sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Pela rua...

De que me importa se a vida siga toda manhã...? De manhã é que choro minhas lágrimas a todas as pessoas que andam sem rosto, pois é a hora que ninguém me vê... É que esse mundo tem uma dor... Que não sei explicar, mas existe. Em algum beco ou passarela dentro deste meu corpo de Baco. É o espinho. A ferida. Algo inacabado, incompleto. Um susto que se leva por ter se esquecido do peito.

Espero que ainda exista gente, cá na terra, que não tenha esquecido de seu próprio peito, como eu frequentemente tento não fazer, mas faço. Tempo. Tento lutar contra ele. Amargo tempo. O que seria do precioso "eu" sem ele? Este ego, eu nego.

Então é comum, quando chove, as orelhas se arrebentarem. Os dentes se triturarem numa agonia eterna. D-O-R. Deveria ter feito isto. Deveria ter causado espanto no tempo! "Ei, Cacique, veja só como eu ainda estou aqui"! Mas é nada, quase água.

Explosão no céu, é uma estrela sacrificada mais cedo, talvez. Eu nada posso fazer. Que adiantaria um duelo? O gigante contra o anão. Um sol contra um verme. Às vezes, tenho vontade de não ser qualquer coisa além de pura terra. Pura estrela. Sem tempo, nem sangue.

O tempo me fere como uma lança em brasa. Os minutos e segundos onde só há o desamor, são o tempo. Então... traz de volta, vida, a vida dos olhos que não são meus. Volta nesse tempo emendado com todo o vento do mundo. Tráz de volta, tempo, o tempo que se perdeu, passou, pois assim eu não passarei mais. Sem fugir, apenas deixarei de existir e estarei amando tudo demais para sequer lembrar desse tempo que me judia.

Estarei amando à mando de algo a mais. Bom dia, sexta-feira cinza e fria. As ruas estão vazias. Eu nesta repartição imagino você confortávelmente adormecida. Pela janela vejo a rua. É verdade... Estão tristes e vazias.

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