
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Obtuário
Hoje, dia 32 de dezembro de 2088:
Morre o jornalista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o ator João Miguel Cobelo Foti.
Morre o professor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o poeta João Miguel Cobelo Foti.
Morre o escritor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o músico João Miguel Cobelo Foti.
Morre o artista plástico João Miguel Cobelo Foti.
Morre o dramaturgo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o teatrólogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o compositor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o psicólogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o pedagogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o psicanalista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o linguista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o historiador João Miguel Cobelo Foti.
Morre o filósofo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o diretor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o cineasta João Miguel Cobelo Foti.
Morre o médico João Miguel Cobelo Foti.
Morre o fotógrafo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o antropólogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o florista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o pintor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o romancista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o vendedor de livros João Miguel Cobelo Foti.
Morre o cozinheiro João Miguel Cobelo Foti.
Morre o palhaço João Miguel Cobelo Foti.
Morre o maestro João Miguel Cobelo Foti.
Morre o jornalista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o ator João Miguel Cobelo Foti.
Morre o professor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o poeta João Miguel Cobelo Foti.
Morre o escritor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o músico João Miguel Cobelo Foti.
Morre o artista plástico João Miguel Cobelo Foti.
Morre o dramaturgo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o teatrólogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o compositor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o psicólogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o pedagogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o psicanalista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o linguista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o historiador João Miguel Cobelo Foti.
Morre o filósofo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o diretor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o cineasta João Miguel Cobelo Foti.
Morre o médico João Miguel Cobelo Foti.
Morre o fotógrafo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o antropólogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o florista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o pintor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o romancista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o vendedor de livros João Miguel Cobelo Foti.
Morre o cozinheiro João Miguel Cobelo Foti.
Morre o palhaço João Miguel Cobelo Foti.
Morre o maestro João Miguel Cobelo Foti.
Alguns dias são melhores que outros.
É isso ai.
"Cuidado com a cabeça!"
Não tome nota.
Eu sinto que sou transitivo,
Às vezes eu simplesmente
Não quero falar sobre nossa
Psicologia.
Fico farto.
Frequentemente penso
Como seria bom
Se todos pudessem
Ficar em silêncio.
Há vezes que desejo apenas
O teu silêncio, olhos, boca.
Aqui dentro não existe perfeição,
Só um poço com tantas im...
Nem psicologia, nem sentimentos.
Equilíbrio, mas,
Basta!
Venha comigo, é tudo que peço,
E vamos construir uma casa!
Vamos sair daqui!
Mergulhar com peixes elétricos.
Vamos de barco para uma ilha na costa?
Isso eu posso fazer.
Mas este mundo, este mundo todo,
A inércia e a mesmice, os diálogos,
Eu não posso fazer,
Porque não o quero
(Não me deixe aqui)
Vamos nos enfeitar de objetos.
Dormir. Dormir. Para sonhar.
Não tome nota.
Equilíbrio
E muita saudade.
Vida.
Não há o que dizer.
É isso ai.
"Cuidado com a cabeça!"
Não tome nota.
Eu sinto que sou transitivo,
Às vezes eu simplesmente
Não quero falar sobre nossa
Psicologia.
Fico farto.
Frequentemente penso
Como seria bom
Se todos pudessem
Ficar em silêncio.
Há vezes que desejo apenas
O teu silêncio, olhos, boca.
Aqui dentro não existe perfeição,
Só um poço com tantas im...
Nem psicologia, nem sentimentos.
Equilíbrio, mas,
Basta!
Venha comigo, é tudo que peço,
E vamos construir uma casa!
Vamos sair daqui!
Mergulhar com peixes elétricos.
Vamos de barco para uma ilha na costa?
Isso eu posso fazer.
Mas este mundo, este mundo todo,
A inércia e a mesmice, os diálogos,
Eu não posso fazer,
Porque não o quero
(Não me deixe aqui)
Vamos nos enfeitar de objetos.
Dormir. Dormir. Para sonhar.
Não tome nota.
Equilíbrio
E muita saudade.
Vida.
Não há o que dizer.
No quarto
... Numa atmosfera repentina e assustadoramente real, eu vi seu rosto colado com outro espelho. Uma experiência interessante para quem acabou simplesmente de ser bombardeado por milhões de duvidas. Em sua máxima expressão de amor, a ansiedade tornou-se uma porta de cor tênue e sombra leve, uma flecha, e eu devo procurar o alvo. Onde estará a chave para abrir essa porta? Onde estará a direção da flecha? Não sei, mas o corpo treme, treme, como se toda a imensidão dos astros esnobes e as constelações infinitas desabassem sobre a cabeça do meu indivíduo tão pequeno. Lembro que tudo é uma grande impressão, não existe. Um pequeno espaço de eternidade não é melhor nem pior que um grande espaço de eternidade. Vaidade. Largue mão, menino. Deixe o sonho de lado, começe a agir...
... Como saberei que meu sangue e carne, a minha carne que é finita, poderá nascer e crescer em outra pessoa, se não puder arriscar minha própria vida em nome dela? Como terei filhos se não aceitar que um dia eles irão morrer como eu... não é certo para mim pensar que uma vida dói tanto a ponto de eu querer impedir ele de viver, por um medo próprio de mim mesmo. Eu devo permitir a sua morte. A morte de todos os meus filhos. Não me preocupo com a superpopulação, tampouco com o fim do mundo. Apenas quero que nasça, de dentro para fora de mim, a vida e morte de outra pessoa, para poder viver e morrer também. Não julgo prejudicial a dor de meus filhotes. Que sofram tanto quanto eu e todo mundo...
... Como saberei que meu sangue e carne, a minha carne que é finita, poderá nascer e crescer em outra pessoa, se não puder arriscar minha própria vida em nome dela? Como terei filhos se não aceitar que um dia eles irão morrer como eu... não é certo para mim pensar que uma vida dói tanto a ponto de eu querer impedir ele de viver, por um medo próprio de mim mesmo. Eu devo permitir a sua morte. A morte de todos os meus filhos. Não me preocupo com a superpopulação, tampouco com o fim do mundo. Apenas quero que nasça, de dentro para fora de mim, a vida e morte de outra pessoa, para poder viver e morrer também. Não julgo prejudicial a dor de meus filhotes. Que sofram tanto quanto eu e todo mundo...
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Desordem
As ideias estão confusas. Feels like hell inside. Mas isso não é você, é o que você acha que é você. Ódio. Isso é normal, você está pairando numa órbita, aceite. Impossível compreender, impossível aceitar. Não tão impossível. O ódio é parte de mim, eu apenas estou evitando-o, isso é errado. Bem, não errado, mas também não é certo. Uma vez eu subi numa montanha maldita, e lá conversei com um velho. Ele me disse, "não diga". Eu não disse. Vê? Ele me deu um tapa na cara, tive tanto ódio que queria matar todas as pessoas que eu mais amo, no entuito de me destruir. Quis morrer. Mas agora eu percebo algo no ar.
Não são eles, não é nada, apenas tudo o que você é. Um hipócrita. Um pássaro que deseja ter asas maiores, e por não ter quer decepar as asas de todos do bando. Um vilão. Maldoso e apodrecido. Meu hálito é de sangue, com um aroma inconfudível de guerra. Uma guerra santa. Eu não sou feito de amor, não o tenho! Sofro e, neste exato momento, me assemelho mais do que nunca à uma hiena oportunista. Estou caíndo pelas paredes do castelo. Longe de casa, longe de tudo, tudo que possa trazer a vida à tona. Mas o que me prende nesta terra... o que me mistura à cal como um braço que derrete é essa busca por dizer tudo que sempre achei ser indizível. Conhecer o mundo e me foder à beça, como um cão sarnento, coberto de lama e vermes. Sinto que minha raiva é completamente por mim! Embora o extremo oposto de uma carga tão negativa, o meu amor, me diz: não se odeie tanto, odeie os outros. Foda-se. O nojo é a expressão da desordem. DESORDEM! ANARQUIA MENTAL! Explosivos depositados em tua orelha imunda e irreconhecível. Essa vala que me aparece no meio do caminho é o meu lugar, meu criatório de porcos, eu porco! Porco. Estúpido. Mesquinho. HIPÓCRITA. Surdo. Mudo. Diabo. Lixo.
"Desapega disso, garoto..."
"... Desapegou?"
"Sim, velho, agora desapeguei."
Não são eles, não é nada, apenas tudo o que você é. Um hipócrita. Um pássaro que deseja ter asas maiores, e por não ter quer decepar as asas de todos do bando. Um vilão. Maldoso e apodrecido. Meu hálito é de sangue, com um aroma inconfudível de guerra. Uma guerra santa. Eu não sou feito de amor, não o tenho! Sofro e, neste exato momento, me assemelho mais do que nunca à uma hiena oportunista. Estou caíndo pelas paredes do castelo. Longe de casa, longe de tudo, tudo que possa trazer a vida à tona. Mas o que me prende nesta terra... o que me mistura à cal como um braço que derrete é essa busca por dizer tudo que sempre achei ser indizível. Conhecer o mundo e me foder à beça, como um cão sarnento, coberto de lama e vermes. Sinto que minha raiva é completamente por mim! Embora o extremo oposto de uma carga tão negativa, o meu amor, me diz: não se odeie tanto, odeie os outros. Foda-se. O nojo é a expressão da desordem. DESORDEM! ANARQUIA MENTAL! Explosivos depositados em tua orelha imunda e irreconhecível. Essa vala que me aparece no meio do caminho é o meu lugar, meu criatório de porcos, eu porco! Porco. Estúpido. Mesquinho. HIPÓCRITA. Surdo. Mudo. Diabo. Lixo.
"Desapega disso, garoto..."
"... Desapegou?"
"Sim, velho, agora desapeguei."
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Ébrio
Até agora pouco, eu incomodava meus vizinhos. Mas não pude me conter. Estava ébrio como um vazio. Apaguei a luz, e no canto de meu quarto, às duas da madrugada, me pus a cantar minhas mais preciosas canções da vida. Pois é simplesmente nessa hora que eu precisava. Estava feliz, mas sabia que ao mesmo tanto estava triste. Pedi perdão ao vizinho incomodado que cutucava meu teto com sua varinha de condão. Eu não podia parar, não ate meu cigarro terminar. A gaita e o violão, no vão das paredes de meu quarto, traduziam todos os meus sonhos, minhas magoas, minhas mãos, meu sono.
Uma poesia breve se soltou na amplidão do universo. Eu pouco me preocupava se não tinha registrado num papel todos aqueles versos de amor. Mais vale para mim que eles sejam soltos no vácuo, e desconhecidos. Quem sabe um dia eu não me encontrarei com eles, num cometa incrivelmente belo e passageiro?
Quem sabe um dia, quando eu me for, estas palavras puras não sejam encontradas no espaço por minha vida, tão passageira quanto o próprio cometa? Estou ébrio e apaixonado, o que posso fazer? Palavras. Olhares no silêncio. Música. Prazer. Muito prazer em te conhecer.
Uma poesia breve se soltou na amplidão do universo. Eu pouco me preocupava se não tinha registrado num papel todos aqueles versos de amor. Mais vale para mim que eles sejam soltos no vácuo, e desconhecidos. Quem sabe um dia eu não me encontrarei com eles, num cometa incrivelmente belo e passageiro?
Quem sabe um dia, quando eu me for, estas palavras puras não sejam encontradas no espaço por minha vida, tão passageira quanto o próprio cometa? Estou ébrio e apaixonado, o que posso fazer? Palavras. Olhares no silêncio. Música. Prazer. Muito prazer em te conhecer.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Roteiro - Pierrôt e Colombina (Sambolero)
(Colocar música trilha sonora: Sambolero - Luis Bonfá)
Um pierrôt andava triste pelas calçadas. Não havia ninguém que ele pudesse amar. Ele queria impressionar alguém, queria risos. Mas na verdade existia sim alguém especial como ele, sem saber quem, ele sabia.
O sol da tarde projetava sombras doces sobre os pedestres. Então ele a vê, sentada num banquinho, aparentemente entristecida. Logo, como ele pode ver, ela estava apenas silenciosa. Uma linda colombina! Ele logo se apaixonou por sua formosura.
Ele estufa o peito de coragem! Sua expressão torna-se engraçada. Ele se apresenta e começa a se exibir para ela com alguns truques. Porém ela nem o percebe, continua silenciosa e indecisa.
