Dias de maio.
Fúria.
Hálito após o ensaio.
Rubi no céu da boca.
Tua lua rebelde e louca,
Sã e pouca,
Fosso que caio
Quando o prazer cobre
A dor espúria,
À carne transpira nua,
Rouca.
Derrama cabelos frágeis,
De tua nuca
Chorando em mim,
Sulcam com poucas
Pétalas de ópio
A seda dos seios carmim,
Dourada de noite.
Ao final,
Soprou, cedeu e adormeceu
Enfim,
Lagrimada de sal.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
terça-feira, 19 de maio de 2009
Verso
Ande por caminhar,
Estacione na vaga.
Desistir se o caminho
É desistente?
Este verso não diz
Absolutamente nada,
Esse verso sente.
Estacione na vaga.
Desistir se o caminho
É desistente?
Este verso não diz
Absolutamente nada,
Esse verso sente.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Centro
Há o ato do tempo
Nos pingos de tinta
Dos sinos que abrigam o silêncio.
Quebrando às águas do vento
Ao final da vida sucinta
O que mente a espuma de dentro.
E nem que o fruto se ressinta
Será suspensa a razão do centro
Quando de uma mãe a outra desminta.
Serei para sempre atento
Ao sol do dia que brilha
Enquanto sugar-me ar adentro.
Nos pingos de tinta
Dos sinos que abrigam o silêncio.
Quebrando às águas do vento
Ao final da vida sucinta
O que mente a espuma de dentro.
E nem que o fruto se ressinta
Será suspensa a razão do centro
Quando de uma mãe a outra desminta.
Serei para sempre atento
Ao sol do dia que brilha
Enquanto sugar-me ar adentro.
domingo, 29 de março de 2009
quinta-feira, 26 de março de 2009
Canção Distraída
Como a noite você dança
Ao redor de mim balança
Com suas tranças esquecidas
E sua bolsa de marfim
Sobre o palco que é o chão
A eterna serenata diz não
Há uma ponte sobre as lágrimas
Que chovem sem fim
E ultrapassa os automoveis
E essa estrada segue as nuvens
Do seu arco de estrelas
Do seu quarto cor de carmim
E o seu morno travesseiro
De sua nuca tem o cheiro
Atravessa-me inteiro
Como um galho de jasmim
Ao redor de mim balança
Com suas tranças esquecidas
E sua bolsa de marfim
Sobre o palco que é o chão
A eterna serenata diz não
Há uma ponte sobre as lágrimas
Que chovem sem fim
E ultrapassa os automoveis
E essa estrada segue as nuvens
Do seu arco de estrelas
Do seu quarto cor de carmim
E o seu morno travesseiro
De sua nuca tem o cheiro
Atravessa-me inteiro
Como um galho de jasmim
domingo, 15 de março de 2009
Colheita
Eis em meu ver a era de vênus
E o inseto sabor de veneno.
Eis os capricórnios sinos.
Pontes sensuais de três lados.
Cabelos cristalinos.
Barco de espelhos naufragado.
Arco de universo em expansão.
Meu universo em contração.
Eis os versos da canção
Sobrevoando as ébrias
Éguas de azeite e cereja.
Surge o mamilo da flor de leite,
Surge enquanto fulge, enquanto dure,
Enquando deite!
E o inseto sabor de veneno.
Eis os capricórnios sinos.
Pontes sensuais de três lados.
Cabelos cristalinos.
Barco de espelhos naufragado.
Arco de universo em expansão.
Meu universo em contração.
Eis os versos da canção
Sobrevoando as ébrias
Éguas de azeite e cereja.
Surge o mamilo da flor de leite,
Surge enquanto fulge, enquanto dure,
Enquando deite!
terça-feira, 3 de março de 2009
Beija
Lábios
de mulher
Ameixa
flor de mel
Morna
saliva de rosa.
Prazer de café
aroma
Mulher de pérola
seda
Desliza frágil
a onda.
de mulher
Ameixa
flor de mel
Morna
saliva de rosa.
Prazer de café
aroma
Mulher de pérola
seda
Desliza frágil
a onda.
Um pensamento...
Meu espírito ardente
Defronta-se com o espelho
De minh'alma
Que belamente, de repente
Reflete os dois lados
Da lente de meus olhos.
Defronta-se com o espelho
De minh'alma
Que belamente, de repente
Reflete os dois lados
Da lente de meus olhos.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Aos Beat Batentes
Eis os cíclicos homnídeos. Peças de argila bascas,
Ébrias da nevasca Dantesca, toscas.
E o verde das folhas e o aço das cascas,
Flutuam nas nuvens Beatnick de Boston.
