Me canso de ter medo,
Puro medo de ser mudo.
Eu sou pequeno.
Sou o medo do mundo.
Talvez eu não seja
Algo que você(eu) veja.
Eu quase não tenho sentidos,
Sofro, sofro, quieto, quieto.
Eu sou uma mentira.
Eu não sei o que mentir.
Sou uma decepção que devasta.
Um grande nada que se basta.
Sou o começo do fim, como as flores.
Mas eu desconheço a mim.
Eu tenho apenas essa forma
Ela é tudo que eu tenho.
Eu não me chamo mais João.
Não posso mais ser ele. Ele são.
Me proteja. Transforme minhas mãos.
Sou apenas uma mulher presa.
Minha força bruta é forte.
Lança-me no abismo. A mulher e a morte.
Eu sou medo e minha pureza me apavora
Não tenho pressa, não tenho. Perdi a hora.
Meu destino é permanecer.
Minha luz, só, esquece de ser.
Não há ninguém, ninguém que mereça
Tanta solidão. Nem uma nesga do mundo.
Sou o fraco, o que você queria?
A minha força vem por que sou calmo.
No quadro, uma tolice de apaixonado.
Um ser que ama sofrer, ser enganado.
Ao mesmo passo que se sente cansado,
Meu coração sabe que vai morrer.
E quando ele morrer, irei junto e feliz.
Diga que quase amei, foi por um triz!
Estou mais vivo do que nunca.
Disso as paredes já suspeitam.
Não leia mais sobre tudo,
Não leia tanto, meu coração se apagou.
Meu coração se apagou.
Meu coração se apagou.
Meu coração é uma vida separada.
Sem teu corpo, para sempre há de ser nada.
Esse coração é um banco de praça...
Pintado com as cores da desgraça.
Meu coração é tolo e antigo.
Para ser lido, precisa ser esquecido.
Ele sabe que há de se esquecer
Por ter sabido tanto sofrer.
Logo essas palavras nascem...
Logo essas palavras morrem...
Meu medo, meu peito, nasceram sem morrer.
Minha melhor amiga é a dor, sem saber.
Espalho por minha pele meu espírito.
Poderá sentir o aroma doce, dito?
Vou dormir. Vou dormir para sempre.
Não sei mais acordar para sempre.
Estou pronto. Tenho sono.
Estou pronto. Tenho fome.
Tenho o que tenho,
Cresço para dentro.
Não tenho caminho...
Perco-me só e com frio.
Ando descalço, bebo vinho.
Bebo seu passo, ando sozinho.
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