Ele pensa, pensa e decide abordá-la, dessa vez com charme e sinceridade. Ele se ajoelha na frente dela, e com muita habilidade retira de dentro do peito o próprio coração, que pulsa freneticamente, e oferece-o a Colombina. Ela o rejeita. Levanta-se e sai visivelmente chocada com aquela demonstração. Ele fica sentado no banco, sozinho. Então retira das costas um trompete e começa a tocar um bolero.
Alguns momentos depois, passa em sua frente a mesma colombina por quem seu coração fora rejeitado. Coração que ainda se encontrava apertado em sua mão esquerda. Dessa vez, ela está acompanhada por um outro pierrôt, mais forte, alto e aparentemente vaidoso. Ela está fascinada. O nosso pierrôt decide segui-los.
Numa ponte, ele vê a colombina e o pierrôt arrogante trocando beijinhos. Ele espia arrasado por detrás de uma árvore! Então ele vê a colombina fazer o mesmo truque que aprendera com ele. Ela retira seu próprio coração e põe nas mãos do pierrot convencido.
Neste instante, duas lindas jovens devidamente vestidas para o baile da noite atravessaram a ponte. Não fizeram nem questão de esconder os sorrisinhos para o pierrôt metido, que ficou completamente alucinado. Sem notar o que estava segurando na mão, ele atira o coração da linda colombina no chão. Pede licença para ela sair de seu caminho e sai correndo atrás das duas jovens.
Aquilo foi demais para ela. O rosto delicado de flor manchou-se de lágrimas incessantes. Vendo seu coração no chão, espatifado como um objeto irregular sobre uma arca, ela começa a achar bem atraente a ideia de se atirar da ponte, mas logo desiste. Vira-se novamente para o coração murcho no chão e se abaixa lentamente para pegá-lo. Pouco antes de sua mão poder tocá-lo, outra mão surgiu e o capturou.
O pierrôt apaixonado apenas sorriu e estendeu a mão direita com o coração da colombina. Ela estica a sua mão, mas o que ela busca é o braço esquerdo do palhaço. Ela pega o coração dele com as duas mãos. Seu corpo já está perto demais do dele e ele suspira com aquele perfume rosa.
Os dois colocam de volta no próprio peito o coração do outro, e saem dançando e se abraçando pela ponte. Ele tira o velho trompete e toca para ela uma canção de amor, enquanto ela dança girando graciosamente. E assim atravessam a ponte.
Um pierrôt andava triste pelas calçadas. Não havia ninguém que ele pudesse amar. Ele queria impressionar alguém, queria risos. Mas na verdade existia sim alguém especial como ele, sem saber quem, ele sabia.
O sol da tarde projetava sombras doces sobre os pedestres. Então ele a vê, sentada num banquinho, aparentemente entristecida. Logo, como ele pode ver, ela estava apenas silenciosa. Uma linda colombina! Ele logo se apaixonou por sua formosura.
Ele estufa o peito de coragem! Sua expressão torna-se engraçada. Ele se apresenta e começa a se exibir para ela com alguns truques. Porém ela nem o percebe, continua silenciosa e indecisa.
Ele pensa, pensa e decide abordá-la, dessa vez com charme e sinceridade. Ele se ajoelha na frente dela, e com muita habilidade retira de dentro do peito o próprio coração, que pulsa freneticamente, e oferece-o a Colombina. Ela o rejeita. Levanta-se e sai visivelmente chocada com aquela demonstração. Ele fica sentado no banco, sozinho. Então retira das costas um trompete e começa a tocar um bolero.
Alguns momentos depois, passa em sua frente a mesma colombina por quem seu coração fora rejeitado. Coração que ainda se encontrava apertado em sua mão esquerda. Dessa vez, ela está acompanhada por um outro pierrôt, mais forte, alto e aparentemente vaidoso. Ela está fascinada. O nosso pierrôt decide segui-los.
Numa ponte, ele vê a colombina e o pierrôt arrogante trocando beijinhos. Ele espia arrasado por detrás de uma árvore! Então ele vê a colombina fazer o mesmo truque que aprendera com ele. Ela retira seu próprio coração e põe nas mãos do pierrot convencido.
Neste instante, duas lindas jovens devidamente vestidas para o baile da noite atravessaram a ponte. Não fizeram nem questão de esconder os sorrisinhos para o pierrôt metido, que ficou completamente alucinado. Sem notar o que estava segurando na mão, ele atira o coração da linda colombina no chão. Pede licença para ela sair de seu caminho e sai correndo atrás das duas jovens.
Aquilo foi demais para ela. O rosto delicado de flor manchou-se de lágrimas incessantes. Vendo seu coração no chão, espatifado como um objeto irregular sobre uma arca, ela começa a achar bem atraente a ideia de se atirar da ponte, mas logo desiste. Vira-se novamente para o coração murcho no chão e se abaixa lentamente para pegá-lo. Pouco antes de sua mão poder tocá-lo, outra mão surgiu e o capturou.
O pierrôt apaixonado apenas sorriu e estendeu a mão direita com o coração da colombina. Ela estica a sua mão, mas o que ela busca é o braço esquerdo do palhaço. Ela pega o coração dele com as duas mãos. Seu corpo já está perto demais do dele e ele suspira com aquele perfume rosa.
Os dois colocam de volta no próprio peito o coração do outro, e saem dançando e se abraçando pela ponte. Ele tira o velho trompete e toca para ela uma canção de amor, enquanto ela dança girando graciosamente. E assim atravessam a ponte.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Após o Concerto de Violoncelos
Desta vez, após sair de um concerto de violoncelos na casa do amigo Modigliani, o pierrôt sentiu que seria válido atravessar o largo, em direção à bodega mais próxima, para tomar mais alguns tragos de rum. Pouco antes, enquanto os quatro amigos Modi, Utrillo, Rivera e Picasso executavam Vivaldi, ele interrompeu a música com um grito agudo, dançando embriagado sobre uma das bancadas de madeira onde Modigliani depositava tintas. Por estar com o coração leve e musical - ele considerava um privilégio presenciar aquele momento entre amigos - numa atmosfera mística e carregada de emoção, o pierrôt começou a cantarolar uma canção vinda de outras beiradas do mundo, lá das terras do Brasil, e todos silenciaram:
“Sei que é doloroso um palhaço
Se afastar do palco por alguém...
Volta, a platéia te reclama!
Sei que choras, palhaço,
por alguém que não te ama...
Enxugas as lágrimas
e me dê um abraço
e não te esqueças
que és um palhaço!
Faça a platéia gargalhar...
um palhaço não deve chorar...”
Todos aplaudiram! Que momento de alegria! O palhaço sentiu que nada mais devia ser feito senão buscar uma nova garrafa de rum para celebrar, e todos se regozijaram! Ele saiu para a rua ébrio como nunca estivera na vida. Porém, dessa vez, havia um cheiro acre de lama e pedra molhada que transformou sua alegria em melancolia, uma melancolia intensa e impenetrável, como já era de se esperar. A perambular pelos becos vazios de uma cidade adormecida, ele pôs-se a pensar na sua colombina mais bela de todas. De certa forma, ele estava satisfeito. Na noite anterior, havia deixado em mãos alguns versos apaixonados, os quais ela retribuiu com um sorriso tímido, mas que o deixou suavemente encantado pelo mistério daquela figura aromática e linda.
Embriagado de amor, passando pela mesma ponte onde deram-se as mãos pela primeira vez, o palhaço subiu no fino parapeito e caminhou equilibrando-se com os braços. Embaixo, um rio escorria suas águas negras como a noite e desconhecidamente profundas. Na completa euforia, ele não se importava tanto com o risco. Por isso, ele escorregou.
Já a uns 3 metros de profundidade, ele sentiu no silencio das águas a mesma melodia executada por seus amigos, num frágil timbre de violoncelo. Ele abriu os olhos, mas nada podia ser visto naquela escuridão. Tornou-se fácil não respirar, o pulmão ainda possuía um pouco de ar. Ele começou a sentir o êxtase. Era uma sensação curiosa para ele, que gostava de colecionar sensações variadas e extraordinárias para apenas um corpo humano. Sentia ao mesmo tempo uma espécie de paz, sono, calor. Toda a embriaguez se fora. O oxigênio em seus pulmões já havia sido totalmente absorvido. O gás carbônico começou a ser expelido, formando borbulhas surdas no fundo do rio.
Afinal, aqui não está tão ruim assim, o palhaço pensou. Seu corpo já havia atingido os 7 metros de profundidade. Que emoção! Com certeza, este foi o melhor dia de sua vida. Obtivera o sorriso da colombina mais bela e distante de todas. Bebera o absinto sagrado juntos aos maiores pintores e músicos que já tivera a honra de conhecer. Cantara para eles sua canção e depois dançara sobre o próprio reflexo nas águas negras do rio, mergulhando assim para a morte como quem se deixa afundar num poço de paixão. A maquiagem já havia desbotado quando os olhos do pierrôt fecharam-se ao som das cordas. Felizmente, ele não pode ver seu rosto limpo.
domingo, 29 de novembro de 2009
Após meu encontro com o Almirante, foi traçado na empunhadura de meu sabre sonoro, algumas palavras a plenos pulmões: “I’m alive, vivo, muito vivo, vivo, vivo, sinta o som do cinema elétrico batendo em minha pança, pança, pança”. Poderei eu alcançar the age of (g)old? "EU SEI QUE UM DIA EU DEVO MORRER. EU ESTOU VIVO. SIM. EU SEI QUE UM DIA EU DEVO MORRER! EU ESTOU VIVO!" E a pele de todas as mães, TODAS AS MÃES DO MUNDO, inclusive a elefanta, a forminha Rainha, a LUA, a minha, todas me fazem chorar. Desse filme eu conheço todas as estrelas: Nove de dez, para ser preciso. Todas as tolices sentimentais que comentem os cantores chorões à meia-noite, num bar embriagado, embriagado, tentando ser algo menor. Vamos à luta, pois que tenho medo, mas às vezes não o tenho tanto assim.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Traga de volta, vento,
Traga de volta a vida.
Deixa o sangue ser vermelho,
E olhos voltarem para os meus.
Vem voando, mas venha rápido.
Eu não sei das coisas, não sei!
Apenas sei de nada,
Porque nada é tudo que sou.
Então porque esperar?
Traz de volta nosso umbigo
Que é para eu nunca mais chorar.
Vamos fazer um cinema,
Vamo construir um teatro da vida e morte,
Pois é o único lugar onde eu quero estar.
Traga de volta a vida.
Deixa o sangue ser vermelho,
E olhos voltarem para os meus.
Vem voando, mas venha rápido.
Eu não sei das coisas, não sei!
Apenas sei de nada,
Porque nada é tudo que sou.
Então porque esperar?
Traz de volta nosso umbigo
Que é para eu nunca mais chorar.
Vamos fazer um cinema,
Vamo construir um teatro da vida e morte,
Pois é o único lugar onde eu quero estar.
Flor de Maracujá
... E então, de repente, alegremente, o sol sai. Seca a chuva. As cores se anunciam. Nuances vivas se projetam em todos os objetos. O calor começa a mudar algo. Ouço o barulho das folhas de árvore se debatendo. Aquilo que desatina e dói no corpo, surpreendentemente se abranda, relaxa. Apesar de qualquer tristeza compreendida pela poesia, me tranquiliza, de certa forma imediata, saber que o pior ainda está por vir...
Pela rua...
De que me importa se a vida siga toda manhã...? De manhã é que choro minhas lágrimas a todas as pessoas que andam sem rosto, pois é a hora que ninguém me vê... É que esse mundo tem uma dor... Que não sei explicar, mas existe. Em algum beco ou passarela dentro deste meu corpo de Baco. É o espinho. A ferida. Algo inacabado, incompleto. Um susto que se leva por ter se esquecido do peito.
Espero que ainda exista gente, cá na terra, que não tenha esquecido de seu próprio peito, como eu frequentemente tento não fazer, mas faço. Tempo. Tento lutar contra ele. Amargo tempo. O que seria do precioso "eu" sem ele? Este ego, eu nego.