Já que quero o alcool, de cara,
Kerouac quer o ópio do bico da arara
Onde toca o Carnaval de girinos e tâmaras
Quebrando o tempo e o véu das mascaras.
Ouça o chamado dos babuínos d'aurora
Em chamas de limbo e de erva sonora
O lírio da montanha rompe, sobrevoa, demora, e... e...
E morre na noite onde a lua mora.
O vinho é a hora, e a cor do sangue sangra.
Chá de Ginseng para Ginsberg, e mantra.
O manto de madeira rola sobre Burroughs
E o não-materialismo das poltronas de Clélio.
Espanto a todos os malditos não nascidos,
Que virão depois de mim, perpetuar a maldição.
Que saibam, são eles todos merecidos
Do licor dos versos que provoca solidão.
Ébrias da nevasca Dantesca, toscas.
E o verde das folhas e o aço das cascas,
Flutuam nas nuvens Beatnick de Boston.
Já que quero o alcool, de cara,
Kerouac quer o ópio do bico da arara
Onde toca o Carnaval de girinos e tâmaras
Quebrando o tempo e o véu das mascaras.
Ouça o chamado dos babuínos d'aurora
Em chamas de limbo e de erva sonora
O lírio da montanha rompe, sobrevoa, demora, e... e...
E morre na noite onde a lua mora.
O vinho é a hora, e a cor do sangue sangra.
Chá de Ginseng para Ginsberg, e mantra.
O manto de madeira rola sobre Burroughs
E o não-materialismo das poltronas de Clélio.
Espanto a todos os malditos não nascidos,
Que virão depois de mim, perpetuar a maldição.
Que saibam, são eles todos merecidos
Do licor dos versos que provoca solidão.
domingo, 28 de dezembro de 2008
Manhã de Lua
"Aperte, então, forte, minha mão.
Tão perto, perto assim.
Colorido azul, como irmão:
Eu de você, você de mim.
Como cor de camaleão,
Até o chão, chovendo marfim,
A doce pele de teu seio
Vez em quando, sempre, em mim.
Bruta Lua, repleta de canção,
És a presença da pureza.
Essa prata lua de manjeiricão,
Como aroma da morte, com delicadeza.
Tú, Lua linda, mais profunda que tu mesma,
Sobrevoa a janela da manhã,
Derrama-me imenso mel de tristeza,
Inesquecível, como sabor de maçã."
João Miguel, 09/12/08
Tão perto, perto assim.
Colorido azul, como irmão:
Eu de você, você de mim.
Como cor de camaleão,
Até o chão, chovendo marfim,
A doce pele de teu seio
Vez em quando, sempre, em mim.
Bruta Lua, repleta de canção,
És a presença da pureza.
Essa prata lua de manjeiricão,
Como aroma da morte, com delicadeza.
Tú, Lua linda, mais profunda que tu mesma,
Sobrevoa a janela da manhã,
Derrama-me imenso mel de tristeza,
Inesquecível, como sabor de maçã."
João Miguel, 09/12/08
A Atriz
"Se eu fosse você provaria o nada
Ou ao menos aprenderia a levitar.
Não há morte, nem estrela que lhe diga:
Seu sabor é oliva, ou apenas sangue de luar.
Suprema. Pedra, fogo, tanto faz.
Não há canção que tua voz desafie o Sim,
Nem vazio, nem oceano de lágrima fugaz
Que não toque teus olhos em mim.
Do centro do ser ao palco de madeira
Tua nuca compõe o certo paladar do doce,
O samba dos tristes amores d'amoreira,
O aroma do quando. Esqueço o sobre.
Nem o tempo, inimigo do errado amor
Pode caminhar sobre ti, ele desiste.
O véu do choro é teu amigo maior,
O nunca, o nada, perto somente insiste.
Teu caminho é caminhar."
Com carinho, John.
Ou ao menos aprenderia a levitar.
Não há morte, nem estrela que lhe diga:
Seu sabor é oliva, ou apenas sangue de luar.
Suprema. Pedra, fogo, tanto faz.
Não há canção que tua voz desafie o Sim,
Nem vazio, nem oceano de lágrima fugaz
Que não toque teus olhos em mim.
Do centro do ser ao palco de madeira
Tua nuca compõe o certo paladar do doce,
O samba dos tristes amores d'amoreira,
O aroma do quando. Esqueço o sobre.
Nem o tempo, inimigo do errado amor
Pode caminhar sobre ti, ele desiste.
O véu do choro é teu amigo maior,
O nunca, o nada, perto somente insiste.
Teu caminho é caminhar."
Com carinho, John.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
O Dia
Hoje minha vida,
Sob um escombro,
Sobe, da solar
Indulgência, o ombro.
