quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ébrio

Até agora pouco, eu incomodava meus vizinhos. Mas não pude me conter. Estava ébrio como um vazio. Apaguei a luz, e no canto de meu quarto, às duas da madrugada, me pus a cantar minhas mais preciosas canções da vida. Pois é simplesmente nessa hora que eu precisava. Estava feliz, mas sabia que ao mesmo tanto estava triste. Pedi perdão ao vizinho incomodado que cutucava meu teto com sua varinha de condão. Eu não podia parar, não ate meu cigarro terminar. A gaita e o violão, no vão das paredes de meu quarto, traduziam todos os meus sonhos, minhas magoas, minhas mãos, meu sono.

Uma poesia breve se soltou na amplidão do universo. Eu pouco me preocupava se não tinha registrado num papel todos aqueles versos de amor. Mais vale para mim que eles sejam soltos no vácuo, e desconhecidos. Quem sabe um dia eu não me encontrarei com eles, num cometa incrivelmente belo e passageiro?

Quem sabe um dia, quando eu me for, estas palavras puras não sejam encontradas no espaço por minha vida, tão passageira quanto o próprio cometa? Estou ébrio e apaixonado, o que posso fazer? Palavras. Olhares no silêncio. Música. Prazer. Muito prazer em te conhecer.

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