Então é comum, quando chove, as orelhas se arrebentarem. Os dentes se triturarem numa agonia eterna. D-O-R. Deveria ter feito isto. Deveria ter causado espanto no tempo! "Ei, Cacique, veja só como eu ainda estou aqui"! Mas é nada, quase água.
Explosão no céu, é uma estrela sacrificada mais cedo, talvez. Eu nada posso fazer. Que adiantaria um duelo? O gigante contra o anão. Um sol contra um verme. Às vezes, tenho vontade de não ser qualquer coisa além de pura terra. Pura estrela. Sem tempo, nem sangue.
O tempo me fere como uma lança em brasa. Os minutos e segundos onde só há o desamor, são o tempo. Então... traz de volta, vida, a vida dos olhos que não são meus. Volta nesse tempo emendado com todo o vento do mundo. Tráz de volta, tempo, o tempo que se perdeu, passou, pois assim eu não passarei mais. Sem fugir, apenas deixarei de existir e estarei amando tudo demais para sequer lembrar desse tempo que me judia.
Estarei amando à mando de algo a mais. Bom dia, sexta-feira cinza e fria. As ruas estão vazias. Eu nesta repartição imagino você confortávelmente adormecida. Pela janela vejo a rua. É verdade... Estão tristes e vazias.
Espero que ainda exista gente, cá na terra, que não tenha esquecido de seu próprio peito, como eu frequentemente tento não fazer, mas faço. Tempo. Tento lutar contra ele. Amargo tempo. O que seria do precioso "eu" sem ele? Este ego, eu nego.
Então é comum, quando chove, as orelhas se arrebentarem. Os dentes se triturarem numa agonia eterna. D-O-R. Deveria ter feito isto. Deveria ter causado espanto no tempo! "Ei, Cacique, veja só como eu ainda estou aqui"! Mas é nada, quase água.
Explosão no céu, é uma estrela sacrificada mais cedo, talvez. Eu nada posso fazer. Que adiantaria um duelo? O gigante contra o anão. Um sol contra um verme. Às vezes, tenho vontade de não ser qualquer coisa além de pura terra. Pura estrela. Sem tempo, nem sangue.
O tempo me fere como uma lança em brasa. Os minutos e segundos onde só há o desamor, são o tempo. Então... traz de volta, vida, a vida dos olhos que não são meus. Volta nesse tempo emendado com todo o vento do mundo. Tráz de volta, tempo, o tempo que se perdeu, passou, pois assim eu não passarei mais. Sem fugir, apenas deixarei de existir e estarei amando tudo demais para sequer lembrar desse tempo que me judia.
Estarei amando à mando de algo a mais. Bom dia, sexta-feira cinza e fria. As ruas estão vazias. Eu nesta repartição imagino você confortávelmente adormecida. Pela janela vejo a rua. É verdade... Estão tristes e vazias.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Há o amor vital, a força energética, mística, contemplativa e universal. Díficil de ser tratado cientificamente. Trata-se do amor altruísta, o qual não pede nada para si. É o amor de buda.
Há o amor por coisas, o amor por pessoas e o amor por entidades. Trata-se do amor egocêntrico, onde 2 egos tornam-se 1, assim como 1 torna-se 2. É o amor de bunda.
Ambos são parte de uma coisa só, assim como tudo é que pensado. Como uma forma de organização, caminho. Nunca tomados por verdades, mas a necessidade de quebrar preconceitos e desprender-se da idealização. Ao contrário da paixão, que é ingênua, mas completamente necessária para manter o balanço, como um mergulho que simplesmente decidimos mergulhar e ponto final.
Há de ter equilíbrio. Nesse todo, todas as formas de amor podem ser vitalizantes, mas também podem buscar a desvitalização, utilizando-se de formas externas, buscando atingir o interno. É o principio dos opostos, o amor e a morte. Nem um, nem outro: equilíbrio.
E a depressão, enfim? É o próprio amor... quando bate em retirada...
Há o amor por coisas, o amor por pessoas e o amor por entidades. Trata-se do amor egocêntrico, onde 2 egos tornam-se 1, assim como 1 torna-se 2. É o amor de bunda.
Ambos são parte de uma coisa só, assim como tudo é que pensado. Como uma forma de organização, caminho. Nunca tomados por verdades, mas a necessidade de quebrar preconceitos e desprender-se da idealização. Ao contrário da paixão, que é ingênua, mas completamente necessária para manter o balanço, como um mergulho que simplesmente decidimos mergulhar e ponto final.
Há de ter equilíbrio. Nesse todo, todas as formas de amor podem ser vitalizantes, mas também podem buscar a desvitalização, utilizando-se de formas externas, buscando atingir o interno. É o principio dos opostos, o amor e a morte. Nem um, nem outro: equilíbrio.
E a depressão, enfim? É o próprio amor... quando bate em retirada...
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Frente ao Espelho
Numa madrugada meu corpo atua como se quisesse te falar tantas coisas. Na frente do espelho, eu descubro uma vastidão de possibilidades de te comunicar o que penso sobre tua eterna fuga. Se eu pudesse, mostraria que as coisas não necessariamente devam ser tão ruins, ou tentaria alcançar alguma espécie de solução para o misterioso medo que nós, pensadores que sofremos, devemos conviver. Estou certo que para uma boa atuação é preciso adornar o corpo com símbolos místicos pessoais, qualquer espécie de fantasia ou talismã, e é muito interessante quando o maior adorno é o nosso próprio corpo nu.
Fiquei rindo na frente do espelho de coisas tão absolutamente naturais em mim. Minha vergonha, vaidade, estupidez... pudor, tudo foi posto frente à frente e dialogado. Depois de rir tanto de meus pêlos, meus ossos, meu sexo, descubro que nada realmente é engraçado, a não ser a imensa estupidez para com o modo que a humanidade vem se relacionando com o próprio corpo.
Balanço meu sexo de um lado para o outro e ele gira como um catavento. Aquilo me provoca uma sensação de rídiculo que eu resolvo sentir pra valer. Então percebo que não há nada para rir. É apenas eu e você. Deveríamos rir das roupas, isso sim. Panos tingidos com formas abstratas apenas para esconder aquilo que temos de mais precioso e frágil que é nosso corpo, macacos nus.
De certa forma, meu desejo imenso é ver-te nua. Quero suspirar perto de sua pele para tentar entender o mecanismo do tesão. A nossa percepção corporal ardendo de um para o outro. Ao mesmo tempo, sentir o aroma de cada canto do teu corpo representa uma verdadeira aventura num vasto horizonte de sensações inegáveis e tão presentes, que é impossível não se entregar. Não me importa, portanto, se não quiseres abrir teu coração. Deixo-te remoendo tua tristeza sozinha, pois para mim o melhor a se fazer é não fugir mais. És uma cientista maluca da mente, assim como eu!
Se a filosofia de um psicológo trabalha sob um prévio condicionamento da consciência sob os efeitos do conflito saúde-mente, no que se transforma o pensamento sob a pressão de uma doença? É essa a questão que realmente interessa ao psicologo, justamente porque é possível o conhecimento na prática, o experimento. A fuga do corpo é a filosofia do medo. Funciona durante o tempo que nos é dado para sofrer, isolados num laboratório particular chamado nós mesmos. O melhor a se fazer é atuar frente ao espelho.
Fiquei rindo na frente do espelho de coisas tão absolutamente naturais em mim. Minha vergonha, vaidade, estupidez... pudor, tudo foi posto frente à frente e dialogado. Depois de rir tanto de meus pêlos, meus ossos, meu sexo, descubro que nada realmente é engraçado, a não ser a imensa estupidez para com o modo que a humanidade vem se relacionando com o próprio corpo.
Balanço meu sexo de um lado para o outro e ele gira como um catavento. Aquilo me provoca uma sensação de rídiculo que eu resolvo sentir pra valer. Então percebo que não há nada para rir. É apenas eu e você. Deveríamos rir das roupas, isso sim. Panos tingidos com formas abstratas apenas para esconder aquilo que temos de mais precioso e frágil que é nosso corpo, macacos nus.
De certa forma, meu desejo imenso é ver-te nua. Quero suspirar perto de sua pele para tentar entender o mecanismo do tesão. A nossa percepção corporal ardendo de um para o outro. Ao mesmo tempo, sentir o aroma de cada canto do teu corpo representa uma verdadeira aventura num vasto horizonte de sensações inegáveis e tão presentes, que é impossível não se entregar. Não me importa, portanto, se não quiseres abrir teu coração. Deixo-te remoendo tua tristeza sozinha, pois para mim o melhor a se fazer é não fugir mais. És uma cientista maluca da mente, assim como eu!
Se a filosofia de um psicológo trabalha sob um prévio condicionamento da consciência sob os efeitos do conflito saúde-mente, no que se transforma o pensamento sob a pressão de uma doença? É essa a questão que realmente interessa ao psicologo, justamente porque é possível o conhecimento na prática, o experimento. A fuga do corpo é a filosofia do medo. Funciona durante o tempo que nos é dado para sofrer, isolados num laboratório particular chamado nós mesmos. O melhor a se fazer é atuar frente ao espelho.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
O Vento de Villa
Não importa. A cada manhã que desperto meus sentidos devem estar sempre prontos para mais um dia de exposição e renovação. Foi-se a época em que eu deixava de viver por medo de morrer. Você já sentiu isso? Quantas noites revirando a cabeça no travesseiro, apertando os olhos contra o seu próprio interior, sentindo o grande medo, o supremo medo. Afinal, o que é não existir? Como saberei! E se não der tempo? Desespero.
Então eu me levanto, cansado de estremecer, cansado de procurar respostas, cansado do medo da incompreensão das coisas. Até perceber que tudo é uma grande e plácida incompreensão. Bem, não podemos ficar sofrendo na cama sozinhos a noite inteira. A gente se cansa uma hora. O que eu faço? Levanto-me e coloco no meu velho som aquela fita velha de Villa-Lobos.
Você conhece Villa-Lobos? Dizem que seu amor pela vida era tão enorme que ele sabia conduzir os rumos dos ventos num campo aberto, onde as árvores permaneciam estáticas. Pinheiros, eucaliptos, araucárias, imóveis. Villa-Lobos então dizia às crianças: “Observem como o vento gosta de ser chamado”. Então ele, não mais de repente, começava a assobiar. Aquele assobio fazia um efeito no mundo onde todas as coisas começavam a mover-se! Instantaneamente, como vindo de um profundo sentimento de avesso causado por seu próprio medo, ventos! Uma ventania sem precedentes se apossava dos ramos das árvores, e elas começavam a dançar e balançar de um lado para o outro!
As crianças arregalavam os olhos e gritavam de contentamento! Finalmente poderiam empinar suas pipas! Todas elas saiam correndo como animais satisfeitos após uma refeição, enquanto Villa apenas observava todo aquele mundo, como era lindo, como a vida era linda, com um discreto sorriso no rosto, sombreado por seu tradicional chapéu panamá.
Nas noites de confusão e medo da morte, ouvir sua música era a grande saída para o meu pavor total. Acendia em mim a esperança que, talvez, viver não seja tão ruim assim. Ao meu lado eu via dois homens cumprimentando-se e, no mesmo instante, chamas alaranjadas emergiam possuindo seus corpos. Então, no auge da passagem mais bela dos violinos, onde as tropas e os fagotes escorriam o mel de uma melodia tão carregada de tristeza e doçura, eu via, ao longe eu via, aquele rostinho lindo, olhando para mim de baixo. Eu podia, enfim, ver suas mãozinhas frágeis segurando a barra de minha calça. Era o rostinho de meu filho, que eu ainda nem conhecia.
Logo eu percebia que nada adiantava ficar me debatendo às 4 horas da madrugada em minha cama, com medo da morte por não saber viver, não! Daquele momento em diante eu deveria aprender a viver. E para viver, e também para o meu filho viver, eu sabia que deveria procurar a vida.
Eu soube qual seria então a minha busca, a única busca que é válida nesse mundo. A eterna busca da beleza das coisas, de Deus, do amor enfim. Nestas noites completamente solitárias, enclausuradas no meu eterno pavor de sobreviver sem ter amado verdadeiramente, eu descansava meus músculos num sadio relaxamento interior.
Paciência. Este amor há de existir. Paciência. Seu filho reside nas páginas velhas de um livro de poesia, ou nas mãos cuidadosas que um dia hão de afagar minha nuca que transpira meu mais puro desejo.