Noite entardecer breve,
Ainda que não na vida.
Na vida apenas emudece
O olhar contrário à saída.
Imorais pensamentos da sonolência
Quem, afinal, criticará a impermanência?
Frágil certeza dos Santos alimento.
Donos do futuro, lendários gerentes do tempo.
Hoje é o dia, dia negro;
Não à trevas, à pele.
Acordes soando adentro,
Eclipse musical do mundo.
Minhas palavras não são palavras.
Este verso não existe, apenas no não supremo.
Desista se o caminho é desistente.
Este verso não diz absolutamente nada,
Este verso sente.
Sob um escombro,
Sobe, da solar
Indulgência, o ombro.
Noite entardecer breve,
Ainda que não na vida.
Na vida apenas emudece
O olhar contrário à saída.
Imorais pensamentos da sonolência
Quem, afinal, criticará a impermanência?
Frágil certeza dos Santos alimento.
Donos do futuro, lendários gerentes do tempo.
Hoje é o dia, dia negro;
Não à trevas, à pele.
Acordes soando adentro,
Eclipse musical do mundo.
Minhas palavras não são palavras.
Este verso não existe, apenas no não supremo.
Desista se o caminho é desistente.
Este verso não diz absolutamente nada,
Este verso sente.
O não-poema da ilusão
Ser ilusão.
Ser ilusão.
-Hum, curioso.
-Tem sabor de ossos de ente.
O ser ilusão transpira ilusão,
E seu suor... tem um aroma pungente.
Explicação da ilusão,
Será o sabor da mente?
Ser a alça, borda, mentira?
Como a morte de uma Rosa, eternamente.
Como a eterna Rosa,
Ilusória Rosa da morte,
A não-ilusão existe,
Certamente não se sente.
Absurdamente não se ilude.
A não-desilusão não se desilude.
Não vive, pois não nasce.
Não cobra, pois não morre.
A ilusão apenas socorre. "
Ser ilusão.
-Hum, curioso.
-Tem sabor de ossos de ente.
O ser ilusão transpira ilusão,
E seu suor... tem um aroma pungente.
Explicação da ilusão,
Será o sabor da mente?
Ser a alça, borda, mentira?
Como a morte de uma Rosa, eternamente.
Como a eterna Rosa,
Ilusória Rosa da morte,
A não-ilusão existe,
Certamente não se sente.
Absurdamente não se ilude.
A não-desilusão não se desilude.
Não vive, pois não nasce.
Não cobra, pois não morre.
A ilusão apenas socorre. "
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Esfínge
Sinto o gosto amêndoa em meu palato alto,
Reluzindo suas abóbadas, pele de ouro.
Sonhando queimar-te de dor, meu tesouro,
Meu coração já derrete seu salto.
Demasiado sabor asfixiado, firme em minhas mãos,
Dono dos aromas turcos enterrados n'areia,
Teu corpo explícito e diamante, explode!
Como pode? Derrama, em demasia, poeira.
Amo e detesto esta esfínge, de cabelos fáceis e negros.
Cheguei até a provar teu seio. Pobre de mim, fraquejo.
Por que sonho? Por que vejo-te, por que quero-te,
Dor que sustento, esqueço, o olhar?
Reluzindo suas abóbadas, pele de ouro.
Sonhando queimar-te de dor, meu tesouro,
Meu coração já derrete seu salto.
Demasiado sabor asfixiado, firme em minhas mãos,
Dono dos aromas turcos enterrados n'areia,
Teu corpo explícito e diamante, explode!
Como pode? Derrama, em demasia, poeira.
Amo e detesto esta esfínge, de cabelos fáceis e negros.
Cheguei até a provar teu seio. Pobre de mim, fraquejo.
Por que sonho? Por que vejo-te, por que quero-te,
Dor que sustento, esqueço, o olhar?
Palavra
Amo-te tanto.
Teu ser, meu encanto.
Versos do amor cotidiano.
Versos do que nunca se vê:
Estes que agora canto
Por ti são de todo meu querer.
Resta perceber o enquanto,
A verdade, o sabor do prazer.
Ver as cores inverno nas flores.
Compartilhar a vaidade das árvores.
Banhar-se sob a Lua tão brilhante e trágica.
Amo-te no lento caminhar do velho
E no azul intolerável
De uma pétala de céu.
Cheiro de mato molhado.
Seu filho adormeceu.
Num supremo caminhar viver,
E alcançar, enfim, o nada.
Amo-te tanto, meu amor,
Palavra.
Teu ser, meu encanto.
Versos do amor cotidiano.
