É amiga, o ano novo tá aí... todo mundo querendo festejar... eu não sei, mas eu nao estou completamente bem saca? Saco. Não queria que isso atrapalhasse. Mas vc ja sentiu esse sentimento de não conseguir sair de um momento ruim consigo, por mais que vc queira? Sentimento de tristeza, de desamor. Vontade de ver algum sentido nas coisas, um sentido que me motive a ficar bem. Me sinto burro, como se nunca conseguisse fazer nada certo, por não saber o que fazer. Minha vida está num eterno clima de recomeço, mas parece que nada realmente começa! E eu me sinto cada vez mais só. Nesse ano novo eu não espero nada além do mais importante que é se desprender dos vícios, se desprender do egoísmo e da estupidez. Talvez, se eu não estivesse tão fechado dentro de mim mesmo, essa busca seria mais facil. Mas pra mim é muito díficil me abrir, sei lá, não entendo muito bem de onde vem esse medo. Preciso parar de querer as coisas e descobrir, com a minha própria inteligência, uma forma de fazer as coisas acontecerem. Mas como é que se faz isso? É díficil, tem que vencer o muito sofrimento envolvido com deixar para trás uma parte de você que óbviamente não se adequa mais, e precisa muito se transformar para melhor. Para ganhar é preciso também saber perder. Para se ganhar amor, felicidade e satisfação, é preciso saber perder a vergonha, o egoísmo, as paixões ilusórias, as preocupações mundanas com coisas que não te levarão para lugar algum, como por exemplo os vícios, os sentimentos extremos (ciume, raiva, ódio, paixão, medo). São essas as coisas que realmente importam pra mim. E isso foi só um desabafo. Mas eu escrevi porque eu gosto de pensar posso confiar para você os pensamentos de dentro de mim. Espero que não se importe. Te vi aquela hr mó rapido e nao deu p conversar. Mas eu só precisava compartilhar isso... AH! o seu presente ficou lindo do meu quarto!! combinou com tudo! bjooooo
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
Cílios ílios lios ios os s
Seria mais justo se eu perguntar de que vale o dia e a noite sem o romance? Enquanto isso eu causo ao meu corpo danos incríveis. Meu suicídio é constante e diário, vem em pequenos pacotes com vinte unidades. Morro. Não porque eu goste, mas isso me aproxima de qualquer coisa mais semelhante à não-vida.
Muitos amores, mas somente uma paixão. E por ela sou capaz de cometer atrocidades, nunca contra ela, sempre contra mim mesmo. Imagine uma canção onde eu possa dizer tudo que sempre quis que soubesses. Gostaria de ouvi-la? Pois bem. Ouça. Veja sua exuberância! Ah! O silêncio é mesmo a música mais completa que existe.
Sombras do universo. Anéis de fogo soprando galáxias. Estômagos de peixe flutuando por cantos ateus desse mar tão profundo, parem todos! Ouçam a minha música! Meu silêncio! Acredite, creio que nunca foi tão doloroso compor algo assim. E nem tente apertar o botão de emergência. Essa música não pode nunca ser finalizada. Ela prossegue como o tempo em nossas mãos. Como o tempo que nos encara todas as manhãs, a olhar pelo espelho.
Meu coração derrama notas suaves de uma beleza madura sobre você, como gemas de seiva bruta. Será que um dia poderás perceber? Elas percorrem teus cabelos negros, descem por tua nuca branca, acariciam o centro de teu peito macio e quente, e ficam dando voltas e voltas em torno de teu umbigo elevado.
Precioso instante do qual me orgulho. Minha música silenciosa alcança os teus dedos do pé e finalmente morre. Morre na terra. Renasce na forma de um fruto doce de qualquer árvore em teu quintal.
Não peço mais nada, além de teu rosto em lágrimas. Se para te convencer que tudo isso é verdade eu tivesse que laçar a lua e trazê-la um pouco mais próximo de tua janela, assim o faria. Mas o quê eu realmente posso fazer? O desamor dói em mim, porque toda minha sinceridade fere a tua carne com tanta força, que quanto mais eu grito aos ventos: “Eis meu coração! Tome-o com suas mãos e aperte-o contra o seu! Você verá que não minto!”, quanto mais eu quero-te viva e sorrindo, mais distante seus órgãos se vão de mim.
Se nada é possível nesse mundo em favor da minha verdade, resta-me o lento suicídio, cheio de romance e de profundas amarguras ao sol da meia-tarde.
Lágrima, fumaça, poesia, silêncio. Estou em casa, mas este não sou eu, talvez. Talvez este seja um eu que não mais quero que exista aqui do lado fora. Do lado de fora, apenas quero não querer. Estou pronto para ver todos os filmes mais tristes e trágicos, sozinho.
Estou pronto para correr numa estrada florida, com aroma de cevada e trigo em cavalgada com a brisa. Estou pronto para morrer atropelado por um meteoro em chamas. Mas este não sou eu.
Muitos amores, mas somente uma paixão. E por ela sou capaz de cometer atrocidades, nunca contra ela, sempre contra mim mesmo. Imagine uma canção onde eu possa dizer tudo que sempre quis que soubesses. Gostaria de ouvi-la? Pois bem. Ouça. Veja sua exuberância! Ah! O silêncio é mesmo a música mais completa que existe.
Sombras do universo. Anéis de fogo soprando galáxias. Estômagos de peixe flutuando por cantos ateus desse mar tão profundo, parem todos! Ouçam a minha música! Meu silêncio! Acredite, creio que nunca foi tão doloroso compor algo assim. E nem tente apertar o botão de emergência. Essa música não pode nunca ser finalizada. Ela prossegue como o tempo em nossas mãos. Como o tempo que nos encara todas as manhãs, a olhar pelo espelho.
Meu coração derrama notas suaves de uma beleza madura sobre você, como gemas de seiva bruta. Será que um dia poderás perceber? Elas percorrem teus cabelos negros, descem por tua nuca branca, acariciam o centro de teu peito macio e quente, e ficam dando voltas e voltas em torno de teu umbigo elevado.
Precioso instante do qual me orgulho. Minha música silenciosa alcança os teus dedos do pé e finalmente morre. Morre na terra. Renasce na forma de um fruto doce de qualquer árvore em teu quintal.