A minha melancolia era tão sóbria que eu fui até a janela, onde residem do lado de fora os postes de luz incandescentes, o meu limoeiro tão cheiroso pelas manhãs, e as flores da roseira, todos estáticos, e no mais complexo e infinito silêncio da madrugada eu assobiava uma linha melódica semelhante ao de Villa, porém minha, minha melodia saída de dentro de mim.
Ele estava certo. O vento veio e estremeceu aquele mundo adormecido e escuro, onde só eu permanecia acordado. A vida poderia mesmo, daquela forma solitária e vasta, ser bela.
O Sonho de Marie
(Ilustração por João Miguel)
Sete horas da manhã. Marie levantou-se da cama, despiu sua pele de seda, amassada com a noite anterior, inquieta e opaca. Fez sua crônica matinal ainda nua. Sentia-se embriagada, entorpecida, junto a uma sensação de ter dormido não mais que alguns minutos. Foi quando começaram os delírios.
Caminhou até a porta do quarto. Sentiu o odor acre do suor seco impregnado em sua pele. Uma última espiada no quarto e reparou no homem que ainda dormia em sua cama. Adentrou na sala, receosa e tépida, como uma aventureira que entra numa caverna escura e virgem. De repente, uma escada prateada conduz Marie ao andar seguinte, onde há uma porta entreaberta. Nua, ela desliza seus passos sobre os degraus. Hesita em escancarar a porta, então somente bisbilhota pela fresta iluminada o que se encontrava do outro lado.
Viu um homem e uma mulher trocando intensas carícias. O homem está arranhando a pele jovem e rosada, como quem celebra sua presa, seu prêmio, e certifica-se que ninguém mais a possuirá senão ele. A mulher, mesmo que submetida a dolorosas gasturas e arrepios, corre com a ponta dos dedos os ombros e costas, acariciando-o terna e amavelmente. Marie ao ver aquela cena sentiu vibrar seu ventre. Algo borbulhava no interior de sua barriga. Foi quando teve a certeza de que estava grávida.
Então todo o sólido chão desfez-se. Sentiu uma levitação que a empurrou contra a porta, caindo num precipício impalpável que se aprofundava num chão de luz clara e ofuscante. Só quando o brilho prateado diminuiu ela pôde ver a cena mais estrondosa de sua vida: duas pessoas em volta de uma cama antiga, contemplando uma mulher dando a luz a uma criatura que, mesmo sem nunca tê-la visto, Marie sabia ser seu filho. Estranhamente essas duas pessoas apenas olhavam e não ofereciam nenhuma ajuda, enquanto a mulher, berrando de agonia, paria seu fruto já maduro. Marie começou a chorar, a rezar e chorar mais, desejando que todo aquele parto se abreviasse para que ela pudesse protejer seu filho, mas sua cabeça e membros pesavam uma tonelada e ela não conseguia se mover.
Foi quando a mulher soltou seu último suspiro e forçou a criança para fora de seu corpo, expelindo-a numa bacia posta entre suas pernas. Nesse momento um dos dois que estavam observando adianta-se e com uma faca, de aspecto bruto e enferrujado, corta o cordão umbilical em dois pontos distintos, um perto do umbigo da criança e outro já na saída do corpo da mulher. O outro expectador, antes imóvel, também se adianta e toma o recém-nascido em seus braços. Embrulha-o num lenço negro de seda, enquanto o outro estende o fragmento de cordão umbilical e entrega-o a mãe, que o recebe apavorada. Os dois viram as costas e desaparecem na escuridão.
A mulher na cama permaneceu congelada em sua expressão de horror. Marie gritou. Gritou desesperadamente. Gritou com o cerne da intenção desesperada e entristecida. Sangue jorrou em suas pernas. O mundo começou a silenciar. Marie agora gritava em silêncio, alguém excluiu o som de sua voz do mundo. Piscou os olhos para derramar as lágrimas acumuladas e baque! Estava deitada em sua cama novamente! O relógio de cabeceira marcava exatamente seis horas e cinqüenta e nove minutos. Ela retomou a consciência. Deu um gemido baixo a fim de atestar se sua voz ainda existia. Ao seu lado ainda dormia o mesmo homem que enxergava em seu sonho, por entre a fresta da porta entreaberta. Apaziguou-se. Mais um olhar ao homem e sorriu discretamente. Sentiu o ventre vibrar.
Sete horas da manhã. Marie levantou-se da cama, despiu sua pele de seda, amassada com a noite anterior, inquieta e opaca. Fez sua crônica matinal ainda nua. Sentia-se embriagada, entorpecida, junto a uma sensação de ter dormido não mais que alguns minutos. Foi quando começaram os delírios.
Caminhou até a porta do quarto. Sentiu o odor acre do suor seco impregnado em sua pele. Uma última espiada no quarto e reparou no homem que ainda dormia em sua cama. Adentrou na sala, receosa e tépida, como uma aventureira que entra numa caverna escura e virgem. De repente, uma escada prateada conduz Marie ao andar seguinte, onde há uma porta entreaberta. Nua, ela desliza seus passos sobre os degraus. Hesita em escancarar a porta, então somente bisbilhota pela fresta iluminada o que se encontrava do outro lado.
Viu um homem e uma mulher trocando intensas carícias. O homem está arranhando a pele jovem e rosada, como quem celebra sua presa, seu prêmio, e certifica-se que ninguém mais a possuirá senão ele. A mulher, mesmo que submetida a dolorosas gasturas e arrepios, corre com a ponta dos dedos os ombros e costas, acariciando-o terna e amavelmente. Marie ao ver aquela cena sentiu vibrar seu ventre. Algo borbulhava no interior de sua barriga. Foi quando teve a certeza de que estava grávida.
Então todo o sólido chão desfez-se. Sentiu uma levitação que a empurrou contra a porta, caindo num precipício impalpável que se aprofundava num chão de luz clara e ofuscante. Só quando o brilho prateado diminuiu ela pôde ver a cena mais estrondosa de sua vida: duas pessoas em volta de uma cama antiga, contemplando uma mulher dando a luz a uma criatura que, mesmo sem nunca tê-la visto, Marie sabia ser seu filho. Estranhamente essas duas pessoas apenas olhavam e não ofereciam nenhuma ajuda, enquanto a mulher, berrando de agonia, paria seu fruto já maduro. Marie começou a chorar, a rezar e chorar mais, desejando que todo aquele parto se abreviasse para que ela pudesse protejer seu filho, mas sua cabeça e membros pesavam uma tonelada e ela não conseguia se mover.
Foi quando a mulher soltou seu último suspiro e forçou a criança para fora de seu corpo, expelindo-a numa bacia posta entre suas pernas. Nesse momento um dos dois que estavam observando adianta-se e com uma faca, de aspecto bruto e enferrujado, corta o cordão umbilical em dois pontos distintos, um perto do umbigo da criança e outro já na saída do corpo da mulher. O outro expectador, antes imóvel, também se adianta e toma o recém-nascido em seus braços. Embrulha-o num lenço negro de seda, enquanto o outro estende o fragmento de cordão umbilical e entrega-o a mãe, que o recebe apavorada. Os dois viram as costas e desaparecem na escuridão.
A mulher na cama permaneceu congelada em sua expressão de horror. Marie gritou. Gritou desesperadamente. Gritou com o cerne da intenção desesperada e entristecida. Sangue jorrou em suas pernas. O mundo começou a silenciar. Marie agora gritava em silêncio, alguém excluiu o som de sua voz do mundo. Piscou os olhos para derramar as lágrimas acumuladas e baque! Estava deitada em sua cama novamente! O relógio de cabeceira marcava exatamente seis horas e cinqüenta e nove minutos. Ela retomou a consciência. Deu um gemido baixo a fim de atestar se sua voz ainda existia. Ao seu lado ainda dormia o mesmo homem que enxergava em seu sonho, por entre a fresta da porta entreaberta. Apaziguou-se. Mais um olhar ao homem e sorriu discretamente. Sentiu o ventre vibrar.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Noite de Chuva
Devo-te amor, não nego.
Quero-te, amor. Não nego.
Não toque assim este coração tão frágil.
Não seja o aço da torre fria.
Prefiro a dor do que ter espaços.
Neste vazio não posso mais existir.
Eu vi a mosca voar vã e solta
E tudo me diz que devo ir junto.
Estou sofrendo, meu amor.
Sofro porque envelheço a cada dia,
E a cada dia renasço em ti.
Tanta dor por apenas um beijo?
Tanto frio apenas pelo infinito?
Eu não tenho infinito.
Estou chorando.
Estou apenas chorando no vazio.
Quero-te, amor. Não nego.
Não toque assim este coração tão frágil.
Não seja o aço da torre fria.
Prefiro a dor do que ter espaços.
Neste vazio não posso mais existir.
Eu vi a mosca voar vã e solta
E tudo me diz que devo ir junto.
Estou sofrendo, meu amor.
Sofro porque envelheço a cada dia,
E a cada dia renasço em ti.
Tanta dor por apenas um beijo?
Tanto frio apenas pelo infinito?
Eu não tenho infinito.
Estou chorando.
Estou apenas chorando no vazio.
João de Barro
Por quanto tempo me escondi do mundo? Envolvido num sopro de vento, por quanto tempo deixei de ser sopro para ser vento? Agora que percebi como minha constituição se assemelha a terra, ao pó, argila, não posso deixar de querer derramar água em mim para unificar-me. É o vento que seca o barro molhado. É no vento que eu voo longe, busco o pólen e o canto de outro passarinho.
Talvez assim eu possa um dia me tornar um lindo vaso chinês, ou um muro rígido como meus ossos. Há dias que minha consistência é como carne crua de peixe, sem fibras e insípida. Noutros, tudo o que sei que sou, e o que não sei também, adquire formato fino, transparente e muito atraente.
Posso mastigar meus pensamentos sem me importar com meu corpo. Não sem me perguntar: por quanto tempo me escondi do mundo, engolindo esses pensamentos como pedras improváveis de se triturar? Como pode uma mente que se liquefaz e derrama-se junto ao sangue, se expele com a urina, aparentemente estar escondida?
Neste ponto, as minhas janelas produziam uma penumbra imensa dentro de mim. Sobre as minhas duas esferas negras, e muito eficientes ao enxergar o mundo, as cortinas do pensamento permaneciam intactas e frias. O sol, enfim, não podia alcançar a lã do tapete, tampouco meus dedos que descansavam sobre uma cama vazia. Vinte dedos, sozinhos.
Então, subitamente, algo acontece que me torna menos eu, menos indivíduo. Torno-me amplo como o céu da Turquia! Branco como o gelo da Antártida! Isso só me remete a uma explicação: meu ser, mais do que nunca, necessita construir a sua própria casa, não mais basta ser único porém tão dividido. Quer amor.
Ao pensar, como o vento, meu ser torna-se um grão de terra seco. Ao sentir, como a água que é minha amada, torna-se barro.
Talvez assim eu possa um dia me tornar um lindo vaso chinês, ou um muro rígido como meus ossos. Há dias que minha consistência é como carne crua de peixe, sem fibras e insípida. Noutros, tudo o que sei que sou, e o que não sei também, adquire formato fino, transparente e muito atraente.
Posso mastigar meus pensamentos sem me importar com meu corpo. Não sem me perguntar: por quanto tempo me escondi do mundo, engolindo esses pensamentos como pedras improváveis de se triturar? Como pode uma mente que se liquefaz e derrama-se junto ao sangue, se expele com a urina, aparentemente estar escondida?
Neste ponto, as minhas janelas produziam uma penumbra imensa dentro de mim. Sobre as minhas duas esferas negras, e muito eficientes ao enxergar o mundo, as cortinas do pensamento permaneciam intactas e frias. O sol, enfim, não podia alcançar a lã do tapete, tampouco meus dedos que descansavam sobre uma cama vazia. Vinte dedos, sozinhos.
Então, subitamente, algo acontece que me torna menos eu, menos indivíduo. Torno-me amplo como o céu da Turquia! Branco como o gelo da Antártida! Isso só me remete a uma explicação: meu ser, mais do que nunca, necessita construir a sua própria casa, não mais basta ser único porém tão dividido. Quer amor.
Ao pensar, como o vento, meu ser torna-se um grão de terra seco. Ao sentir, como a água que é minha amada, torna-se barro.
