sexta-feira, 17 de julho de 2009

rio que Rilke riu

Eu não me aguento, não me quero.
Não posso me levar.
Toda esta fumaça, este inferno,
Esta beleza perdida e despedaçada,
Esse caos em meu sangue.
Fuligens cotidianas.
Sempre dentro, sempre fora.
Palco de sucesso e derrota: meu peito.
Serão estas cenas palavras de poesia?
Poesia. Túnel de rosa, luz de vento,
Irmã mais pura da esquizofrenia.
Ninguém mais está a salvo.
Morram todos em tempo lento,
Ou tornem-se flechas, ao invés de alvos.
Praga, prole, punho, puta, PARA!
Salva-vidas não flores de forma alguma!
Não flores salvar nada além de si!
Alma penada, sofredor divino!
Interrompa esta chaga,
pátria, prata, hino!
Vai te embora filho do desejo.
Vá e não volte tão cedo.
Abre-te como um pássaro ingênuo.
Não cante além de mim!
Vontade de socar o mundo
Com toneladas de filosofia imunda.
A limpeza é triste,
E o homem que muito sorri
É que guarda muita tristeza em si,
Como um rio enorme que vive,
E morre aos poucos enquanto resiste.
RESISTE!

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