Não peço mais nada, além de teu rosto em lágrimas. Se para te convencer que tudo isso é verdade eu tivesse que laçar a lua e trazê-la um pouco mais próximo de tua janela, assim o faria. Mas o quê eu realmente posso fazer? O desamor dói em mim, porque toda minha sinceridade fere a tua carne com tanta força, que quanto mais eu grito aos ventos: “Eis meu coração! Tome-o com suas mãos e aperte-o contra o seu! Você verá que não minto!”, quanto mais eu quero-te viva e sorrindo, mais distante seus órgãos se vão de mim.
Se nada é possível nesse mundo em favor da minha verdade, resta-me o lento suicídio, cheio de romance e de profundas amarguras ao sol da meia-tarde.
Lágrima, fumaça, poesia, silêncio. Estou em casa, mas este não sou eu, talvez. Talvez este seja um eu que não mais quero que exista aqui do lado fora. Do lado de fora, apenas quero não querer. Estou pronto para ver todos os filmes mais tristes e trágicos, sozinho.
Estou pronto para correr numa estrada florida, com aroma de cevada e trigo em cavalgada com a brisa. Estou pronto para morrer atropelado por um meteoro em chamas. Mas este não sou eu.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Weekend
Uma noite qualquer você acorda no meio do silêncio, enquanto todos os desconhecidos que vivem próximo dormem profundamente, e um aroma de uísque ao som das cordas do violão de Bob Dylan te convidam para uma pesca num enorme lago de imagens recortadas. Ao olhar para as imagens eu tiro minhas conclusões sobre as infinitas situações que posso simular com as montagens livres. Nesse segundo, vem uma voz que sussura, Teu peito largo não pode carregar o peso de outro peito, de uma forma ou de outra, no final das contas, um homem velho vem aí. Deveria isso ser uma preocupação de idade? Teus lençois tem a aparência de um rosto em chamas, e o sol nada na praia de teus ouvidos, debruçados na janela. Deveria eu classificá-la por idade? Que outra idade conquistaria o tempo desta forma? Em que tempo saberemos como funcionam as palavras que proferimos e que são como nuvens que nos ventos balbuciam um som triste? Um coro de anjos mortos que simpatizam com a nossa frágil vigília. Desejaria eu que você decida-se pela culpa de cada um em crer não ter culpa? Eu posso te levar para as terras da percurssão de um coração há muito parado no ritmo da dança. Teus parceiros, por sua vez, receberão o prêmio em ouro. Pois eu posso ajudar a todos eles por um bom punhado de ouro, e por um bom vinho para beber. Você crê que é isso que destroi você? O sentimento cresce silencioso. Talvez o caminho certo esteja na cinemateca holandesa da esquina. Se um dia quiser dar-me teu blues, me será fantasiosa a sensação de não precisar usar sapatos, ou alimentar-me. Tome todo o meu direito, dê-me todo o teu amor. Você é uma vaca, quero todo o teu leite. Não faço parte da tua festa, mas eu vou até o lado de fora e você vem por alguns minutos, o que acha? Por que eu deveria alimentar a lenha da fornalha que deve ser esse lugar aí que você vive? Poderia seu corpo ouvir-me brilhoso. Já percebeu como todas as canções de amor são ridículas? A linha para costurar estes continentes-copos-de-bebida são pintados nesse quadro como beijos, que voltam ao negro e dizem "Eu disse a verdade, porque você não diz?" Blues. Daria uma grande canção. One more weekend.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Guilhotina
Minha poesia encontrou-se com a guilhotina.
A vida é a lâmina.
Preciso resgatar minhas cortinas.
É imprescindível não morrer ainda, ou morrer.
No entando, você é fria.
Fria como a chuva.
Serena como a escuridão
Manchada de ilusão turva.
Estou com a juba amarrada,
Sóbria e loucamente, aos meus pés.
Vou no lombo dessa mula arrasada.
Cabeça de poesia decepada.
Arco de emoções desamparadas.
Meu sapato já é cansado de caminhar.
Vago sozinho por esta jornada,
Desejando sozinho não estar.
A vida é a lâmina.
Preciso resgatar minhas cortinas.
É imprescindível não morrer ainda, ou morrer.
No entando, você é fria.
Fria como a chuva.
Serena como a escuridão
Manchada de ilusão turva.
Estou com a juba amarrada,
Sóbria e loucamente, aos meus pés.
Vou no lombo dessa mula arrasada.
Cabeça de poesia decepada.
Arco de emoções desamparadas.
Meu sapato já é cansado de caminhar.
Vago sozinho por esta jornada,
Desejando sozinho não estar.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Na poeira da brisa
Ó dia! Bem vindo. Mais uma vez aqui estamos para narrar a saga que acontece por todos os lados, desde a hora que o Sol se deita até quanto se levanta, o Sol! Sol! Chamei pela janela uma brisa que despertou todas as fibras dos músculos de minha face, enquanto eu beijava a sua carne de modo estranhamente familiar, porém incomum.
Eu mesmo não sabia que a tua órbita ocular sua poderia ser o ponto final de uma frase por mim proferida, que está apenas no início de fazer algum sentido. O pianista nega a palavra pronunciada nos átrios da incorporação dominante da minha mente solitária dentro da mente de quem lê minhas palavras. Eu mesmo não pude acreditar quando uma desconhecida me disse um dia que reconhecia o Eric Satie que ouvia nos altos falantes de meu assobio simples.
A mão é a minha melhor ferramenta, pois com ela eu posso aprender a me virar no oceano, socorrer uma pessoa de uma situação perigosa, e me deleitar sobre as teclas de um piano de cauda longa, tão longa que não há frequencia de nota que fique de fora. A sinfonia é completa e tão paralela ao vazio de palavras em meu vocabulário, que por isso falo pouco, prefiro ouvir, poderia ouvir por toda a minha vida, mas nunca falar.
A minha cama é uma armadilha. Quero fugir daqueles lençóis que me trouxeram raros aromas de teu corpo flamejante e inverossímil, pois não é que revirei meus joelhos e espanquei a madeira de minha cama, como se estivesse atado por linhas sombrias de aço, e um leme de barco pesqueiro me buscou para um passeio sobre as monções do Nepal e os vulções da Etiópia.
