Numa madrugada meu corpo atua como se quisesse te falar tantas coisas. Na frente do espelho, eu descubro uma vastidão de possibilidades de te comunicar o que penso sobre tua eterna fuga. Se eu pudesse, mostraria que as coisas não necessariamente devam ser tão ruins, ou tentaria alcançar alguma espécie de solução para o misterioso medo que nós, pensadores que sofremos, devemos conviver. Estou certo que para uma boa atuação é preciso adornar o corpo com símbolos místicos pessoais, qualquer espécie de fantasia ou talismã, e é muito interessante quando o maior adorno é o nosso próprio corpo nu.
Fiquei rindo na frente do espelho de coisas tão absolutamente naturais em mim. Minha vergonha, vaidade, estupidez... pudor, tudo foi posto frente à frente e dialogado. Depois de rir tanto de meus pêlos, meus ossos, meu sexo, descubro que nada realmente é engraçado, a não ser a imensa estupidez para com o modo que a humanidade vem se relacionando com o próprio corpo.
Balanço meu sexo de um lado para o outro e ele gira como um catavento. Aquilo me provoca uma sensação de rídiculo que eu resolvo sentir pra valer. Então percebo que não há nada para rir. É apenas eu e você. Deveríamos rir das roupas, isso sim. Panos tingidos com formas abstratas apenas para esconder aquilo que temos de mais precioso e frágil que é nosso corpo, macacos nus.
De certa forma, meu desejo imenso é ver-te nua. Quero suspirar perto de sua pele para tentar entender o mecanismo do tesão. A nossa percepção corporal ardendo de um para o outro. Ao mesmo tempo, sentir o aroma de cada canto do teu corpo representa uma verdadeira aventura num vasto horizonte de sensações inegáveis e tão presentes, que é impossível não se entregar. Não me importa, portanto, se não quiseres abrir teu coração. Deixo-te remoendo tua tristeza sozinha, pois para mim o melhor a se fazer é não fugir mais. És uma cientista maluca da mente, assim como eu!
Se a filosofia de um psicológo trabalha sob um prévio condicionamento da consciência sob os efeitos do conflito saúde-mente, no que se transforma o pensamento sob a pressão de uma doença? É essa a questão que realmente interessa ao psicologo, justamente porque é possível o conhecimento na prática, o experimento. A fuga do corpo é a filosofia do medo. Funciona durante o tempo que nos é dado para sofrer, isolados num laboratório particular chamado nós mesmos. O melhor a se fazer é atuar frente ao espelho.
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