Versos do que nunca se vê:
Estes que agora canto
Por ti são de todo meu querer.
Resta perceber o enquanto,
A verdade, o sabor do prazer.
Ver as cores inverno nas flores.
Compartilhar a vaidade das árvores.
Banhar-se sob a Lua tão brilhante e trágica.
Amo-te no lento caminhar do velho
E no azul intolerável
De uma pétala de céu.
Cheiro de mato molhado.
Seu filho adormeceu.
Num supremo caminhar viver,
E alcançar, enfim, o nada.
Amo-te tanto, meu amor,
Palavra.
Nota
O quinto intervalo
Do flajelo desolado
Esconde-se nos escombros,
Nos sombrios assovios,
A frequência incansável.
Esta nota líquida,
Esta nota sem som,
Este som de nata,
Saculeja,
Quilombola de pele preta,
Esculacha.
Equilíbra.
Este som,
Sem som,
Sem si,
Sem vida.
Do flajelo desolado
Esconde-se nos escombros,
Nos sombrios assovios,
A frequência incansável.
Esta nota líquida,
Esta nota sem som,
Este som de nata,
Saculeja,
Quilombola de pele preta,
Esculacha.
Equilíbra.
Este som,
Sem som,
Sem si,
Sem vida.
A Fuga
O Segredo de esquecer
Vive num tronco forte.
Meus versos, duros como viver,
Furam-no como a morte.
Em que floresta ou estrela esquecida
Estão os dedos de marte?
Quem eleva, releva:
Pesar e dor, antes que te mate.
Sabor de pele quente.
Saliva doce, mestiça.
Meu poema guarda o que sente
Meu rosto repleto de brisa.
Louca manhã de Lua.
Suco de prata, pêras e fresas.
Em teu corpo meu músculo flutua,
Despe-se, e foge com a Lua às pressas.
E vai...
E vai...
Esvai...
Esvai...
Vive num tronco forte.
Meus versos, duros como viver,
Furam-no como a morte.
Em que floresta ou estrela esquecida
Estão os dedos de marte?
Quem eleva, releva:
Pesar e dor, antes que te mate.
Sabor de pele quente.
Saliva doce, mestiça.
Meu poema guarda o que sente
Meu rosto repleto de brisa.
Louca manhã de Lua.
Suco de prata, pêras e fresas.
Em teu corpo meu músculo flutua,
Despe-se, e foge com a Lua às pressas.
E vai...
E vai...
Esvai...
Esvai...
Espetáculo
Entalo em talos estalos estátuas
Que esmagam e esmurram
Escarros de água de ralo,
De casca de calo,
Do júbilo D'esparta
Espadas, estacas,
E lâmpadas, ábacos,
Aço de plástico
Planando acrobático
Girando pneumático
Brandindo escarláticos
Rubores apáticos
De odor acreático
Soprando sinérgicos
Sopranos sarcásticos
Sem seu brilho
Sem seu cílio
Sem seu siso
Sem ser seu
Sem ser
Sem tecido
Ou sem
Ter
Sido...
Que esmagam e esmurram
Escarros de água de ralo,
De casca de calo,
Do júbilo D'esparta
Espadas, estacas,
E lâmpadas, ábacos,
Aço de plástico
Planando acrobático
Girando pneumático
Brandindo escarláticos
Rubores apáticos
De odor acreático
Soprando sinérgicos
Sopranos sarcásticos
Sem seu brilho
Sem seu cílio
Sem seu siso
Sem ser seu
Sem ser
Sem tecido
Ou sem
Ter
Sido...
Sopro
Contos de colírios
De colibrís à brisa
Em brasa, jovem flor
Deflagra a luz cinza.
Lágrimas pendulam da Lua
De tua rósea maçã sofrida
E teu seio ruivo, esfera de leite,
Nos poros de aroma da vida.
Da prata escorre meu pranto.
A claridade alforria meu septo.
De um cérebro tênue como um boto,
Brotam meus filhos decrépitos.
A sola da boca, a toca da noite,
Mecantam delírios de poucos açoites
E floram na rua e faunam distantes
Em sopros silentes, supremos, amantes.
De colibrís à brisa
Em brasa, jovem flor
Deflagra a luz cinza.
Lágrimas pendulam da Lua
De tua rósea maçã sofrida
E teu seio ruivo, esfera de leite,
Nos poros de aroma da vida.
Da prata escorre meu pranto.
A claridade alforria meu septo.
De um cérebro tênue como um boto,
Brotam meus filhos decrépitos.
A sola da boca, a toca da noite,
Mecantam delírios de poucos açoites
E floram na rua e faunam distantes
Em sopros silentes, supremos, amantes.
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