domingo, 17 de agosto de 2008

Uno

Estou sujeito a escrever trevas
Sobre papéis de nuvem e névoa.
Utilizo um elemento de força sólida
Um tinteiro de matéria humana em estado puro,
Que concilía teus negros universos
Á pura delicadeza de sentir-se um sopro
Ou uma sensação momentânea de que o presente
É um desdobramento de um tempo silente
Mas oportuno. Aceitar todas as infinitas
Possibilidades de trilhagem, sentir teu espírito
vagar sobre tua pele...
Posso tudo, afinal.
Posso escrever sobre tudo,
E tudo faz parte do meu universo.
Posso divagar a lua em canções flamencas.
Posso até tornar-me flor de pólen elegante,
E colorir todas as paredes do mundo com mais de mim.
Posso devorar insetos, lamber restos de chão.
Posso conformar-me que sou simplesmente imprevisível,
Enquanto cobro do meu frágil corpo
Eloquência, orgulho de qualquer coisa que afaste dor.
Diamantes malditos. Creio que um dia poderei fazê-los calar.
Ser poeta é ser imprevisivel.
É brilhar!
Tenho em mim todo sentimento do mundo.
E não culpem a mim, mas a ele.
Tenho carlos nos pés e mãos.
Tenho uma infantaria de gracejos obcenos
E pouco tempo para ser avesso e glória.
Ser apenas o que vier de encontro...
E boa memoria.

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