Pobre de mim, virei nuvem também. Eu era o peixe. O barco, mesmo com o coração partido, não poderia mais abrigar minha vida, pois de agora em diante somos inimigos. Lá do alto do universo, eu despedaçei cada centímetro do meu corpo e ofereci de alimento para as senhoras curandeiras que vivem nos rochedos, perto das franjas do mar.
No entando, meu último suspiro serviu para acordá-las e se encaminharem para o lado de fora da caverna. Ao meu sopro final, as roupas floridas no varal sacudiram e finalmente a aventura terminou nos cocos partidos que clamei para saciar a fome e a sede. Já estou de partida, vou de carona na poeira da brisa.
Eu mesmo não sabia que a tua órbita ocular sua poderia ser o ponto final de uma frase por mim proferida, que está apenas no início de fazer algum sentido. O pianista nega a palavra pronunciada nos átrios da incorporação dominante da minha mente solitária dentro da mente de quem lê minhas palavras. Eu mesmo não pude acreditar quando uma desconhecida me disse um dia que reconhecia o Eric Satie que ouvia nos altos falantes de meu assobio simples.
A mão é a minha melhor ferramenta, pois com ela eu posso aprender a me virar no oceano, socorrer uma pessoa de uma situação perigosa, e me deleitar sobre as teclas de um piano de cauda longa, tão longa que não há frequencia de nota que fique de fora. A sinfonia é completa e tão paralela ao vazio de palavras em meu vocabulário, que por isso falo pouco, prefiro ouvir, poderia ouvir por toda a minha vida, mas nunca falar.
A minha cama é uma armadilha. Quero fugir daqueles lençóis que me trouxeram raros aromas de teu corpo flamejante e inverossímil, pois não é que revirei meus joelhos e espanquei a madeira de minha cama, como se estivesse atado por linhas sombrias de aço, e um leme de barco pesqueiro me buscou para um passeio sobre as monções do Nepal e os vulções da Etiópia.
Pobre de mim, virei nuvem também. Eu era o peixe. O barco, mesmo com o coração partido, não poderia mais abrigar minha vida, pois de agora em diante somos inimigos. Lá do alto do universo, eu despedaçei cada centímetro do meu corpo e ofereci de alimento para as senhoras curandeiras que vivem nos rochedos, perto das franjas do mar.
No entando, meu último suspiro serviu para acordá-las e se encaminharem para o lado de fora da caverna. Ao meu sopro final, as roupas floridas no varal sacudiram e finalmente a aventura terminou nos cocos partidos que clamei para saciar a fome e a sede. Já estou de partida, vou de carona na poeira da brisa.
Eutanásia
Pare!
A pausa
Pede!
(ritmo lento)
Decida-se!
Cão
Covarde!
Todos
A postos,
Marujos!
(TODOS A POSTOS!)
a Nau
Perecerá
Ao som
De minhas
Garrafas de
Cianureto!
(Coragem)
Espero que seja,
Minha pobre
Morte,
Eficiente.
(Eutanásia)
Partindo
Vai o
Navio.
Velas aos
Ventos!
Larguei a
Mão do
Tempo.
(Fim)
A pausa
Pede!
(ritmo lento)
Decida-se!
Cão
Covarde!
Todos
A postos,
Marujos!
(TODOS A POSTOS!)
a Nau
Perecerá
Ao som
De minhas
Garrafas de
Cianureto!
(Coragem)
Espero que seja,
Minha pobre
Morte,
Eficiente.
(Eutanásia)
Partindo
Vai o
Navio.
Velas aos
Ventos!
Larguei a
Mão do
Tempo.
(Fim)
meu coração feio
Onde está você que não me vê? A tristeza continua minha parceira. Eu digo coisas sobre o que entendo, mas eu mesmo não as vejo. Mais do que nunca o palhaço percebeu que não possui amor. De fato, não o tenho. Estou sozinho e afastado de tudo. Faz frio. Faz vontade de viver. Parece sempre que não sou o suficiente, para mim? Para você? Algo sempre te afasta de mim. Eu, humildemente, apenas quero ficar perto do quente de teu sangue, só para comprovar que há vida ali. Por mais que eu tente evitar, sofro sem amor. Esta é razão do meu abandono triste nesta noite. Sinto saudade. Ouço música. Anestesio tristemente meu coração feio.
domingo, 13 de dezembro de 2009
Um pouco de Fluxo (In)consciente
... Esta noite eu quis te despertar de um pesadelo horrível. Eu também vivia o pesadelo. Quase pude ver as gotículas de suor escorrerem em seus cabelos. Eu pensei tanto em você que, mesmo a uma distância de infinitos anos-luz, quis acordar você daquele sonho turvo, incerto. Já vou indo, até mais...
... E tem início a orquestra. O clarinete assumiu como o flagelo principal de uma estrofe encantadora, mas a tuba... A TUBA, berrou até o último expectador sentado no alto de uma montanha do polar antártico que parasse de pensar, sentir, sentir os ramos do quadro pintado por todas as mãos que conduzem os violinos incessantes, como escarros, como pedras fluindo no vagar da imensidão cristalina de textura exatamente igual aos tímpanos que perfuram o cérebro do maestro flácido, de gênero semelhante ao acordeon que surpreendeu a todos os compositores clássicos que adormecem hoje no mais agudo espinho da roseira mais fria, tão fria que seus espinhos e dedos começaram a dançar numa frenética espontaneidade de movimentos, distantes e sozinhos em suas respectivas covas, uma na Espanha, outra nas ilhas pacíficas do continente nórdico, outras no vácuo do caminho entre a teia negra e impalpável do espirito de cada músico daquela orquestra vazia e imensamente completa...
