terça-feira, 12 de agosto de 2008

Deserto

Isto é mais um sussurro contemplativo.
Nele direi que recebi um prêmio valioso
Para recarregar com ira e gozo
O tormento vulgar da folha de meu crânio,
Que flui sonolento sobre o mesmo casco,
Mesmo cesto que proponho-me aqui elogiar
Através destes versos acesos
No perene insignificado das coisas.

Surpreendente tíbia de minha velocidade.
Metálicos e temperamentais navios cargueiros
Despedem-se, desgastados por minha humanidade
Que insiste em aflorar ao avesso
Quando sinto-me defronte a porta contrária da vida.

Essa humanidade da qual sou constituido
Sucumbe aos meus desejos
De (que delícia!) saborear como um doce sumo,
Levitar como uma nuvem de vento,
A terrível emoção e extravagância,
A permanente e flamejante exuberância
De constantemente
Testar-me.
Fuzilar-me.

Numa parede de terra insípida,
Frente aos quadros e ramos
Da árvore principal
Feminina,
Beijei-a.
Eu a observava.
Descrevia o tom que sua nuca transpirava
Trovões e teias. As ondulações negras e
Bem reverênciadas pela fragrância de sua noite
Contemplavam a singela sinfonia divina de seus olhos.

Concordo que música naquele instante
Soprava ventos quentes que em meu rosto,
De repente, soletravam notas de mulher tímida
Contra a presença térmica dos aromas.

Foi onde brotaram,
Fantasticamente,
Como água nascente,
Camaleões de adeus.

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