Rosa
De você, eu leio palavras que são minhas todos os dias desde o dia que encontrei esta rosa negra e murcha, moribunda na calçada, no entanto, mais perfumada do que nunca.
Acontece que nunca antes tive tanta vontade de gritar: "PERDÃO". Uma palavra encantadora. Sólida. Palavra que me torna maior, um merecedor. Será que vale a pena derramar lágrimas sobre a terra ao tentar replantar a rosa?
Rosa. Faça-me digno de todo o seu perfume negro e tristonho. Faça-me um canto inaudível e nunca sonhado por duas flores como nós. Rosa. Deite-se no meu peito e espere, apenas espere o amanhecer. Venha, minha casa tem espaço para nós dois, como um oceano azul. Ouça aqui dentro do meu peito este coração que não é mais meu. Ouça como ele clama, rasga-se por dentro, detona-se como uma bomba letal neste corpinho tão frágil e sensitivo que possuo, às vezes contra minha vontade. Tudo por causa da sua vida, Rosa.
Chame meu nome de Antônio, Pedro, Porta, Palco, tanto faz... apenas converse comigo sobre o enorme céu que sonhei na noite anterior. Ainda posso farejar as estrelas que eu vi, acordado e completamente só.
O que temos de ter, além de espinhos? Assim como todas as noites, antes de nos encontrarmos nesta terra de ninguém, posso ouvir os lamentos do meu limoeiro, tão solitário quanto o teu quarto num domingo repleto de saudades.
Vem mais perto, vou pedir perdão às raízes de teu ouvido. Vou te declamar o poema do corpo e da alma para que você possa reconhecer minha simplicidade, quero ser merecedor, Rosa.
Perdão, mas não quero que eu seja o único. Não, não deves cegar teu pranto, nem teu contentamento por apenas um rosto feio, desconhecido e triste como o meu. Mas se por um instante, ah, se por apenas um instante, decidir que sou mais do que posso ser, renascerei negro como tuas pétalas rachadas, ensangüentadas.
Nascendo uma outra vez como flor, juro, ao teu lado quero ser plantado. Quero me alimentar do teu alimento. Terra úmida e nutritiva não há melhor como a tua. E então giraremos em torno da luz do sol, sempre que o sol sair. E a noite, vá embora encontrar tua vida.
Serás tão livre que nem notará se um dia eu morrer pisoteado por alguma criança ou transeunte atormentado de paixão. Rosa. Deixe-me brotar aqui, perto de ti, só mais uma vez. O que mais eu poderia desejar?
domingo, 22 de novembro de 2009
Cordas e Sopro
minha música é uma gaveta funda
guarda o mundo todo num acorde.
minha música é simples e surda
causa-me espanto, derrama-se muda.
minha música é uma dialogo eterno
entre minha carne e a tua carne.
minha música sossega meus olhos
entrega-se à vida como uma grávida.
minha música um dia há de silenciar
queria toca-la todos os dias para você.
minha música é o que sobrou de ti
e nunca há de ser nada além de ti.
minha música é pouco mais que um choro
e sempre há de ser mais que uma lágrima.
minha música existe e nada mais importa.
minha música diz a mim "você está vivo".
é pouca, é quase nada, dela não espere nada,
espere tudo, espero sempre. Estou partindo.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Um outro dia
E o pierrôt saiu pelas ruas de pedra perguntando às suas lágrimas por que o tempo havia sempre de passar tão rápido... Por que dói tanto perder a graça? Sem a maquiagem o pierrot não tinha beleza. Num gole gelado ele finalizou a garrafa de vinho tinto, tanto que sua pança ja havia estrapolado. Assobiou uma canção francesa da época de sua tatararavó, que implantava em sua alma um fogo branco, queimando tudo o que conhecera até ali.
Dói te esqueçer, pensou ele. Ainda podia sentir o perfume do corpo de sua colombina inocente. Porque será que te quero a cada palavra que digo? Ele pensou que soubesse, mas não, não sabia. Dói, de repente, não mais que de repente, viver. Ele sentou num banco de uma praça. Sono, saudade. Sou tão pouco que me perco de mim...
O palhaço quis deitar-se no banco, com o rosto pregado no assento de pano. Só queria poder chorar em paz. Folhas de oliveira se derramaram com o vento. Ele podia ver no céu um cometa partindo, mais uma vez, e rumo ao vazio, ao além.
Nem o vinho, nem as estrelas, nada podia consolar o meigo rapaz borrado no rosto. Olhos nos olhos. A madeira do tronco da oliveira era sua coluna despedaçada, e fazia muito frio. O choro de seu filho, lembrou-se em silêncio, será que nunca mais poderei ouvi-lo? Ele sentiu um medo que apagou as listras de sua camisa suja de terra e secou o creme de seus cabelos. Perto das flores daquele canteiro que ele retirou as luvas.
Foi-se embora a alegria, novamente, ele afundou o rosto nas mãos aquecidas. Na frente do espelho ele havia se pintado com a tristeza. Mas logo uma brisa leve tocou sua face trágica e sutilmente engraçada. Ele não resistiu e dormiu como um feto que ainda não se desligara, esperando o nascer do dia, um outro dia somente.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
samba em prelúdio
"Eu sem você não tenho porque
porque sem você não sei nem chorar
Sou chama sem luz
jardim sem luar
luar sem amor
amor sem se dar
E eu sem você
sou só desamor
um barco sem mar
um campo sem flor
Tristeza que vai
tristeza que vem
Sem você meu amor eu não sou
ninguém"...
V. de Moraes
porque sem você não sei nem chorar
Sou chama sem luz
jardim sem luar
luar sem amor
amor sem se dar
E eu sem você
sou só desamor
um barco sem mar
um campo sem flor
Tristeza que vai
tristeza que vem
Sem você meu amor eu não sou
ninguém"...
V. de Moraes
samba triste
Samba triste a gente faz assim
Eu aqui você longe de mim, de mim...
Agora eu sei que toda vez que o amor existe
Há sempre um sambe triste, meu bem...
Samba que vem de você, amor...
Eu aqui você longe de mim, de mim...
Agora eu sei que toda vez que o amor existe
Há sempre um sambe triste, meu bem...
Samba que vem de você, amor...
Palhaço
"Sei que é doloroso um palhaço
Se afastar do palco por alguém
Volta que a platéia te reclama
Sei que choras palhaço
Por alguém que não te ama.
Enxuga os olhos e me dá um abraço
Não te esqueças que és um palhaço
Faz a platéia gargalhar
Um palhaço não deve chorar".
Baden
Se afastar do palco por alguém
Volta que a platéia te reclama
Sei que choras palhaço
Por alguém que não te ama.
Enxuga os olhos e me dá um abraço
Não te esqueças que és um palhaço
Faz a platéia gargalhar
Um palhaço não deve chorar".
Baden
terça-feira, 17 de novembro de 2009
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
domingo, 15 de novembro de 2009
Só
Estou completamente só.
Nunca nasci e morri tanto como agora.
Fui abortado do todo sem escolha.
Não há outro em mim,
Pois vivo demasiado entristecido por mim.
Se compartilho-me, partilho-me.
Se parto em tua direção, corres, foges...
E eu renasço, como um parto, acordo.
Não divido minha paixão com nenhuma violeta.
Todas foram pisoteadas
Por uma nave que não posso mais controlar...
Estou tão perdido que mal posso sonhar...
Tão infinito que mal posso me ver.
E você é tão veloz, tão algoz, que desaparece cedo.
Só queria o conforto de chorar por teu pranto.
Me dói na carne ser tão só... tão só...
Onde está meu reflexo, onde estão meus filhos...
Onde está a tranquilidade do caos de tua pele?
Estarei respirando quando notares que somos um?
Meu coração foi arrancado por meus dedos,
Para ser entregue a você como a prova do tempo.
Estou tão só, que nem sei mais como é estar só.
Nunca nasci e morri tanto como agora.
Fui abortado do todo sem escolha.
Não há outro em mim,
Pois vivo demasiado entristecido por mim.
Se compartilho-me, partilho-me.
Se parto em tua direção, corres, foges...
E eu renasço, como um parto, acordo.
Não divido minha paixão com nenhuma violeta.
Todas foram pisoteadas
Por uma nave que não posso mais controlar...
Estou tão perdido que mal posso sonhar...
Tão infinito que mal posso me ver.
E você é tão veloz, tão algoz, que desaparece cedo.
Só queria o conforto de chorar por teu pranto.
Me dói na carne ser tão só... tão só...
Onde está meu reflexo, onde estão meus filhos...
Onde está a tranquilidade do caos de tua pele?
Estarei respirando quando notares que somos um?
Meu coração foi arrancado por meus dedos,
Para ser entregue a você como a prova do tempo.
Estou tão só, que nem sei mais como é estar só.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
flores mortas
Tenho flores mortas
Na janela do quarto.
Ao som de saxofone
Eu aparento morrer.
Ainda sinto o cheiro
Do perfume de cravo.
Quando durmo vasto
Teus olhos posso ver.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
uma respiração
Budismo: Tudo é impermanente.
Milan Kundera: A Insustentável Leveza do Ser.
M. Merleau Ponty: Eu não tem exterior, assim como o outro não tem interior.
---------------------------------------------------------------------------
Amor... A confirmação da experiência interior do outro, no seu próprio interior. O coosentimento.
João: Deixa ela, que ela existe.
O amor como relação afetiva. O amor como busca espiritual.
Espiritual: A melhor forma de compartilhar o interior.
Isso varia de lugar para lugar, de tempos para tempos.
Ao nascer nos desligamos, nos tornamos indivíduo. Somos ilha.
Há a pura necessidade de ligação. Alguém que divida o interior. Isso se chama AVENTURA.
Gozar, gozar, gozar, gozar e gozar.
Amor é geral, Amor: Amar alguém, amar alguém(s).
E é tudo muito bom.
---------------------------------------------------------------------------
Aquele que só tem certezas não seria o tolo? Como se furtar ao mundo? Como se furtar ao mercado de consumo? É impossível. É herrado.
--
(Todo mundo se sente perdido, e precisa conversar).
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Canto ao Medo
Me canso de ter medo,
Puro medo de ser mudo.
Eu sou pequeno.
Sou o medo do mundo.
Talvez eu não seja
Algo que você(eu) veja.
Eu quase não tenho sentidos,
Sofro, sofro, quieto, quieto.
Eu sou uma mentira.
Eu não sei o que mentir.
Sou uma decepção que devasta.
Um grande nada que se basta.
Sou o começo do fim, como as flores.
Mas eu desconheço a mim.
Eu tenho apenas essa forma
Ela é tudo que eu tenho.
Eu não me chamo mais João.
Não posso mais ser ele. Ele são.
Me proteja. Transforme minhas mãos.
Sou apenas uma mulher presa.
Minha força bruta é forte.
Lança-me no abismo. A mulher e a morte.
Eu sou medo e minha pureza me apavora
Não tenho pressa, não tenho. Perdi a hora.
Meu destino é permanecer.
Minha luz, só, esquece de ser.
Não há ninguém, ninguém que mereça
Tanta solidão. Nem uma nesga do mundo.
Sou o fraco, o que você queria?
A minha força vem por que sou calmo.
No quadro, uma tolice de apaixonado.
Um ser que ama sofrer, ser enganado.
Ao mesmo passo que se sente cansado,
Meu coração sabe que vai morrer.
E quando ele morrer, irei junto e feliz.
Diga que quase amei, foi por um triz!
Estou mais vivo do que nunca.
Disso as paredes já suspeitam.
Não leia mais sobre tudo,
Não leia tanto, meu coração se apagou.
Meu coração se apagou.
Meu coração se apagou.
Meu coração é uma vida separada.
Sem teu corpo, para sempre há de ser nada.
Esse coração é um banco de praça...
Pintado com as cores da desgraça.
Meu coração é tolo e antigo.
Para ser lido, precisa ser esquecido.
Ele sabe que há de se esquecer
Por ter sabido tanto sofrer.
Logo essas palavras nascem...
Logo essas palavras morrem...
Meu medo, meu peito, nasceram sem morrer.
Minha melhor amiga é a dor, sem saber.
Espalho por minha pele meu espírito.
Poderá sentir o aroma doce, dito?