...Eis que sim, pois não! Ora, ora ,ora não te preocupes, ninguém canta mais às bordas do albatroz angustiado por sua inteira vida, vida tola de brancura que nem mesmo seus bicos dourados poderão fazer calar, num infinito propagado de cores e sick blues de mortes negras às margens do rio mississipi down to new orleans, onde foram criados mudos, os dedos de hank willians ou as cordas de tripa vocais de robert johnson que escapam numa sombra internada sobre imensos olhares de peixe morto dentro de um caixão podre e mal acabado. Tanto melhor se o sopro de minha mente puder fluir dessa forma para que o céu azul torne-se um pretexto que minh'alma se aposse de fel e carne de lobo, para enxergar melhor o albatroz e o cordeiro do pastor, que se chama meus pés!...
...e mal dissimulado! BEM DISSIMULADO! Um "bend" simulado, nas mãos de um jazz man...
...primeiro, PARA! Eu quero descer. Deste momento em diante, narro o tocar de meus pés na água de fogo para guiar minha canoa de gengibre entre os afluentes mecânicos que surgiam durante todo o meu dia, sobre esta aventura terrivelmente simbólica e imprudentemente absurda! Pois que se faça o vento, bem-te-vi voador que avoa o maior voo que é capaz de experimentar. Pois no caminho a mente decide se perder, e tão de repente, o passarim é esquecido pelos raios de água turva que brotava como anêmonas e traiam as más digestões de todos os sapos cantores e seus compatriotas severinos brócolis, filhos de um homem cabra-da-peste, homem de mar pra lá das veredas desse universo preto, encima das cabeças de quem quiser olhar para ele, junto a foz do riacho mais distante no oceano imenso que é a loucura do gafanhoto pregado nas armas dos olhos da pílula cega e morteira, nas cozinhas do patrão demoli meu coração de alho macerado em oliva fresco...
... Hoje meus sons que dão, que dizem que não dão, doaram junto ao Dom com seu dedão, e darão muito mais amanhã, boa noite!...
...Instantaneidade, estou em jejum! Espere! Lá vem ele, está escorrendo em minha língua, oh, sim! Um pouquinho de leite, meia colher de chá de açúcar! Ah! Que sensação maravilhosa! Parece que engoli uma pedra, não descarto os cristais de terra agregados. Meu corpo, nesta manhã, o trato como lentes de um endoscópio preciso. Queria cortar esses glóbulos de vômito e dor que estão gemendo dentro de mim... seria melhor um murro na vesícula biliar...
... Rápido! Rápido! Preciso sair daqui! É preciso que me levante antes que a hora chegue. Se ele entrar por aquela porta, eu estarei completamente perdido! Não poderei mais, não posso mais... ele é escuro, tão líquido que por meu esôfago escorrem, para minha surpresa, ácidos e cabeças de parafusos transtornados. NÃO POSSO MAIS! TIRE ESSE CAFÉ DAQUI, que loucura que é a inteira fluência daquele pó amargo e encantador, irmão da fumaça, filho da razão e estimulante corporal sem comparações com qualquer espécie de erva que se toma quente...MAS CHEGA! NÃO POSSO VER ELE ENTRAR! Aquele rapaz breve e com sorriso ameno, como se não nutrisse nenhuma mal intenção, todas os dias, nesse mesmo tempo, se aproxima no auge de minha fome, quando nada há em meu estômago além de poucos resíduos e fluidos metafísicos, dos quais o sabor, de fato, não aprecio. Então, se eu tomo, é como se uma flor marrom nascesse no interior de um deserto africano e uma enorme bola de fogo tragasse meu interior pelo avesso. Ó meu deus, lá vem ele, eu posso ouvir os passos de rapaz, eu posso ouvir as xícaras estalando na bandeja, posso sentir o cheiro do leite em pó e a secura do açúcar cristal. E lá dentro, lá no interior daquele bule lindo, com iniciais da nação gravadas como úlceras, o mergulho para o inferno se desloca como marés selvagens que chocam suas ondas vespertinas sobre rochedos. Preciso fugir agora! Estou indo! Lá vem ele! Não!...
... E tem início a orquestra. O clarinete assumiu como o flagelo principal de uma estrofe encantadora, mas a tuba... A TUBA, berrou até o último expectador sentado no alto de uma montanha do polar antártico que parasse de pensar, sentir, sentir os ramos do quadro pintado por todas as mãos que conduzem os violinos incessantes, como escarros, como pedras fluindo no vagar da imensidão cristalina de textura exatamente igual aos tímpanos que perfuram o cérebro do maestro flácido, de gênero semelhante ao acordeon que surpreendeu a todos os compositores clássicos que adormecem hoje no mais agudo espinho da roseira mais fria, tão fria que seus espinhos e dedos começaram a dançar numa frenética espontaneidade de movimentos, distantes e sozinhos em suas respectivas covas, uma na Espanha, outra nas ilhas pacíficas do continente nórdico, outras no vácuo do caminho entre a teia negra e impalpável do espirito de cada músico daquela orquestra vazia e imensamente completa...
...Eis que sim, pois não! Ora, ora ,ora não te preocupes, ninguém canta mais às bordas do albatroz angustiado por sua inteira vida, vida tola de brancura que nem mesmo seus bicos dourados poderão fazer calar, num infinito propagado de cores e sick blues de mortes negras às margens do rio mississipi down to new orleans, onde foram criados mudos, os dedos de hank willians ou as cordas de tripa vocais de robert johnson que escapam numa sombra internada sobre imensos olhares de peixe morto dentro de um caixão podre e mal acabado. Tanto melhor se o sopro de minha mente puder fluir dessa forma para que o céu azul torne-se um pretexto que minh'alma se aposse de fel e carne de lobo, para enxergar melhor o albatroz e o cordeiro do pastor, que se chama meus pés!...
...e mal dissimulado! BEM DISSIMULADO! Um "bend" simulado, nas mãos de um jazz man...
...primeiro, PARA! Eu quero descer. Deste momento em diante, narro o tocar de meus pés na água de fogo para guiar minha canoa de gengibre entre os afluentes mecânicos que surgiam durante todo o meu dia, sobre esta aventura terrivelmente simbólica e imprudentemente absurda! Pois que se faça o vento, bem-te-vi voador que avoa o maior voo que é capaz de experimentar. Pois no caminho a mente decide se perder, e tão de repente, o passarim é esquecido pelos raios de água turva que brotava como anêmonas e traiam as más digestões de todos os sapos cantores e seus compatriotas severinos brócolis, filhos de um homem cabra-da-peste, homem de mar pra lá das veredas desse universo preto, encima das cabeças de quem quiser olhar para ele, junto a foz do riacho mais distante no oceano imenso que é a loucura do gafanhoto pregado nas armas dos olhos da pílula cega e morteira, nas cozinhas do patrão demoli meu coração de alho macerado em oliva fresco...
