... Numa atmosfera repentina e assustadoramente real, eu vi seu rosto colado com outro espelho. Uma experiência interessante para quem acabou simplesmente de ser bombardeado por milhões de duvidas. Em sua máxima expressão de amor, a ansiedade tornou-se uma porta de cor tênue e sombra leve, uma flecha, e eu devo procurar o alvo. Onde estará a chave para abrir essa porta? Onde estará a direção da flecha? Não sei, mas o corpo treme, treme, como se toda a imensidão dos astros esnobes e as constelações infinitas desabassem sobre a cabeça do meu indivíduo tão pequeno. Lembro que tudo é uma grande impressão, não existe. Um pequeno espaço de eternidade não é melhor nem pior que um grande espaço de eternidade. Vaidade. Largue mão, menino. Deixe o sonho de lado, começe a agir...
... Como saberei que meu sangue e carne, a minha carne que é finita, poderá nascer e crescer em outra pessoa, se não puder arriscar minha própria vida em nome dela? Como terei filhos se não aceitar que um dia eles irão morrer como eu... não é certo para mim pensar que uma vida dói tanto a ponto de eu querer impedir ele de viver, por um medo próprio de mim mesmo. Eu devo permitir a sua morte. A morte de todos os meus filhos. Não me preocupo com a superpopulação, tampouco com o fim do mundo. Apenas quero que nasça, de dentro para fora de mim, a vida e morte de outra pessoa, para poder viver e morrer também. Não julgo prejudicial a dor de meus filhotes. Que sofram tanto quanto eu e todo mundo...
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Um comentário:
O problema não é a morte, sequer o sofrimento quando se pensa em ter um filho. O problema é a posse. É o poder que almeja? Você quer um filho por que? Se seu motivo for poder, ele jamais pode ser nobre. Talvez você não saiba que seja. As vezes me parece que talvez não saiba, talvez procure o PODER de fazer nascer "de dentro para fora de você, a vida e morte de outra pessoa", e mesmo assim ache natural. Nada é natural. Tome cuidado, pois é o poder de criar vida e controlar a vida alheia que mais corrompe o ser humano.
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