Vou dormir. Vou dormir para sempre.
Não sei mais acordar para sempre.
Estou pronto. Tenho sono.
Estou pronto. Tenho fome.
Tenho o que tenho,
Cresço para dentro.
Não tenho caminho...
Perco-me só e com frio.
Ando descalço, bebo vinho.
Bebo seu passo, ando sozinho.
Puro medo de ser mudo.
Eu sou pequeno.
Sou o medo do mundo.
Talvez eu não seja
Algo que você(eu) veja.
Eu quase não tenho sentidos,
Sofro, sofro, quieto, quieto.
Eu sou uma mentira.
Eu não sei o que mentir.
Sou uma decepção que devasta.
Um grande nada que se basta.
Sou o começo do fim, como as flores.
Mas eu desconheço a mim.
Eu tenho apenas essa forma
Ela é tudo que eu tenho.
Eu não me chamo mais João.
Não posso mais ser ele. Ele são.
Me proteja. Transforme minhas mãos.
Sou apenas uma mulher presa.
Minha força bruta é forte.
Lança-me no abismo. A mulher e a morte.
Eu sou medo e minha pureza me apavora
Não tenho pressa, não tenho. Perdi a hora.
Meu destino é permanecer.
Minha luz, só, esquece de ser.
Não há ninguém, ninguém que mereça
Tanta solidão. Nem uma nesga do mundo.
Sou o fraco, o que você queria?
A minha força vem por que sou calmo.
No quadro, uma tolice de apaixonado.
Um ser que ama sofrer, ser enganado.
Ao mesmo passo que se sente cansado,
Meu coração sabe que vai morrer.
E quando ele morrer, irei junto e feliz.
Diga que quase amei, foi por um triz!
Estou mais vivo do que nunca.
Disso as paredes já suspeitam.
Não leia mais sobre tudo,
Não leia tanto, meu coração se apagou.
Meu coração se apagou.
Meu coração se apagou.
Meu coração é uma vida separada.
Sem teu corpo, para sempre há de ser nada.
Esse coração é um banco de praça...
Pintado com as cores da desgraça.
Meu coração é tolo e antigo.
Para ser lido, precisa ser esquecido.
Ele sabe que há de se esquecer
Por ter sabido tanto sofrer.
Logo essas palavras nascem...
Logo essas palavras morrem...
Meu medo, meu peito, nasceram sem morrer.
Minha melhor amiga é a dor, sem saber.
Espalho por minha pele meu espírito.
Poderá sentir o aroma doce, dito?
Vou dormir. Vou dormir para sempre.
Não sei mais acordar para sempre.
Estou pronto. Tenho sono.
Estou pronto. Tenho fome.
Tenho o que tenho,
Cresço para dentro.
Não tenho caminho...
Perco-me só e com frio.
Ando descalço, bebo vinho.
Bebo seu passo, ando sozinho.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Ser um corpo único.
Por que será que a ideia de sermos um corpo só nos amedronta?
Nesta linha de mistério que isola nosso corpo, e que sempre nos surpreende, encontrar na figura exterior reflexos da figura interior é existir?
Mas o corpo, o corpo, é menor que o pensamento.
Então por quê querer ter mais liberdade do que se tem?
Eu me canso pois não consigo parar de ser.
Minha condição é tão pequena, enquanto a condição sua é tão maior que a minha, por ser parte de um Universo externo, onde a condição é tão grande que nem se chama condição.
Será que é possível achar uma cura para a condição?
Ou melhor, é possível encontrar a cura para o medo da condição?
Afinal, de que vale ser assim tão sensato?
Por que será que a ideia de sermos um corpo só nos amedronta?
Nesta linha de mistério que isola nosso corpo, e que sempre nos surpreende, encontrar na figura exterior reflexos da figura interior é existir?
Mas o corpo, o corpo, é menor que o pensamento.
Então por quê querer ter mais liberdade do que se tem?
Eu me canso pois não consigo parar de ser.
Minha condição é tão pequena, enquanto a condição sua é tão maior que a minha, por ser parte de um Universo externo, onde a condição é tão grande que nem se chama condição.
Será que é possível achar uma cura para a condição?
Ou melhor, é possível encontrar a cura para o medo da condição?
Afinal, de que vale ser assim tão sensato?
domingo, 8 de novembro de 2009
O que eu sei?
Eu continuo a te dizer sobre tudo
Dos absurdos e das coisas da vida
Já deixei cartas no seu criado mudo
E só me resta encontrar a saída
Por um breve segundo
Todo o medo do mundo
Se tornou um alegre jardim
E você me cantava assim
Assim, devagarinho um DÓ
Que me deixou melhor
Acho que foi sua mão
Que fez essa canção
Se a rua vai, voltarei
Sem você eu não partirei...
a vida inteira eu quis ser rei,
mas o que eu sei?
Com sete cores pintarei o meu muro
Um tanto certo é pensar na subida
Num passo tento te envolver nessa dança
E te dar flores, minha meiga querida.
Se o escuro do espaço
Vir aos olhos, num lapso
Estaremos num fragíl capim
Andaremos descalços, enfim.
Acho que é melhor
Não viajar tão só
Pegar estrada e não andar na contramão.
Se a rua vai, voltarei
Sem você não partirei
a vida inteira eu quis ser rei,
mas o que eu sei?
Dos absurdos e das coisas da vida
Já deixei cartas no seu criado mudo
E só me resta encontrar a saída
Por um breve segundo
Todo o medo do mundo
Se tornou um alegre jardim
E você me cantava assim
Assim, devagarinho um DÓ
Que me deixou melhor
Acho que foi sua mão
Que fez essa canção
Se a rua vai, voltarei
Sem você eu não partirei...
a vida inteira eu quis ser rei,
mas o que eu sei?
Com sete cores pintarei o meu muro
Um tanto certo é pensar na subida
Num passo tento te envolver nessa dança
E te dar flores, minha meiga querida.
Se o escuro do espaço
Vir aos olhos, num lapso
Estaremos num fragíl capim
Andaremos descalços, enfim.
Acho que é melhor
Não viajar tão só
Pegar estrada e não andar na contramão.
Se a rua vai, voltarei
Sem você não partirei
a vida inteira eu quis ser rei,
mas o que eu sei?
O que eu sei?
Eu continuo a te dizer sobre tudo
Dos absurdos e das coisas da vida
Já deixei cartas no seu criado mudo
E só me resta encontrar a saída
Por um breve segundo
Todo o medo do mundo
Se tornou um alegre jardim
E você me cantava assim
Assim, devagarinho um DÓ
Que me deixou melhor
Acho que foi sua mão
Que fez essa canção
Se a rua vai, voltarei
Sem você eu nunca partirei...
a vida inteira eu quis ser rei,
mas o que eu sei?
Com sete cores pintarei o meu muro
Um tanto certo é pensar na subida
Num passo tento te envolver nessa dança
E te dar flores, minha meiga querida.
Se o escuro do espaço
Vir aos olhos, num lapso
Estaremos num fragíl capim
Andaremos descalços, enfim
An han acho que é melhor
Não viajar tão só
Pegar estrada e não andar na contramao.
Se a rua vai, voltarei
Sem você nunca partirei
a vida inteira eu quis ser rei,
mas o que eu sei?
Dos absurdos e das coisas da vida
Já deixei cartas no seu criado mudo
E só me resta encontrar a saída
Por um breve segundo
Todo o medo do mundo
Se tornou um alegre jardim
E você me cantava assim
Assim, devagarinho um DÓ
Que me deixou melhor
Acho que foi sua mão
Que fez essa canção
Se a rua vai, voltarei
Sem você eu nunca partirei...
a vida inteira eu quis ser rei,
mas o que eu sei?
Com sete cores pintarei o meu muro
Um tanto certo é pensar na subida
Num passo tento te envolver nessa dança
E te dar flores, minha meiga querida.
Se o escuro do espaço
Vir aos olhos, num lapso
Estaremos num fragíl capim
Andaremos descalços, enfim
An han acho que é melhor
Não viajar tão só
Pegar estrada e não andar na contramao.
Se a rua vai, voltarei
Sem você nunca partirei
a vida inteira eu quis ser rei,
mas o que eu sei?
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Simples
Tento encontrar uma página branca
Mas as lágrimas dos galhos da manhã
Borram a tinta de meu caderno
E apagam meu cigarro, lentamente.
Minha vontade é nula,
Eu apenas tenho que contemplar
As palavra indo embora
E deixando marcas de agonia
Em enormes manchas de meu corpo.
Nesta manhã, eu não sou mais palavras.
Apenas esta página branca...
Sem mais de mim,
Os versos também são brancos.
De que adianta especular
E fazer laços com pensamentos?
Neste chão de seixos em silêncio,
O que sacode o mundo
E perfura o crânio dos pássaros,
É a pura simplicidade do meu canto.
Quanto mais simples,
Maçãs simples, melhor.
Posso então sentir,
Pelo silêncio, as palavras.
Mas as lágrimas dos galhos da manhã
Borram a tinta de meu caderno
E apagam meu cigarro, lentamente.
Minha vontade é nula,
Eu apenas tenho que contemplar
As palavra indo embora
E deixando marcas de agonia
Em enormes manchas de meu corpo.
Nesta manhã, eu não sou mais palavras.
Apenas esta página branca...
Sem mais de mim,
Os versos também são brancos.
De que adianta especular
E fazer laços com pensamentos?
Neste chão de seixos em silêncio,
O que sacode o mundo
E perfura o crânio dos pássaros,
É a pura simplicidade do meu canto.
Quanto mais simples,
Maçãs simples, melhor.
Posso então sentir,
Pelo silêncio, as palavras.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Distraída
Quando a primeira gota escorreu
Ninguém dançava mais do que eu
Mas a chuva é só uma dança
Esquecida.
Do ouro, de volta, se enriqueceu,
E as folhas verdes ele percebeu
Escondendo-se da lua
Na sua vida.
Em breve a memória será Deus
E os amores que ela perdeu
Serão a chave de uma porta
Proibida.
Foi quando o mundo adormeceu
E a terra toda estremeceu
Com a mágica de Amanda,
Distraída.
Ninguém dançava mais do que eu
Mas a chuva é só uma dança
Esquecida.
Do ouro, de volta, se enriqueceu,
E as folhas verdes ele percebeu
Escondendo-se da lua
Na sua vida.
Em breve a memória será Deus
E os amores que ela perdeu
Serão a chave de uma porta
Proibida.
Foi quando o mundo adormeceu
E a terra toda estremeceu
Com a mágica de Amanda,
Distraída.
sábado, 31 de outubro de 2009
Romeu Ébrio
Vá embora, pois sofro por ter te conhecido...
Você acabou de perder os meus, antes de tudo...
Tanto pior ou melhor, que vá procurar outros...
Eu sou assim... e você, mente cega,
Vá procurar alguma pedra para seu desamor.
Eu sou feito de carne e osso, sou moço.
E eu mal posso quebrar o gelo daqui.
Se por um segundo regurgitar fogo,
Não te engano. Por que não vens?
Estou mais só que minha própria solidão...
Chove na cidade.
Orgasmo, convulsão.
Você acabou de perder os meus, antes de tudo...
Tanto pior ou melhor, que vá procurar outros...
Eu sou assim... e você, mente cega,
Vá procurar alguma pedra para seu desamor.
Eu sou feito de carne e osso, sou moço.
E eu mal posso quebrar o gelo daqui.
Se por um segundo regurgitar fogo,
Não te engano. Por que não vens?
Estou mais só que minha própria solidão...
Chove na cidade.
Orgasmo, convulsão.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Não sei mais...
Não quero saber.
Sinto-me cansado...
Profundamente cansado.
Dessa merda toda escrita...
Paredes de cores tão irreais.
Feitas de silêncio... e tempo.
Nada disso me diz mais nada.
Hoje é uma manhã azul, nua.
E eu permaneço frio, nú.
Talvez eu desça os andares vazios...
Toque gaita sob as árvores...
Ou consuma mais fumaça.
Amordaçar a ansiedade...
Talvez eu possa rir
De tudo que me dizem...
Concordar com qualquer tolice...
Talvez eu deva trabalhar com afinco,
Executar canções de amor à qualquer uma.
Não importa. Não sei mais...
Quero dormir no escuro.
Está me consumindo, as palavras...
A poeta.