... Hoje meus sons que dão, que dizem que não dão, doaram junto ao Dom com seu dedão, e darão muito mais amanhã, boa noite!...
...Instantaneidade, estou em jejum! Espere! Lá vem ele, está escorrendo em minha língua, oh, sim! Um pouquinho de leite, meia colher de chá de açúcar! Ah! Que sensação maravilhosa! Parece que engoli uma pedra, não descarto os cristais de terra agregados. Meu corpo, nesta manhã, o trato como lentes de um endoscópio preciso. Queria cortar esses glóbulos de vômito e dor que estão gemendo dentro de mim... seria melhor um murro na vesícula biliar...
... Rápido! Rápido! Preciso sair daqui! É preciso que me levante antes que a hora chegue. Se ele entrar por aquela porta, eu estarei completamente perdido! Não poderei mais, não posso mais... ele é escuro, tão líquido que por meu esôfago escorrem, para minha surpresa, ácidos e cabeças de parafusos transtornados. NÃO POSSO MAIS! TIRE ESSE CAFÉ DAQUI, que loucura que é a inteira fluência daquele pó amargo e encantador, irmão da fumaça, filho da razão e estimulante corporal sem comparações com qualquer espécie de erva que se toma quente...MAS CHEGA! NÃO POSSO VER ELE ENTRAR! Aquele rapaz breve e com sorriso ameno, como se não nutrisse nenhuma mal intenção, todas os dias, nesse mesmo tempo, se aproxima no auge de minha fome, quando nada há em meu estômago além de poucos resíduos e fluidos metafísicos, dos quais o sabor, de fato, não aprecio. Então, se eu tomo, é como se uma flor marrom nascesse no interior de um deserto africano e uma enorme bola de fogo tragasse meu interior pelo avesso. Ó meu deus, lá vem ele, eu posso ouvir os passos de rapaz, eu posso ouvir as xícaras estalando na bandeja, posso sentir o cheiro do leite em pó e a secura do açúcar cristal. E lá dentro, lá no interior daquele bule lindo, com iniciais da nação gravadas como úlceras, o mergulho para o inferno se desloca como marés selvagens que chocam suas ondas vespertinas sobre rochedos. Preciso fugir agora! Estou indo! Lá vem ele! Não!...
... E se inicia a orquestra. O clarinete assumiu como o flagelo principal de uma estrofe encantadora, mas a tuba... A TUBA, berrou até o último expectador sentado no alto de uma montanha do polar antártico que parasse de pensar, sentir, sentir os ramos de quadro pintado por todas as mãos que conduzem os violinos incessantes, como escarros, como pedras fluindo no vagar da imensidão cristalina de textura exatamente igual aos tímpanos perfurando o cérebro do maestro flácido, de gênero semelhante ao acordeon que surpreendeu a todos os compositores clássicos que adormecem hoje no mais agudo espinho da roseira mais fria, tão fria que suas espinhas e dedos começaram a dançar numa frenética espontaneidade de movimentos, distantes e sozinhos em suas respectivas covas, uma na Espanha, outra nas ilhas pacíficas do continente nórdico, outras no vácuo do caminho entre a teia negra e impalpável do espirito de cada músico daquela orquestra vazia e imensamente completa...
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Descreva aquela senhorita:
"Nariz soberbo, belo chapéu.
Perfume de cor marrom
Como a de seus olhos.
Lábios infinitos.
Basta para mim a ver viver.
Tal é a curva de tuas coxas
Que remexo as minhas
Para te saudar como flor,
De cacto, ou de pixe.
Escrevo cartas a mim mesmo
Quando tento assim descrevê-la.
Prefiro vê-la.
Por favor, acenda a vela
E vamos fazer o que é bom.
"Nariz soberbo, belo chapéu.
Perfume de cor marrom
Como a de seus olhos.
Lábios infinitos.
Basta para mim a ver viver.
Tal é a curva de tuas coxas
Que remexo as minhas
Para te saudar como flor,
De cacto, ou de pixe.
Escrevo cartas a mim mesmo
Quando tento assim descrevê-la.
Prefiro vê-la.
Por favor, acenda a vela
E vamos fazer o que é bom.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
As ilusões devem ser perdidas
Estou escalando uma montanha branca e de extrema altitude. O ar já está rarefeito, mas o meu objetivo já está a vista, o cume. Eu sei que posso morrer se ousar alcança-lo de vez, mas eu olho para trás e não vejo apenas neve e nuvens geladas, vejo desolação. Eu vou conseguir, ou morrerei tentando. Isso parece tolo para você? Você não morreria tentando?
Parece que desaprendi a escrever, a pensar, a sentir. O presente parece longe. Tenho que trazê-lo de volta, todos os dias. Mas, ultimamente, apenas o pensar sobre isso não tem sido muito eficaz, creio que é preciso resgatar algo, algo precioso, por meio da ação.
A relação essencial entre dois indivíduos é a sinceridade ao compartilhar o seu interior. Acima de tudo, é necessario gostar de tudo em si próprio, vencendo preconceitos, aceitando o sofrimento. Do contrário, aos olhos do outro, você seria alguém desprovido de autenticidade, seria alguém estéril. O caminho contrário já está provado que não parece ser muito saudável. As ilusões devem ser perdidas.
Parece que desaprendi a escrever, a pensar, a sentir. O presente parece longe. Tenho que trazê-lo de volta, todos os dias. Mas, ultimamente, apenas o pensar sobre isso não tem sido muito eficaz, creio que é preciso resgatar algo, algo precioso, por meio da ação.
A relação essencial entre dois indivíduos é a sinceridade ao compartilhar o seu interior. Acima de tudo, é necessario gostar de tudo em si próprio, vencendo preconceitos, aceitando o sofrimento. Do contrário, aos olhos do outro, você seria alguém desprovido de autenticidade, seria alguém estéril. O caminho contrário já está provado que não parece ser muito saudável. As ilusões devem ser perdidas.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
domingo, 6 de dezembro de 2009
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Obtuário
Hoje, dia 32 de dezembro de 2088:
Morre o jornalista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o ator João Miguel Cobelo Foti.
Morre o professor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o poeta João Miguel Cobelo Foti.
Morre o escritor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o músico João Miguel Cobelo Foti.
Morre o artista plástico João Miguel Cobelo Foti.
Morre o dramaturgo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o teatrólogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o compositor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o psicólogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o pedagogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o psicanalista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o linguista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o historiador João Miguel Cobelo Foti.
Morre o filósofo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o diretor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o cineasta João Miguel Cobelo Foti.
Morre o médico João Miguel Cobelo Foti.
Morre o fotógrafo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o antropólogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o florista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o pintor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o romancista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o vendedor de livros João Miguel Cobelo Foti.
Morre o cozinheiro João Miguel Cobelo Foti.
Morre o palhaço João Miguel Cobelo Foti.
Morre o maestro João Miguel Cobelo Foti.
Morre o jornalista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o ator João Miguel Cobelo Foti.
Morre o professor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o poeta João Miguel Cobelo Foti.
Morre o escritor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o músico João Miguel Cobelo Foti.
Morre o artista plástico João Miguel Cobelo Foti.
Morre o dramaturgo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o teatrólogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o compositor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o psicólogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o pedagogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o psicanalista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o linguista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o historiador João Miguel Cobelo Foti.
Morre o filósofo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o diretor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o cineasta João Miguel Cobelo Foti.
Morre o médico João Miguel Cobelo Foti.
Morre o fotógrafo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o antropólogo João Miguel Cobelo Foti.
Morre o florista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o pintor João Miguel Cobelo Foti.
Morre o romancista João Miguel Cobelo Foti.
Morre o vendedor de livros João Miguel Cobelo Foti.
Morre o cozinheiro João Miguel Cobelo Foti.
Morre o palhaço João Miguel Cobelo Foti.
Morre o maestro João Miguel Cobelo Foti.
Alguns dias são melhores que outros.
É isso ai.
"Cuidado com a cabeça!"
Não tome nota.
Eu sinto que sou transitivo,
Às vezes eu simplesmente
Não quero falar sobre nossa
Psicologia.
Fico farto.
Frequentemente penso
Como seria bom
Se todos pudessem
Ficar em silêncio.
Há vezes que desejo apenas
O teu silêncio, olhos, boca.
Aqui dentro não existe perfeição,
Só um poço com tantas im...
Nem psicologia, nem sentimentos.
Equilíbrio, mas,
Basta!
Venha comigo, é tudo que peço,
E vamos construir uma casa!
Vamos sair daqui!
Mergulhar com peixes elétricos.
Vamos de barco para uma ilha na costa?
Isso eu posso fazer.
Mas este mundo, este mundo todo,
A inércia e a mesmice, os diálogos,
Eu não posso fazer,
Porque não o quero
(Não me deixe aqui)
Vamos nos enfeitar de objetos.
Dormir. Dormir. Para sonhar.
Não tome nota.
Equilíbrio
E muita saudade.
Vida.
Não há o que dizer.
É isso ai.
"Cuidado com a cabeça!"
Não tome nota.
Eu sinto que sou transitivo,
Às vezes eu simplesmente
Não quero falar sobre nossa
Psicologia.
Fico farto.
Frequentemente penso
Como seria bom
Se todos pudessem
Ficar em silêncio.
Há vezes que desejo apenas
O teu silêncio, olhos, boca.
Aqui dentro não existe perfeição,
Só um poço com tantas im...
Nem psicologia, nem sentimentos.
Equilíbrio, mas,
Basta!
Venha comigo, é tudo que peço,
E vamos construir uma casa!
Vamos sair daqui!
Mergulhar com peixes elétricos.
Vamos de barco para uma ilha na costa?
Isso eu posso fazer.
Mas este mundo, este mundo todo,
A inércia e a mesmice, os diálogos,
Eu não posso fazer,
Porque não o quero
(Não me deixe aqui)
Vamos nos enfeitar de objetos.
Dormir. Dormir. Para sonhar.
Não tome nota.
Equilíbrio
E muita saudade.
Vida.
Não há o que dizer.
No quarto
... Numa atmosfera repentina e assustadoramente real, eu vi seu rosto colado com outro espelho. Uma experiência interessante para quem acabou simplesmente de ser bombardeado por milhões de duvidas. Em sua máxima expressão de amor, a ansiedade tornou-se uma porta de cor tênue e sombra leve, uma flecha, e eu devo procurar o alvo. Onde estará a chave para abrir essa porta? Onde estará a direção da flecha? Não sei, mas o corpo treme, treme, como se toda a imensidão dos astros esnobes e as constelações infinitas desabassem sobre a cabeça do meu indivíduo tão pequeno. Lembro que tudo é uma grande impressão, não existe. Um pequeno espaço de eternidade não é melhor nem pior que um grande espaço de eternidade. Vaidade. Largue mão, menino. Deixe o sonho de lado, começe a agir...
... Como saberei que meu sangue e carne, a minha carne que é finita, poderá nascer e crescer em outra pessoa, se não puder arriscar minha própria vida em nome dela? Como terei filhos se não aceitar que um dia eles irão morrer como eu... não é certo para mim pensar que uma vida dói tanto a ponto de eu querer impedir ele de viver, por um medo próprio de mim mesmo. Eu devo permitir a sua morte. A morte de todos os meus filhos. Não me preocupo com a superpopulação, tampouco com o fim do mundo. Apenas quero que nasça, de dentro para fora de mim, a vida e morte de outra pessoa, para poder viver e morrer também. Não julgo prejudicial a dor de meus filhotes. Que sofram tanto quanto eu e todo mundo...