Não quero saber.
Sinto-me cansado...
Profundamente cansado.
Dessa merda toda escrita...
Paredes de cores tão irreais.
Feitas de silêncio... e tempo.
Nada disso me diz mais nada.
Hoje é uma manhã azul, nua.
E eu permaneço frio, nú.
Talvez eu desça os andares vazios...
Toque gaita sob as árvores...
Ou consuma mais fumaça.
Amordaçar a ansiedade...
Talvez eu possa rir
De tudo que me dizem...
Concordar com qualquer tolice...
Talvez eu deva trabalhar com afinco,
Executar canções de amor à qualquer uma.
Não importa. Não sei mais...
Quero dormir no escuro.
Está me consumindo, as palavras...
A poeta.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
limpeza
Raios! Garras! Fui tomado pela discórdia!
Um bêbado que morreu por ali! Não!
Não é possível, não é claro o suficiente!
Tomara que a mão não fique dormente!
Torpor! Embriagado! Louco!
Tortura ensandecida em minhas vísceras!
Meu caro amigo, astronauta pálido, aracnídeo,
Pergunte mais uma vez ao desamor!
Perdão! Apego à tua morte! Se corte!
Cara pálida, no pó! Seja a verdade,
Você deseja que ela veja
O pior, antes do fim,
O menor, de princípio, enfim!
Arbustos da minha tripa negra! Decrépito, sigo calvo e nú.
Malditos! De Hollywood! Song of freedom! CÚ!
Vai pra merda, deputado! Trepa com a pata do eleitorado!
É um coelhinho que se manda! Ja dormiu mal assombrado?
Vai correndo para a escola, vai cagar no cagador!
Ruminantes! Sacripantas! Esterco das Malvinas!
Espaços floridos da Espanha, Espanha n'Alemanha!
Viva Gana! Gananciosos, profetas, camaradas!
Parceiros de ereção da cizânia!
Bostas de verme! Botas de pixe!
Demônios sem garoa!
Anfíbios abandonados!
Gemas de ovo estragadas, adiciona-se cinco olhos de peixe!
Morra amante da estrada!
Colírio pro meu sol que andava tão seixo!
Uma pedra, uma arma, uma pisada no quadril!
Garfos insaciáveis de encanto, um mármore rosa e frágil!
Um sapato apátrida e apático, paspalho!
Solto a vesícula principal, solte o pum, a após!
A proporção de Deus, no fogo do inferno escroto!
Vil e insensível! Tolo, fétido e filho da puta!
Desejo sua morte, desejo o seu mal, sua sorte avessa!
Role, carne imunda de sangue podre! Caia do penhasco!
Morra comigo num espinho de luz e ódio!
Folclóricos amigos, amargos, bandidos!
Morri, agora. Morra também comigo!
Asco anônimo, fraco antônimo, nenhum...
Nenhum sóbrio ânimo.
Um bêbado que morreu por ali! Não!
Não é possível, não é claro o suficiente!
Tomara que a mão não fique dormente!
Torpor! Embriagado! Louco!
Tortura ensandecida em minhas vísceras!
Meu caro amigo, astronauta pálido, aracnídeo,
Pergunte mais uma vez ao desamor!
Perdão! Apego à tua morte! Se corte!
Cara pálida, no pó! Seja a verdade,
Você deseja que ela veja
O pior, antes do fim,
O menor, de princípio, enfim!
Arbustos da minha tripa negra! Decrépito, sigo calvo e nú.
Malditos! De Hollywood! Song of freedom! CÚ!
Vai pra merda, deputado! Trepa com a pata do eleitorado!
É um coelhinho que se manda! Ja dormiu mal assombrado?
Vai correndo para a escola, vai cagar no cagador!
Ruminantes! Sacripantas! Esterco das Malvinas!
Espaços floridos da Espanha, Espanha n'Alemanha!
Viva Gana! Gananciosos, profetas, camaradas!
Parceiros de ereção da cizânia!
Bostas de verme! Botas de pixe!
Demônios sem garoa!
Anfíbios abandonados!
Gemas de ovo estragadas, adiciona-se cinco olhos de peixe!
Morra amante da estrada!
Colírio pro meu sol que andava tão seixo!
Uma pedra, uma arma, uma pisada no quadril!
Garfos insaciáveis de encanto, um mármore rosa e frágil!
Um sapato apátrida e apático, paspalho!
Solto a vesícula principal, solte o pum, a após!
A proporção de Deus, no fogo do inferno escroto!
Vil e insensível! Tolo, fétido e filho da puta!
Desejo sua morte, desejo o seu mal, sua sorte avessa!
Role, carne imunda de sangue podre! Caia do penhasco!
Morra comigo num espinho de luz e ódio!
Folclóricos amigos, amargos, bandidos!
Morri, agora. Morra também comigo!
Asco anônimo, fraco antônimo, nenhum...
Nenhum sóbrio ânimo.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
O Pé e a Cabeça
Que um piano forte possa ouvir-me todo
Quando jovem eu possuir milhares de anos.
É nessa música que vive a calma aquecida
Por um tanto de martelos e pregos errantes.
Por uma boca linda e perdida,
Pairando o sol no céu de trigo,
Tornando a bondade núpcias.
Sem coragem resta o peito nú.
Humilde verme crú, cor de turquesa...
Evacuando minh'alma cheia de honestidade,
Que corre inteira nesse campo só,
Desafia o eco amargo, átomo artístico,
Amplo de riso, alto de ouvido,
Agonia pobre de tão rica presença...
Podre. Uma rasteira no ser encantado.
Chore por mim, por vidas secas,
Nunca! Negra marca.
Arca jamais navegável,
Jangada que parte do mar!
"O-O-O-O-O MAR!
QUANDO QUEBRA NA PRAIA
É BONITO-O
É BONITO-O-O-O!"
Quando jovem eu possuir milhares de anos.
É nessa música que vive a calma aquecida
Por um tanto de martelos e pregos errantes.
Por uma boca linda e perdida,
Pairando o sol no céu de trigo,
Tornando a bondade núpcias.
Sem coragem resta o peito nú.
Humilde verme crú, cor de turquesa...
Evacuando minh'alma cheia de honestidade,
Que corre inteira nesse campo só,
Desafia o eco amargo, átomo artístico,
Amplo de riso, alto de ouvido,
Agonia pobre de tão rica presença...
Podre. Uma rasteira no ser encantado.
Chore por mim, por vidas secas,
Nunca! Negra marca.
Arca jamais navegável,
Jangada que parte do mar!
"O-O-O-O-O MAR!
QUANDO QUEBRA NA PRAIA
É BONITO-O
É BONITO-O-O-O!"
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Onde você mora?
Eu preciso saber onde você mora,
Quero tua sala de estar e tua cama,
"Me desespero a procurar alguma forma de lhe falar"...
Não quero as mediações eletrônicas de cobre e aço,
Pois isso me impede de ouvir música na tua voz...
Quero beijar-te até que a tua boca
Troque de lugar com a minha, sem pedir licença.
Quero chorar a chuva na sua frente, como um bebê faminto.
Cansei de ser infinito...
Apenas quero parar...
Estacionar.
Em cima de você, da sua acidez, das suas promessas.
Quero morrer na tua vida...
Quero vida para morrer...
Quero beijos...
E teu endereço grafado num poema bêbado, cheio de sexo e aromas.
Sentir teus seios em meu peito
Quando te apertar de saudade, uma saudade de homem.
E mesmo com meu hálito amargo de solidão,
Que eu possa te dizer nos olhos que amo teu umbigo,
Pois o meu está demasiado só, perdido no meio de mim.
Vem pra mim...
Traga o vinho...
Traga os versos...
Traga amigos, bons e delicados... não gosto dos rudes.
Fique em silêncio ao meu lado por 500 horas...
Diga a todo mundo que tua mão apertou meu pescoço,
E tuas pernas conferiram as minhas num abraço perfeito...
Pois te amo...
Quero tua sala de estar e tua cama,
"Me desespero a procurar alguma forma de lhe falar"...
Não quero as mediações eletrônicas de cobre e aço,
Pois isso me impede de ouvir música na tua voz...
Quero beijar-te até que a tua boca
Troque de lugar com a minha, sem pedir licença.
Quero chorar a chuva na sua frente, como um bebê faminto.
Cansei de ser infinito...
Apenas quero parar...
Estacionar.
Em cima de você, da sua acidez, das suas promessas.
Quero morrer na tua vida...
Quero vida para morrer...
Quero beijos...
E teu endereço grafado num poema bêbado, cheio de sexo e aromas.
Sentir teus seios em meu peito
Quando te apertar de saudade, uma saudade de homem.
E mesmo com meu hálito amargo de solidão,
Que eu possa te dizer nos olhos que amo teu umbigo,
Pois o meu está demasiado só, perdido no meio de mim.
Vem pra mim...
Traga o vinho...
Traga os versos...
Traga amigos, bons e delicados... não gosto dos rudes.
Fique em silêncio ao meu lado por 500 horas...
Diga a todo mundo que tua mão apertou meu pescoço,
E tuas pernas conferiram as minhas num abraço perfeito...
Pois te amo...
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Poetinha Camarada
"Tristeza não tem fim,
Felicidade sim."
É, Vinicius de Moraes...
O senhor sabia bem disso...
Mas o que eu sei (e você também)?
"E se não tivesse o amor?
E se não tivesse essa dor,
E se não tivesse o sofrer,
E se não tivesse o chorar,
Melhor era tudo se acabar..."
Gracias, Señor. Renasça em mim mais uma vez...
"Coitado do homem que cai
No canto de ossanha, traidor.
Coitado do homem que vai
Atrás de mandinga de amor
Vai, vai, vai, vai sofrer
Vai, vai, vai, vai chorar
Vai, vai, vai, vai viver
Vai, vai, vai, vai amar..."
É, meu Poeta...
Com a sorte e a força, em mil anos luz,
Quem teria coragem, meu senhor?
Quem terá?
"Vai, vai
Vai, vai...
Amar!
viver!"
Felicidade sim."
É, Vinicius de Moraes...
O senhor sabia bem disso...
Mas o que eu sei (e você também)?
"E se não tivesse o amor?
E se não tivesse essa dor,
E se não tivesse o sofrer,
E se não tivesse o chorar,
Melhor era tudo se acabar..."
Gracias, Señor. Renasça em mim mais uma vez...
"Coitado do homem que cai
No canto de ossanha, traidor.
Coitado do homem que vai
Atrás de mandinga de amor
Vai, vai, vai, vai sofrer
Vai, vai, vai, vai chorar
Vai, vai, vai, vai viver
Vai, vai, vai, vai amar..."
É, meu Poeta...
Com a sorte e a força, em mil anos luz,
Quem teria coragem, meu senhor?
Quem terá?
"Vai, vai
Vai, vai...
Amar!
viver!"
Mais um poema se derramou cedo...
Derramou. A gota. O lago.
Antes da noite ser toda.
E a gente se deixa derramar junto,
Como um parto, como o mar.
Escorre pelo mundo como gelo partido.
E não se acalma com o gesto, é bonito.
Não fossem negros os cabelos
Talvez não houvesse tanta pressa.
Nesse jogo, a alma confessa
Pois não há mais tanto tempo assim.
Quando a carne é prata precisa brilhar.
Dê-me apenas a luz, em silêncio ou em canto.
Basta que minha mão sorria, de encanto.
Acorde quente numa cama macia. Só assim aprende.
Pede perdão...
As vezes tanta adoração, pequena,
Tem um meigo sabor de solidão...
Esse cheiro de mármore me envolve rosa.
Me pede o arrependimento que ainda não nasceu.
Desce meus orgãos com tempero de estrela.
L'infini roulé blanc de ta nuque à tes reins.
Não me espero assim tão cedo, te quero cedo.
Just take me... like a hand, like a heart...
To somewhere i have never travelled, gladly beyond.
Percebo, sonolento, despetalado,
Que meu querer é somente maior
Que o pedaço de você em mim.
Amo e vivo tanto, e pouco, e muito é o pranto.
O quanto de mim existe...
Nessa maçã de rosto lindo, e triste?
Antes da noite ser toda.
E a gente se deixa derramar junto,
Como um parto, como o mar.
Escorre pelo mundo como gelo partido.
E não se acalma com o gesto, é bonito.