... Como saberei que meu sangue e carne, a minha carne que é finita, poderá nascer e crescer em outra pessoa, se não puder arriscar minha própria vida em nome dela? Como terei filhos se não aceitar que um dia eles irão morrer como eu... não é certo para mim pensar que uma vida dói tanto a ponto de eu querer impedir ele de viver, por um medo próprio de mim mesmo. Eu devo permitir a sua morte. A morte de todos os meus filhos. Não me preocupo com a superpopulação, tampouco com o fim do mundo. Apenas quero que nasça, de dentro para fora de mim, a vida e morte de outra pessoa, para poder viver e morrer também. Não julgo prejudicial a dor de meus filhotes. Que sofram tanto quanto eu e todo mundo...
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Desordem
As ideias estão confusas. Feels like hell inside. Mas isso não é você, é o que você acha que é você. Ódio. Isso é normal, você está pairando numa órbita, aceite. Impossível compreender, impossível aceitar. Não tão impossível. O ódio é parte de mim, eu apenas estou evitando-o, isso é errado. Bem, não errado, mas também não é certo. Uma vez eu subi numa montanha maldita, e lá conversei com um velho. Ele me disse, "não diga". Eu não disse. Vê? Ele me deu um tapa na cara, tive tanto ódio que queria matar todas as pessoas que eu mais amo, no entuito de me destruir. Quis morrer. Mas agora eu percebo algo no ar.
Não são eles, não é nada, apenas tudo o que você é. Um hipócrita. Um pássaro que deseja ter asas maiores, e por não ter quer decepar as asas de todos do bando. Um vilão. Maldoso e apodrecido. Meu hálito é de sangue, com um aroma inconfudível de guerra. Uma guerra santa. Eu não sou feito de amor, não o tenho! Sofro e, neste exato momento, me assemelho mais do que nunca à uma hiena oportunista. Estou caíndo pelas paredes do castelo. Longe de casa, longe de tudo, tudo que possa trazer a vida à tona. Mas o que me prende nesta terra... o que me mistura à cal como um braço que derrete é essa busca por dizer tudo que sempre achei ser indizível. Conhecer o mundo e me foder à beça, como um cão sarnento, coberto de lama e vermes. Sinto que minha raiva é completamente por mim! Embora o extremo oposto de uma carga tão negativa, o meu amor, me diz: não se odeie tanto, odeie os outros. Foda-se. O nojo é a expressão da desordem. DESORDEM! ANARQUIA MENTAL! Explosivos depositados em tua orelha imunda e irreconhecível. Essa vala que me aparece no meio do caminho é o meu lugar, meu criatório de porcos, eu porco! Porco. Estúpido. Mesquinho. HIPÓCRITA. Surdo. Mudo. Diabo. Lixo.
"Desapega disso, garoto..."
"... Desapegou?"
"Sim, velho, agora desapeguei."
Não são eles, não é nada, apenas tudo o que você é. Um hipócrita. Um pássaro que deseja ter asas maiores, e por não ter quer decepar as asas de todos do bando. Um vilão. Maldoso e apodrecido. Meu hálito é de sangue, com um aroma inconfudível de guerra. Uma guerra santa. Eu não sou feito de amor, não o tenho! Sofro e, neste exato momento, me assemelho mais do que nunca à uma hiena oportunista. Estou caíndo pelas paredes do castelo. Longe de casa, longe de tudo, tudo que possa trazer a vida à tona. Mas o que me prende nesta terra... o que me mistura à cal como um braço que derrete é essa busca por dizer tudo que sempre achei ser indizível. Conhecer o mundo e me foder à beça, como um cão sarnento, coberto de lama e vermes. Sinto que minha raiva é completamente por mim! Embora o extremo oposto de uma carga tão negativa, o meu amor, me diz: não se odeie tanto, odeie os outros. Foda-se. O nojo é a expressão da desordem. DESORDEM! ANARQUIA MENTAL! Explosivos depositados em tua orelha imunda e irreconhecível. Essa vala que me aparece no meio do caminho é o meu lugar, meu criatório de porcos, eu porco! Porco. Estúpido. Mesquinho. HIPÓCRITA. Surdo. Mudo. Diabo. Lixo.
"Desapega disso, garoto..."
"... Desapegou?"
"Sim, velho, agora desapeguei."
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Ébrio
Até agora pouco, eu incomodava meus vizinhos. Mas não pude me conter. Estava ébrio como um vazio. Apaguei a luz, e no canto de meu quarto, às duas da madrugada, me pus a cantar minhas mais preciosas canções da vida. Pois é simplesmente nessa hora que eu precisava. Estava feliz, mas sabia que ao mesmo tanto estava triste. Pedi perdão ao vizinho incomodado que cutucava meu teto com sua varinha de condão. Eu não podia parar, não ate meu cigarro terminar. A gaita e o violão, no vão das paredes de meu quarto, traduziam todos os meus sonhos, minhas magoas, minhas mãos, meu sono.
Uma poesia breve se soltou na amplidão do universo. Eu pouco me preocupava se não tinha registrado num papel todos aqueles versos de amor. Mais vale para mim que eles sejam soltos no vácuo, e desconhecidos. Quem sabe um dia eu não me encontrarei com eles, num cometa incrivelmente belo e passageiro?
Quem sabe um dia, quando eu me for, estas palavras puras não sejam encontradas no espaço por minha vida, tão passageira quanto o próprio cometa? Estou ébrio e apaixonado, o que posso fazer? Palavras. Olhares no silêncio. Música. Prazer. Muito prazer em te conhecer.
Uma poesia breve se soltou na amplidão do universo. Eu pouco me preocupava se não tinha registrado num papel todos aqueles versos de amor. Mais vale para mim que eles sejam soltos no vácuo, e desconhecidos. Quem sabe um dia eu não me encontrarei com eles, num cometa incrivelmente belo e passageiro?
Quem sabe um dia, quando eu me for, estas palavras puras não sejam encontradas no espaço por minha vida, tão passageira quanto o próprio cometa? Estou ébrio e apaixonado, o que posso fazer? Palavras. Olhares no silêncio. Música. Prazer. Muito prazer em te conhecer.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Roteiro - Pierrôt e Colombina (Sambolero)
(Colocar música trilha sonora: Sambolero - Luis Bonfá)
Um pierrôt andava triste pelas calçadas. Não havia ninguém que ele pudesse amar. Ele queria impressionar alguém, queria risos. Mas na verdade existia sim alguém especial como ele, sem saber quem, ele sabia.
O sol da tarde projetava sombras doces sobre os pedestres. Então ele a vê, sentada num banquinho, aparentemente entristecida. Logo, como ele pode ver, ela estava apenas silenciosa. Uma linda colombina! Ele logo se apaixonou por sua formosura.
Ele estufa o peito de coragem! Sua expressão torna-se engraçada. Ele se apresenta e começa a se exibir para ela com alguns truques. Porém ela nem o percebe, continua silenciosa e indecisa.
Ele pensa, pensa e decide abordá-la, dessa vez com charme e sinceridade. Ele se ajoelha na frente dela, e com muita habilidade retira de dentro do peito o próprio coração, que pulsa freneticamente, e oferece-o a Colombina. Ela o rejeita. Levanta-se e sai visivelmente chocada com aquela demonstração. Ele fica sentado no banco, sozinho. Então retira das costas um trompete e começa a tocar um bolero.
Alguns momentos depois, passa em sua frente a mesma colombina por quem seu coração fora rejeitado. Coração que ainda se encontrava apertado em sua mão esquerda. Dessa vez, ela está acompanhada por um outro pierrôt, mais forte, alto e aparentemente vaidoso. Ela está fascinada. O nosso pierrôt decide segui-los.
Numa ponte, ele vê a colombina e o pierrôt arrogante trocando beijinhos. Ele espia arrasado por detrás de uma árvore! Então ele vê a colombina fazer o mesmo truque que aprendera com ele. Ela retira seu próprio coração e põe nas mãos do pierrot convencido.
Neste instante, duas lindas jovens devidamente vestidas para o baile da noite atravessaram a ponte. Não fizeram nem questão de esconder os sorrisinhos para o pierrôt metido, que ficou completamente alucinado. Sem notar o que estava segurando na mão, ele atira o coração da linda colombina no chão. Pede licença para ela sair de seu caminho e sai correndo atrás das duas jovens.
Aquilo foi demais para ela. O rosto delicado de flor manchou-se de lágrimas incessantes. Vendo seu coração no chão, espatifado como um objeto irregular sobre uma arca, ela começa a achar bem atraente a ideia de se atirar da ponte, mas logo desiste. Vira-se novamente para o coração murcho no chão e se abaixa lentamente para pegá-lo. Pouco antes de sua mão poder tocá-lo, outra mão surgiu e o capturou.
O pierrôt apaixonado apenas sorriu e estendeu a mão direita com o coração da colombina. Ela estica a sua mão, mas o que ela busca é o braço esquerdo do palhaço. Ela pega o coração dele com as duas mãos. Seu corpo já está perto demais do dele e ele suspira com aquele perfume rosa.
Os dois colocam de volta no próprio peito o coração do outro, e saem dançando e se abraçando pela ponte. Ele tira o velho trompete e toca para ela uma canção de amor, enquanto ela dança girando graciosamente. E assim atravessam a ponte.
Um pierrôt andava triste pelas calçadas. Não havia ninguém que ele pudesse amar. Ele queria impressionar alguém, queria risos. Mas na verdade existia sim alguém especial como ele, sem saber quem, ele sabia.
O sol da tarde projetava sombras doces sobre os pedestres. Então ele a vê, sentada num banquinho, aparentemente entristecida. Logo, como ele pode ver, ela estava apenas silenciosa. Uma linda colombina! Ele logo se apaixonou por sua formosura.
Ele estufa o peito de coragem! Sua expressão torna-se engraçada. Ele se apresenta e começa a se exibir para ela com alguns truques. Porém ela nem o percebe, continua silenciosa e indecisa.
Ele pensa, pensa e decide abordá-la, dessa vez com charme e sinceridade. Ele se ajoelha na frente dela, e com muita habilidade retira de dentro do peito o próprio coração, que pulsa freneticamente, e oferece-o a Colombina. Ela o rejeita. Levanta-se e sai visivelmente chocada com aquela demonstração. Ele fica sentado no banco, sozinho. Então retira das costas um trompete e começa a tocar um bolero.
Alguns momentos depois, passa em sua frente a mesma colombina por quem seu coração fora rejeitado. Coração que ainda se encontrava apertado em sua mão esquerda. Dessa vez, ela está acompanhada por um outro pierrôt, mais forte, alto e aparentemente vaidoso. Ela está fascinada. O nosso pierrôt decide segui-los.
Numa ponte, ele vê a colombina e o pierrôt arrogante trocando beijinhos. Ele espia arrasado por detrás de uma árvore! Então ele vê a colombina fazer o mesmo truque que aprendera com ele. Ela retira seu próprio coração e põe nas mãos do pierrot convencido.
Neste instante, duas lindas jovens devidamente vestidas para o baile da noite atravessaram a ponte. Não fizeram nem questão de esconder os sorrisinhos para o pierrôt metido, que ficou completamente alucinado. Sem notar o que estava segurando na mão, ele atira o coração da linda colombina no chão. Pede licença para ela sair de seu caminho e sai correndo atrás das duas jovens.
Aquilo foi demais para ela. O rosto delicado de flor manchou-se de lágrimas incessantes. Vendo seu coração no chão, espatifado como um objeto irregular sobre uma arca, ela começa a achar bem atraente a ideia de se atirar da ponte, mas logo desiste. Vira-se novamente para o coração murcho no chão e se abaixa lentamente para pegá-lo. Pouco antes de sua mão poder tocá-lo, outra mão surgiu e o capturou.
O pierrôt apaixonado apenas sorriu e estendeu a mão direita com o coração da colombina. Ela estica a sua mão, mas o que ela busca é o braço esquerdo do palhaço. Ela pega o coração dele com as duas mãos. Seu corpo já está perto demais do dele e ele suspira com aquele perfume rosa.
Os dois colocam de volta no próprio peito o coração do outro, e saem dançando e se abraçando pela ponte. Ele tira o velho trompete e toca para ela uma canção de amor, enquanto ela dança girando graciosamente. E assim atravessam a ponte.
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