Não fossem negros os cabelos
Talvez não houvesse tanta pressa.
Nesse jogo, a alma confessa
Pois não há mais tanto tempo assim.
Quando a carne é prata precisa brilhar.
Dê-me apenas a luz, em silêncio ou em canto.
Basta que minha mão sorria, de encanto.
Acorde quente numa cama macia. Só assim aprende.
Pede perdão...
As vezes tanta adoração, pequena,
Tem um meigo sabor de solidão...
Esse cheiro de mármore me envolve rosa.
Me pede o arrependimento que ainda não nasceu.
Desce meus orgãos com tempero de estrela.
L'infini roulé blanc de ta nuque à tes reins.
Não me espero assim tão cedo, te quero cedo.
Just take me... like a hand, like a heart...
To somewhere i have never travelled, gladly beyond.
Percebo, sonolento, despetalado,
Que meu querer é somente maior
Que o pedaço de você em mim.
Amo e vivo tanto, e pouco, e muito é o pranto.
O quanto de mim existe...
Nessa maçã de rosto lindo, e triste?
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Dylanesca II
Sua vez de ouvir mais uma vez,
Os sonhos de meus versos tristonhos.
Andei no mundo perdido demais...
Com minha viola atrás...
Olhando a chuva inaugurando o amanhecer.
Prefiro esquecer.
Melhor ser vela na escuridão
Pra você ver
Meu olhar sangrando gemas...
E a escuridão não ser apenas,
Como um raio você vem
E na roupa veste o sol...
Que embeleza o meu lençol.
Sobrevoar os lábios da visão,
Soprando pérolas de vento ao meu refrão
E o eterno sempre amor
Continua em minha vida...
Sinto a flor mais esquecida...
Você devia me escutar melhor.
Mesmo sozinho eu não me sinto só
Não se renda ao medo teu,
Ainda resta a esperança...
Quando se dança essa dança,
Que se trança ao seu melhor...
Os sonhos de meus versos tristonhos.
Andei no mundo perdido demais...
Com minha viola atrás...
Olhando a chuva inaugurando o amanhecer.
Prefiro esquecer.
Melhor ser vela na escuridão
Pra você ver
Meu olhar sangrando gemas...
E a escuridão não ser apenas,
Como um raio você vem
E na roupa veste o sol...
Que embeleza o meu lençol.
Sobrevoar os lábios da visão,
Soprando pérolas de vento ao meu refrão
E o eterno sempre amor
Continua em minha vida...
Sinto a flor mais esquecida...
Você devia me escutar melhor.
Mesmo sozinho eu não me sinto só
Não se renda ao medo teu,
Ainda resta a esperança...
Quando se dança essa dança,
Que se trança ao seu melhor...
The Book of Love
"The book of love is long and boring
No one can lift the damn thing
It's full of charts and facts and figures
And instructions for dancing
But i
I love it when you read to me
And you
You can read me anything
The book of love has music in it
In fact that's where music comes from
Some of it is just transcendental
Some of it is just really dumb
But i
I love it when you sing to me
And you
You can sing me anything
The book of love is long and boring
And written very long ago
It's full of flowers and heart-shaped boxes
And things we're all too young to know
But i
I love it when you give me things
And you
You ought to give me wedding rings
And i
I love it when you give me things
And you
You ought to give me wedding rings
You ought to give me wedding rings".
Peter Gabriel
No one can lift the damn thing
It's full of charts and facts and figures
And instructions for dancing
But i
I love it when you read to me
And you
You can read me anything
The book of love has music in it
In fact that's where music comes from
Some of it is just transcendental
Some of it is just really dumb
But i
I love it when you sing to me
And you
You can sing me anything
The book of love is long and boring
And written very long ago
It's full of flowers and heart-shaped boxes
And things we're all too young to know
But i
I love it when you give me things
And you
You ought to give me wedding rings
And i
I love it when you give me things
And you
You ought to give me wedding rings
You ought to give me wedding rings".
Peter Gabriel
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Anjo da Música
Fantástico! A tristeza é sensível!
Um gole d'água fresca!
Um sumo de fruta gorda!
Após derreter as flores do vale
Com minhas lágrimas noturnas,
Deparei-me com um conjunto
Entoando o canto erudito
De uma melodia belíssima!
Envolvente e com mui sentimento...
Ora, que momento seria melhor para ouvi-los?
As notas cantadas brilham
Como se todo esse amor não fosse só meu.
Curioso acaso para a minha poesia
Que andava tão solitária.
Mui amorosa, ela deparou-se
Com um breve momento sublime.
Onde a trágica condição harmônica
Enaltece a minha própria condição.
No fundo, tentei tornar-me um melhor entendedor.
Essas lágrimas são necessárias!
Não transmitem nenhuma solução, além de soluços,
Mas ajudam a pensar melhor.
E o amor por que sofre?
Ora, não seja assim tão pessimista.
De que outra forma a vida poderia chorar?
Deixa ela desabafar de vez em quando, homem de deus!
Ela vai precisar.
Um gole d'água fresca!
Um sumo de fruta gorda!
Após derreter as flores do vale
Com minhas lágrimas noturnas,
Deparei-me com um conjunto
Entoando o canto erudito
De uma melodia belíssima!
Envolvente e com mui sentimento...
Ora, que momento seria melhor para ouvi-los?
As notas cantadas brilham
Como se todo esse amor não fosse só meu.
Curioso acaso para a minha poesia
Que andava tão solitária.
Mui amorosa, ela deparou-se
Com um breve momento sublime.
Onde a trágica condição harmônica
Enaltece a minha própria condição.
No fundo, tentei tornar-me um melhor entendedor.
Essas lágrimas são necessárias!
Não transmitem nenhuma solução, além de soluços,
Mas ajudam a pensar melhor.
E o amor por que sofre?
Ora, não seja assim tão pessimista.
De que outra forma a vida poderia chorar?
Deixa ela desabafar de vez em quando, homem de deus!
Ela vai precisar.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
O que será que serei eu?
O que será que serei eu?
Um comedor de cal e caracóis?
Uma folha verde que sossega na fumaça?
O primeiro traço de um bebê,
Ou o último traço de um artista?
O que será que serei eu?
A voz real da pessoa amada?
Uma fuga pelo teu próprio caminho?
Um naco de nuvem nanica,
Ou o riso daquela morena?
O que será que serei eu?
O vigilante de um castelo em chamas?
Um murro que levamos na costela?
Uma breve jornada para casa,
Ou uma última volta ao mundo?
O que será que serei eu?
Um ser que ama em desespero?
Um ser que chora pelo infinito?
Uma pedra que rola no abismo?
Uma paixão que te torna aflito?
O que será que serei eu?
Um comedor de cal e caracóis?
Uma folha verde que sossega na fumaça?
O primeiro traço de um bebê,
Ou o último traço de um artista?
O que será que serei eu?
A voz real da pessoa amada?
Uma fuga pelo teu próprio caminho?
Um naco de nuvem nanica,
Ou o riso daquela morena?
O que será que serei eu?
O vigilante de um castelo em chamas?
Um murro que levamos na costela?
Uma breve jornada para casa,
Ou uma última volta ao mundo?
O que será que serei eu?
Um ser que ama em desespero?
Um ser que chora pelo infinito?
Uma pedra que rola no abismo?
Uma paixão que te torna aflito?
O que será que serei eu?
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Formosa
Quem me dera
Poder mergulhar
No mar dos olhos
Dessa menina
De pele clara e rosa,
Oceano que não termina,
Frágil como uma casa,
É seu narizinho, Marina.
Se eu pudesse guardar o mundo
Seria na tua voz que rima.
E quanto menos o tempo passa
Maior o desejo que desatina.
Logo eu fui te conhecer
E suas mãos tão pequeninas
Fez da minha voz meus versos,
Pois ser livre é minha sina.
Poder mergulhar
No mar dos olhos
Dessa menina
De pele clara e rosa,
Oceano que não termina,
Frágil como uma casa,
É seu narizinho, Marina.
Se eu pudesse guardar o mundo
Seria na tua voz que rima.
E quanto menos o tempo passa
Maior o desejo que desatina.
Logo eu fui te conhecer
E suas mãos tão pequeninas
Fez da minha voz meus versos,
Pois ser livre é minha sina.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Essa história de vida...
Essa história de vida...
Me impressiona à beça...
Tento sempre tanto...
... ser nada.
Ah, meus olhos de sangue
Supremos, em fogo, ligeiros.
Rachando seus glóbulos vermelhos
Num aborto totalmente eficaz.
Arando o solo da pele,
Cozendo chás e sóis.
Melhor era todo essa amor se acabar,
Ou talvez recomeçar seu voo.
Gosto da vida como ela de mim.
Gosto da maneira com que brotam,
Afloram e depois florescem, as palavras.
Nos incumbindo de libertá-las,
Sempre mais,
Uma por uma,
De todo o nosso julgamento de dentro.
Aliviando nosso sofrimento
Por exprimir num único tom...
A vida. Que ainda me impressiona.
Me impressiona à beça...
Tento sempre tanto...
... ser nada.
Ah, meus olhos de sangue
Supremos, em fogo, ligeiros.
Rachando seus glóbulos vermelhos
Num aborto totalmente eficaz.
Arando o solo da pele,
Cozendo chás e sóis.
Melhor era todo essa amor se acabar,
Ou talvez recomeçar seu voo.
Gosto da vida como ela de mim.
Gosto da maneira com que brotam,
Afloram e depois florescem, as palavras.
Nos incumbindo de libertá-las,
Sempre mais,
Uma por uma,
De todo o nosso julgamento de dentro.
Aliviando nosso sofrimento
Por exprimir num único tom...
A vida. Que ainda me impressiona.
sábado, 12 de setembro de 2009
Debussy
Porquê é isso, é a vida.
Como o tempo é a vida.
Vida. Palavra estranha, tão imensa...
Vida. Olha aí! Quanta amplidão...
Lá vem ela, sempre.
Também pudera. Sempre imaginei
Coisas assim, imensas e infinitas...
Sempre imaginei a vida, imagino.
E sempre eu quis esquece-la,
De todo o meu coração... mas,
Prepare-se! Aí vem ela, toda, completa,
Olha ela! Olha ela! Viu? Não viu?
Calma! Não se preocupe, dê uma risada.
Logo logo ela vem denovo, e quando vem...
É sempre simples. Sempre inteira.
Não há alternativa, vê? A vida é pra valer, durona.
E eu me pergunto numa situação dessas:
Sabemos que um dia experimentaremos
A não-vida, por eternas partículas de...
De...
De...(bussy)
De...(bussy)
Dê!
Dê!
Dê(bussy)!
Dê para mim essa palavra eu preciso dela!
Vamos lá, vamos lá, vamos!
A palavra João...
A palavra...
"Clair de Lune"
O quê?
"Clair-de-Lune"...
Sim!
Sim?
"Clair de Lune"! É ela!
Encontrei a palavra!
Experimentaremos, inevitavelmente,
A não-vida, por
Eternas
Partículas de
"Clair de Lune"
Como o tempo é a vida.
Vida. Palavra estranha, tão imensa...
Vida. Olha aí! Quanta amplidão...
Lá vem ela, sempre.
Também pudera. Sempre imaginei
Coisas assim, imensas e infinitas...
Sempre imaginei a vida, imagino.
E sempre eu quis esquece-la,
De todo o meu coração... mas,
Prepare-se! Aí vem ela, toda, completa,
Olha ela! Olha ela! Viu? Não viu?
Calma! Não se preocupe, dê uma risada.
Logo logo ela vem denovo, e quando vem...
É sempre simples. Sempre inteira.
Não há alternativa, vê? A vida é pra valer, durona.
E eu me pergunto numa situação dessas:
Sabemos que um dia experimentaremos
A não-vida, por eternas partículas de...
De...
De...(bussy)
De...(bussy)
Dê!
Dê!
Dê(bussy)!
Dê para mim essa palavra eu preciso dela!
Vamos lá, vamos lá, vamos!
A palavra João...
A palavra...
"Clair de Lune"
O quê?
"Clair-de-Lune"...
Sim!
Sim?
"Clair de Lune"! É ela!
Encontrei a palavra!
Experimentaremos, inevitavelmente,
A não-vida, por
Eternas
Partículas de
"Clair de Lune"
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